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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Nossas essências

25/11/2015 16h24 – Atualizado em 25/11/2015 16h24

(*) Sidnei Ramos

Em algum lugar no tempo que passou, perdemos parte de nós. Graças a esta desatenção, tornamo-nos frios, avessos e insensíveis. Vivemos atropelados pelo relógio, reuniões que se emendam, compromissos inadiáveis, dois celulares, alguns grupos de whatsapp, muito acesso à informação e pouco uso dos conhecimentos para o bem comum.

A dificuldade em transformar em combustível os reveses da existência, já não podem mais serem usadas como justificativa para tanto desleixo ao próximo. As modelagens de pensamentos atuais são tão imediatistas que a lama que vazou semanas atrás já é passado esquecido. A cultura americanizada dos Brasileiros deixou para trás, talvez, o que os americanos tenham de melhor: o patriotismo.

Inúmeras postagens tratavam o atentado de Paris como acontecimento irreversível, trágico e dolorido e, óbvio, que foi. Mas, e o Rio Doce que se tornou Rio da Lama? E os nossos vizinhos brasileiros que dependiam daquele recurso hídrico para viverem – seja pela água potável, seja pelos pescadores – nada a dizer sobre eles? O desastre com proporções ainda desconhecidas é tratado com uma sutileza de dar arrepios. Os especialistas mais otimistas apontam uma década para que o rio possa ser vivo novamente e os Brasileiros…chorando por Paris. De novo reforço, temos sim que nos indignar com tantos desmandos, erros, falhas, mortes sem justificativa, mas jamais devemos deixar de lado quem está perto.

Já parou para pensar que o JN todos os dias fala das mortes na faixa de Gaza? Não, né?! Porque já se tornou comum, não é ponto turístico, não é aclamada por turistas, nem nos é empurrada goela abaixo pelo cinema e pela televisão. No entanto, continuam sendo vidas, elas permanecem sendo pessoas.

Ainda bem que existem aqueles atentos sempre, que se esforçam, que tentam, que arriscam. Vi pessoas realizando pequenos movimentos, solicitando ajuda, doando o que podem e a estes há uma admiração ímpar por tais atitudes. Talvez, o país dos sonhos não exista, entretanto é possível mudar, começando em nosso bairro, nossa cidade, nos estados e no governo federal. As mudanças não acontecem da noite para o dia, mas a luta – em escala – deve ser diária. Assim, quem sabe possamos ser patriotas não só em copas do mundo.

Contamine com o bem, lute por algo bom. Não precisa conquistar esta vitória em milhares de pessoas, basta que em uma, afinal, como uma cerimônia muito sábia já orientou: “(…)Se puder fazer esta luz brilhar sobre outra pessoa, se puder penetrar nas profundezas mais recônditas de sua alma e acender a chama que ali está (…).”, nossos objetivos serão alcançados.

(*) Sidnei Ramos

Jornalista

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