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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Fábrica de celulose da Eldorado Brasil já está 98% concluída

23/10/2012 10h00 – Atualizado em 23/10/2012 10h00

Em pouco mais de três semanas,a maior fábrica de celulose do mundo dará início a produção

A caldeira de recuperação, considerada o coração da fábrica é a maior em funcionamento no mundo. Possui 90 metros de altura, fornalha de 293 metros quadrados e capacidade para 6,8 mil toneladas de resíduos sólidos secos/dia

Ricardo Ojeda

Durante a solenidade de lançamento da pedra fundamental da Eldorado Brasil, que aconteceu no dia 15 de junho de 2010, uma pessoa se destacava das demais autoridades presentes ao evento. Essa pessoa era Carlos Roberto Monteiro, engenheiro e diretor Técnico e Industrial da Eldorado Brasil. Ele olhava para horizonte de uma área acidentada da fazenda onde seria construída a planta da maior indústria de celulose do planeta. Monteiro já imaginava o desafio que tinha pela frente.

DESAFIO

Decorridos 28 meses, Monteiro recebeu a reportagem do Perfil News em uma sala de 12 metros quadrados, local de onde comandou a construção do complexo industrial. Segundo ele, “mais uma etapa de um grande desafio estava para ser vencido.” E que desafio!
Durante esse período, o diretor Industrial comandou cerca de 40 mil trabalhadores, desde profissionais técnicos, como da área civil que passaram pelo complexo, atuando em diversas frentes de trabalho para erguer a fábrica.

NÚMEROS SUPERLATIVOS

Para ter uma ideia do tamanho desse desafio e da dimensão do empreendimento a reportagem conseguiu apurar alguns cálculos, digamos, superlativos. Com 98% das obras do complexo industrial concluídos foram empregados; 40 mil toneladas de aço, 35 mil toneladas de estrutura metálicas, 200 mil metros quadrados de áreas pavimentadas, 9 milhões de metros cúbicos de volume de terraplanagem, 350 mil metros cúbicos de concreto lançado, 12 mil trabalhadores no pico da obra, 463 empresas parceiras que atuaram no projeto, 4.970,000 refeições servidas, 50 mil crachás emitidos.

PAI

Diante do colosso industrial, que enche os olhos de qualquer pessoa, Monteiro diz que se sente realizado, como um pai: “cada projeto concluído é como se fosse um filho”. Ele é hoje, para não dizer o único, um dos profissionais que mais projetou e construiu fábricas de celulose no mundo. Por causa desse currículo, ele é conhecido como um dos maiores especialista na construção de plantas de celulose. Ele já atuou na construção das plantas de Jacareí e do Projeto Horizonte, ambas da Fibria.

Da sua sala de pouco mais de 12 metros quadrados, o engenheiro projetou e construiu a maior fábrica de celulose em linha única do mundo, que possui três milhões de metros quadrados de área construída.

METAS AUDACIOSAS

Com semblante calmo e cuidadoso nas palavras, Monteiro disse ao Perfil News que o projeto da Eldorado não para por aqui. Em sua mesa, a planta da segunda linha de produção da fábrica já está sendo planejada e poderá ser iniciada já no próximo ano. A direção da Eldorado tem metas audaciosas de produzir até 2020, cinco milhões de toneladas de celulose/ano.

Segundo informou o diretor industrial, a caldeira, que é considerada o coração da fábrica já está em teste. O equipamento é único no mundo e deve começar a produzir celulose em escala industrial nas próximas semanas.

A caldeira possui 90 metros de altura, tem fornalha de 293 metros quadrados e capacidade para 6,8 mil toneladas de resíduos sólidos secos/dia. Atualmente é a maior em operação em todo o mundo.

O vapor gerado pela caldeira de recuperação, quando em pleno funcionamento, será utilizado também para movimentar duas turbinas com capacidade nominal para gerar 220 megawatts de energia, garantindo auto-suficiência à fábrica. No pico da produção o complexo da Eldorado consumirá cerca de 100 MW. A energia excedente será fornecida para empresas parceiras instaladas dentro do complexo industrial e o restante, cerca de 29 MW poderá ser oferecido ao sistema.

O material utilizado para alimentar a fornalha da caldeira são resíduos excedentes da madeira do eucalipto. Na fase de teste, enquanto não se produz biomassa, será utilizado óleo industrial e madeira de florestas próprias da Eldorado. A meta inicial é produzir 1,5 milhão de toneladas/ano de celulose.

MERCADO EXTERIOR E INVESTIMENTOS

Os primeiros lotes da produção de celulose já tem mercado garantido, Ásia, Europa e América do Norte são os primeiros clientes da indústria. A Eldorado Brasil investiu no projeto de Três Lagoas R$ 6,2 bilhões, desses R$ 4,6 bi, na planta da fábrica e o restante na base florestal e na logística para transporte da produção.

LOGÍSTICA

Segundo informou Jose Carlos Grubisich, presidente de Eldorado Brasil, o diferencial de competitividade indústria está na logística. “Vamos ganhar tempo e dinheiro no transporte da produção. Para isso um terminal portuário está sendo construído em um afluente do rio Paraná, que transportará a produção até o terminal de Pederneiras (SP). De lá, segue através do ramal ferroviário, que possui bitola larga, até o Porto de Santos”. Segundo Grubisich, outro entreposto,rodoferroviário está sendo concluído em Aparecida do Taboado, que vai receber metade da produção e transportar em comboio ferroviário até o Porto de Santos. Para Grubisich, essa operação é crucial. “Vamos ganhar competitividade devido os baixos custos do transportes”.

ATIVO FLORESTAL

Para suprir a fábrica, a Eldorado Brasil possui 160 mil hectares de florestas plantadas, situadas em áreas próprias e arrendadas. O fornecimento da matéria prima (mudas) é feito pelo viveiro próprio que a Empresa possui no município de Andradina (SP). O viveiro tem capacidade de produção de 35 milhões de mudas/ano, que são plantadas nas áreas por uma equipe formada por funcionários próprios, para garantir a uniformidade e qualidade do plantio florestal.

A estocagem da madeira início da produção começou no mês passado. Comboios de carretas transportam diariamente madeira para o pátio da fábrica, que possui capacidade para estocar equivalente a 10 dias de produção.
Assim que as carretas chegam ao terminal da fábrica é feita uma medição da carga através de moderno equipamento Logmeter 4000, que possui um sistema laser de alta precisão para conferir a quantidade de metros cúbicos de madeira.

AVENTURA FINANCEIRA

Para quem no passado apostava que a construção da planta da Eldorado não passava de uma aventura financeira, quebrou literalmente a cara. A fábrica será inaugurada no dia 12 dezembro, com a presença da presidente Dilma Roussef. Também não está descartada um show internacional com o tenor italiano Andrea Bocceli.

Atualmente o complexo industrial da Eldorado Brasil possui um quadro de 2.500 colaboradores que revezam diuturnamente em vários setores da indústria.

Conjunto de equipamentos da indústria surpreende os visitantes pela dimensão. A caldeira, a maior do mundo em operação possui 90 metros de altura, enquanto a chaminé principal tem 145 metros (Fotos: Ricardo Ojeda)

Carlos Roberto Monteiro, engenheiro e diretor Técnico e Industrial da Eldorado Brasil um dos poucos profissionais do setor que tem um currículo invejável: a construção de três plantas de indústria celulose (Fotos: Ricardo Ojeda)

Desde as tratativas iniciais, como a solenidade de lançamento da obra, que aconteceu em junho de 2010, Monteiro estava presente (Foto: Ricardo Ojeda/Arquivo)

Observado por Monteiro e toda equipe técnica da Eldorado, o então presidente da empresa, Mário Celso Lopes e o governador André Puccinelli enterram a urna do tempo que só será aberto daqui à 50 anos (Foto: Ricardo Ojeda/Arquivo)

Caminhões, equipamentos e maquinários ficaram estacionados durante a solenidade de lançamento da obras em junho de 2010, causando impacto visual (Foto: Ricardo Ojeda)

Diretores da Eldorado e autoridades políticas do Estado durante solenidade de lançamento da obra da maior fábrica de celulose em linha única do mundo (Foto: Ricardo Ojeda/Arquivo)

Tão logo a cerimônia de lançamento foi encerrada, maquinários iniciaram as obras de terraplanagem, totalizando até hoje 9 milhões de metros cúbicos (Foto: Ricardo Ojeda/Arquivo)

Foto registrada no dia 07 de dezembro de 2010, seis meses após o lançamento da pedra fundamental, nota-se ao fundo que as obras de terraplanagem já estavam bem adiantadas

Foto registrada no dia 19 de outubro de 2012, no mesmo local da foto anterior mostra a evolução do cronograma de obra num intervalo de 22 meses (Foto: Ricardo Ojeda)

A caldeira de recuperação, considerada o coração da fábrica é a maior em funcionamento no mundo. Possui 90 metros de altura e fornalha de 293 metros quadrados (Foto: Ricardo Ojeda)

Madeira já está sendo utilizada em escala industrial e depois de picotada...

... é transformada em cavaco pronta para passar por lavagem química que é o processo final para a celulose (Fotos; Ricardo Ojeda)

Movimentação de veículos que transportam técnicos industriais é intenso no patio da fábrica (Foto: Ricardo Ojeda)

Imagem aérea do terminal portuário que está sendo construído em um afluente do rio Paraná, que transportará a produção até o terminal de Pederneiras (SP) (Foto: Ricardo Ojeda)

Vista aérea em imagem registrada há cerca de dois meses mostra e evolução do cronograma de obra (Foto: Ricardo Ojeda)

Chaminé principal de 145 metros de altura recebe pintura nas cores da bandeira brasileira (Foto: Ricardo Ojeda)

Técnicos dão os últimos ajustes nos equipamentos próximo a caldeira (Foto: Ricardo Ojeda)

Acompanha as fotos na sequência: A matéria prima (mudas) é fornecida pelo viveiro próprio que a Empresa possui no município de Andradina...

...a floresta é plantadas por uma equipe formada por funcionários próprios, para garantir a uniformidade e qualidade. Depois de colhida a madeira é transportada por carretas para o patio da fábrica...

...as carretas quando chegam ao terminal tem aguardar a vez para descarregar a carga...

...antes da descarga no terminal da fábrica é feita uma medição através de moderno equipamento Logmeter 4000...

...depois a madeira é descarregada e estocada no terminal da indústria...

... o terminal de descarga possui capacidade para receber madeira o equivalente para dez dias de produção da fábrica (Fotos: Ricardo Ojeda)

Após 28 meses de muito trabalho e sem registrar nenhum incidente de maior gravidade, a equipe comandada por Carlos Monteiro conseguiu projetar a maior fábrica de celulose em linha única do mundo e com menor custo operacional. O painel com os dizeres, como mostra a fotografia está afixado na sala do diretor Técnico e Industrial, quem sabe para lembrá-lo da importante missão que o ocupou durante todo esse período (Foto: Ricardo Ojeda)

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