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domingo, 19 de maio de 2024

ARTIGO: O crescimento florestal de Mato Grosso do Sul: quem ganha com isso?

01/04/2013 11h31 – Atualizado em 01/04/2013 11h31

Alex Melotto

Duvido que haja sequer um sul-mato-grossense viajante que nunca tenha se deparado com uma bela plantação de eucalipto aqui ou acolá. O aumento da área plantada com florestas é uma verdade absoluta em nosso estado. Grandes maciços surgem como que por mágica no horizonte quando viajamos para Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo ou Água Clara. A área plantada saltou de 300 mil hectares em 2006 para mais de 600 mil hectares em 2012. Crescimento de 22% ao ano, muito acima da média nacional. Somente em 2012, mais de 600 milhões de reais foram investidos no setor.

Árvores pujantes carregam consigo empresas da mesma magnitude, grandes equipes, máquinas a cada dia mais modernas, eficientes e seguras. Migram para os estados prestadores de serviços ligados ao reflorestamento, produtores de mudas, fábricas de insumos e outros. Estes são fatos óbvios, mas, além do horizonte maciço, o que temos?

Sabe-se que a maior parte do crescimento florestal é através das grandes empresas, chamadas de “Empresas Âncora”. Seguem o seu avanço um grande número de empresas por ela atraídas para o estado para oferecerem também seus produtos e serviços aos reflorestadores independentes e aos pequenos plantadores de florestas, os quais finalmente têm acesso a mudas de qualidade, insumos florestais, assistência técnica especializada e até mesmo colheita florestal tercerizada, realidade recente em Mato Grosso do Sul.

Desta forma, agricultores e pecuaristas podem ter suas áreas integradas com florestas nossistemas silvipastoris ou agrossilvipastoris, podendo contar com serviços de qualidade. O plantio florestal não será mais um “teste” ou “experiência”, e sim um investimento em uma lavoura de árvores, que será plantada, manejada e colhida com alta qualidade.

Inventores de garagem tornaram-se fabricantes de equipamentos florestais, um mercado que depende exclusivamente da capacidade de criar que cada serralheiro ou metalúrgico tem. Construindo novos ou adaptando antigos implementos utilizados na agricultura temos subsoladores, sulcadores, carretas pipa, distribuidores de fertilizantes e muitas outras máquinas outrora chamadas de engenhocas agora sendo comercializadas para todo o Brasil made in Pantanal-MS.

Além disso, as reflorestadoras são largamente fiscalizadas e buscam incansavelmente e certificação florestal, principalmente os selos FSC ou PEFC. Portanto é necessário que estas tenham boas condições de trabalho para seus funcionários, resultando em emprego de qualidade para um grande número de homens e mulheres que têm suas oportunidades de crescimento pessoal e profissional nas pequenas mudas de eucalipto.

Para o meio ambiente, as áreas florestais são, simplesmente, florestas intocadas por pelo menos cinco anos. Durante este período, servem como abrigos constantes para a fauna, locais de reprodução para aves e grandes corredores de biodiversidade. Também por este período, o solo fica completamente protegido, recebendo ano após ano camadas de folhas e galhos que são grandes tapetes de matéria orgânica pronta a reciclar seus nutrientes no sistema.

O estado está no centro dos holofotes silviculturais do mundo. As mudanças e oportunidades são diárias e depende de cada cidadão saber aproveitá-las. Afinal, quem corta sua própria lenha, é aquecido duas vezes (Henry Ford).

Alex Melotto é biólogo (UCDB, 2006), especialista em gestão e manejo ambiental em sistemas florestais (UFLA, 2008), mestre em biologia vegetal (UFMS, 2010) e doutorando em agronomia (UFGD). Pela Fundação MS, atua como pesquisador do setor Sistemas Integrados.

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