27.2 C
Três Lagoas
quinta-feira, 28 de março de 2024

Como influência de Andrés esvaziou gestão Roberto de Andrade no Corinthians

11/01/2017 14h39

Embora seja uma hipótese ventilada por aliados e adversários de Andrés, a imposição para que Roberto de Andrade se licenciasse

Da Redação

O superintendente de marketing Gustavo Herbetta se desligou do Corinthians na última segunda-feira e se tornou mais um entre os dirigentes da gestão Roberto de Andrade a se retirar do clube. Não apenas no caso dele, mas no de uma série dos dissidentes está em comum a influência do ex-presidente Andrés Sanchez como um dos pontos importantes.

Na mesma tarde em que Herbetta se retirava do Parque São Jorge, Andrés, acompanhado de aliados como o vice-presidente André Luiz de Oliveira, se reunia com Roberto para propor mudanças que aumentariam a paz política do Corinthians e sua própria influência. Especificamente, que Luís Paulo Rosenberg assumisse o marketing e a condução da Arena Corinthians, que Raúl Correa virasse o novo diretor financeiro e que ele próprio, Sanchez, fosse colocado no comando do futebol.

Embora seja uma hipótese ventilada por aliados e adversários de Andrés, a imposição para que Roberto de Andrade se licenciasse do cargo não foi feita pelo ex-presidente. Ainda assim, a movimentação de Sanchez foi interpretada por uma série de conselheiros como a tentativa de retomar o poder do clube. O que passou, inicialmente, pelo esvaziamento da gestão de Roberto.

O ESVAZIAMENTO DO FUTEBOL

Em fevereiro de 2015, Roberto de Andrade assumiu o clube e designou Sérgio Janikian como diretor de futebol. Nome surpreendente à época, ele foi escolha pessoal do presidente, orientado por Luiz Alberto Bussab, e aceito pelo grupo de Andrés Sanchez e André Luiz porque não tinha condições de virar candidato, pois não era conselheiro.
Além de se colocar acima como superintendente de futebol, um cargo não previsto no estatuto do Corinthians, Sanchez designou Eduardo Ferreira como diretor adjunto. O tempo de convivência e de bom relacionamento entre Janikian e Ferreira, porém, foi curto.

Sérgio sofreu com interferências de Andrés e com ataques feito por seu grupo, nos bastidores. Certa vez, chegou a ser destratado pelo ex-presidente diante de funcionários e empresários no CT Joaquim Grava. Janikian também reclamou, internamente, de não possuir qualquer tipo de autonomia para a função que havia recebido de Roberto. Pressionado por torcidas organizadas e pelo grupo de Sanchez, o presidente optou pela saída do diretor menos de seis meses após a posse.

Após isso, Eduardo Ferreira ganhou espaço, participou diretamente de contratações como do zagueiro Balbuena e do centroavante Gustavo e também virou homem de confiança de Roberto de Andrade. Porém, contrário à vinda de Oswaldo de Oliveira, resolveu se desligar do cargo no momento de maior pressão sobre o presidente. Edu se considerou traído por Roberto e por Alessandro, que contrataram o treinador sem comunicar a ele. A saída teve a concordância de Andrés Sanchez, que apoiou Ferreira publicamente.

O RACHA NAS DIVISÕES DE BASE

A escolha de José Onofre Almeida para comandar a base foi compartilhada entre Roberto e Andrés. Embora o ex-presidente tenha se envolvido muito pouco com o departamento amador, uma de suas atribuições como superintendente era o comando do setor. A gestão Onofre, porém, foi marcada por um escândalo que envolveu dois grandes aliados de Sanchez.

O empresário americano Helmut Niki Apaza acusou o conselheiro Mané da Carne e o então gerente da base Fábio Barrozo de terem praticado um golpe contra ele. Manoel Evangelista, o Mané, é padrinho político de Andrés e integrou seu gabinete de deputado federal. Já Barrozo deixou o Corinthians após o episódio, mas foi trabalhar no Tigres-RJ. Espécie de filial corintiana, o clube é comandado pelo deputado Washington Reis, amigo de Sanchez em Brasília.

Hoje, a base é comandada por Fausto Bittar Filho, este sim escolhido somente por Roberto de Andrade, que designou a saída de Onofre.

O ADVOGADO DA ARENA

Sem aparições públicas, o advogado Paulo Molina é uma figura crucial para o contexto político atual do Corinthians. Então responsável pela Arena, o renomado escritório Machado Meyer foi substituído pelo escritório de Molina, que costuma se dizer amigo de infância de Andrés Sanchez. O ex-presidente foi responsável pela indicação de Molina, que se tornou espécie de ‘dono’ do estádio, onde firmou contratos, tem controle total sobre o acesso de pessoas e emplacou seu próprio escritório como responsável por auditar as obras da Odebrecht.

As ações de Molina foram determinantes para as saídas do diretor jurídico Rogério Mollica e do superintendente de marketing Gustavo Herbetta. No caso do primeiro, pesou a insatisfação de não participar de nenhuma questão referente à Arena. Bastante próximo a Roberto, Mollica ficou à margem do advogado escolhido por Andrés.

Já Herbetta e Molina tiveram diferenças importantes na negociação que praticamente consumou os naming rights da Arena, mas que acabou por não se concretizar na fase final, com os contratos já elaborados. A mesma empresa que negociava pelo nome do estádio, a Apollo Sports, ainda assim assumiu patrocínio na camisa do Corinthians, o que não foi bem recebido por Paulo Molina e pelo ex-presidente Andrés Sanchez. Gustavo Herbetta se cansou das interferências da dupla Andrés-Molina e aceitou uma oferta tentadora do mercado publicitário.

Por sinal, a insatisfação com o comando de Paulo Molina na Arena Corinthians vai além do marketing do clube. Profissionais contratados pelo presidente Roberto de Andrade para atuar no estádio e elevar o faturamento reclamam internamente da conduta de Molina, indicado por Andrés para a gestão jurídica do estádio.

O QUE DIZ ANDRÉS SANCHEZ

À Rádio Bandeirantes, o ex-presidente falou sobre alguns dos temas atuais do Corinthians na última segunda-feira. “Vou dar minha opinião (sobre o momento político), agora a decisão é dele. Eu ajudo muito mais hoje na instituição dentro do Corinthians do que ter um cargo no futebol. Isso quem tem que responder é o presidente. Eu gostaria que ele (Rosenberg) não tivesse saído do clube. Vou sugerir que não podemos ficar sem diretor de marketing por um ano”, comentou.

“Se eu não for candidato, que devo não ser candidato, não vou nem citar em quem vou votar. (para não criar insinuações). Eu não vou desencanar nunca do Corinthians, porque o Corinthians é minha paixão. Mas não vou dar palpite. No que eu puder ajudar o Roberto, eu vou ajudar”, acrescentou.

(*) UOL ESPORTE

Como influência de Andrés esvaziou gestão Roberto de Andrade no Corinthians

Leia também

Últimas

error: Este Conteúdo é protegido! O Perfil News reserva-se ao direito de proteger o seu conteúdo contra cópia e plágio.