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sexta-feira, 19 de abril de 2024

ARTIGO: Ganhos, perdas e danos do Gigante Despertado

13/12/2013 11h09 – Atualizado em 13/12/2013 11h09

Maria Manuela Alves Maia

Passados alguns meses das manifestações que pararam diversas capitais no Brasil todo e com a poeira já baixada, este é o momento ideal para se fazer um balanço do que realmente os movimentos do Gigante Despertado deixaram de legado para o nosso país e uma reflexão mais pé no chão de tudo o que aconteceu. O que podemos ver na prática é que algumas conquistas foram alcançadas e outras estão bem longe de virar realidade.

Sabemos que vivemos em uma sociedade que tem processos ideológicos estruturados. Nossa constituição completou 25. A jovem democracia brasileira produziu bons resultados, como a estabilidade da moeda, inclusão social, aumento da renda e ascensão econômica de milhões de pessoas. No entanto, há numerosos problemas persistentes, como a criminalidade, a corrupção, a impunidade e uma descrença das instituições, que desencadearam reação popular com foco múltiplo. Foram movimentos que se espalharam nacionalmente, numa grande onda de protestos, muitos deles permeados de violência por parte de alguns manifestantes. Questionou-se, então, a origem e atuação de grupos como os Black Blocks.

Infelizmente, durante esse processo em busca da livre expressão e em prol da democracia, símbolos do capitalismo foram atacados e destruídos como forma de resistência ao coletivismo. Isso gerou uma sensação de ruptura na sociedade. Vale lembrar que nada tem a ver com o anarquismo, que não busca a pluralidade de objetivos e nem a fragmentação de categorias e classe social.

Além de não termos nenhum resultado satisfatório, ainda há o perigo de se acabar com o resto da energia ideológica capaz de reunir propostas, construir e defender objetivos e transformações políticas. Afinal, não houve uma negociação e o Estado impôs-se pela força policial. Por outro lado, as manifestações resultaram num processo muito válido de crítica e reflexões. Nesse contexto, todos os ganhos são legítimos. Os movimentos legais da sociedade devem estimular o diálogo e a discussão, sempre sob a meta prioritária de preservação da democracia.

Maria Manuela Alves Maia é professora de Sociologia do curso de Direito da Faculdade Mackenzie Rio e doutora em Ciências Sociais pela UFRJ.

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