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quinta-feira, 28 de março de 2024

Cedência de alojamento para Fibria confirma ampliação da indústria em Três Lagoas

18/07/2014 11h11 – Atualizado em 18/07/2014 11h11

Expansão de áreas plantadas com eucalipto, ampliação da estrutura da produção de celulose da Fibria e Eldorado Brasil e a chegada de nova indústria – CRPE Holnding – proporcionarão o aumento do potencial econômico da região e consequente aumento na contratação de trabalhadores

Ricardo Ojeda e Léo Lima

Um novo start de desenvolvimento, ampliando ainda mais o potencial econômico-produtivo da região, está para acontecer em Três Lagoas, revivendo tempos áureos das grandes obras e de movimentação de trabalhadores. Como prova disso, a Fibria acaba de ter aval da Prefeitura Municipal e do Legislativo para avançar projeto de expansão de sua fábrica, com a cedência do antigo alojamento da indústria; a Eldorado começa este mês a ampliação de sua fábrica; e a mais nova fonte propulsora da economia regional, a CRPE Holding S.A., dará início às obras de construção da fábrica, em Ribas do Rio Pardo, no começo do próximo ano.

Paralelamente, o governo do Estado determinou a retomada das obras de construção do contorno ferroviário de Três Lagoas, com prazo de conclusão dos 12,4 quilômetros de extensão para final deste ano. Com isso, além da necessidade de contratação de maior volume de operários, a obra importa numa melhor estrutura para o escoamento da produção local.

EXPANSÃO DA FIBRIA

Em continuidade aos estudos de viabilidade para implementar nova linha de produção de sua unidade de Três Lagoas, a Fibria se reuniu, recentemente, com 150 representantes de 36 fornecedores do setor de equipamentos para a indústria de celulose. A ideia do encontro foi convidá-los a participar desta etapa de detalhamento do projeto, que deverá ser submetido à aprovação do Conselho de Administração da Fibria até o fim do primeiro semestre deste ano.

Para tanto, a direção da empresa recebeu aval importante da Câmara de Três Lagoas, que aprovou indicação da Prefeitura Municipal em ceder o alojamento onde antes já funcionava o abrigo aos operários da empresa. A cessão do alojamento ocorreu recentemente, durante sessão extraordinária do Legislativo Três-lagoense.

A nova linha de celulose da Fibria em Três Lagoas teria capacidade instalada prevista de 1,75 milhão de toneladas por ano. Com isso, a unidade alcançaria a produção total de 3,05 milhões de toneladas anuais.

Em 2009, a Fibria instalou sua primeira linha em Três Lagoas, com capacidade de 1,3 milhão de toneladas anuais, sendo pioneira na atuação na cidade que hoje é considerada a capital mundial da celulose.

“Estamos nos preparando para que a nova linha inicie suas operações no começo do quarto trimestre de 2016, quando acreditamos que haverá espaço para a adição de oferta no mercado, caso se mantenham os fundamentos atuais”, diz Marcelo Castelli, presidente da Fibria.

ELDORADO BRASIL

Mais R$ 8 bilhões vão ser investidos pela Eldorado Brasil no projeto de ampliação de sua fábrica em Três Lagoas, permitindo a construção da nova linha de produção, com ganhos de sinergia e competitividade. Em 2012, quando foi inaugurada a fábrica, foram gastos em torno de R$ 6,2 bilhões.

A ampliação da fábrica, segundo a direção da empresa, tem início neste mês de julho, com a terraplanagem da área. Isto, após ter recebido o aval do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), que concedeu a Licença de Instalação.

De acordo com o diretor técnico e industrial da Eldorado Brasil, Carlos Roberto Monteiro, o projeto de expansão prevê metas audaciosas de produzir até 2020 cinco milhões de toneladas de celulose por ano.

Para dar suporte a esse aumento de produção, a unidade industrial pretende incorporar até dezembro à área plantada mais 50 mil hectares de florestas de eucalipto, perfazendo 210 mil hectares plantados.

UNIDADE DE RIBAS

Outro fator de propulsão da economia regional com reflexos mundiais é a implantação da terceira fábrica de celulose, a CRPE Holding S.A., que deve ter as obras de construção iniciadas em janeiro de 2015, com previsão de funcionamento em 2018. Para tanto, no início deste mês, o primeiro passo em direção à materialização do projeto foi dado em uma audiência pública, na cidade de Ribas do Rio Pardo, onde foi apresentado Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) regulamentando a implantação da Celulose Rio Pardense e Energia.

Segundo Vicente Conte Neto, diretor da CRPE Holding, a empresa deverá injetar no novo empreendimento R$ 8 bilhões, sendo a metade para a edificação das instalações da fábrica e a outra na composição de florestas de eucalipto e ações de logística. Nesta última questão, a holding pretende a construção de um ramal ferroviário.

A empresa já conta com 52 mil hectares de florestas de eucalipto e capacidade de produzir 2,2 milhões de toneladas de celulose branqueada de eucalipto por ano. Além da celulose, o empreendimento também será responsável pela produção de energia excedente.

A estrutura, que será montada com a mão de obras de aproximadamente 8 mil trabalhadores, contará com estação de captação e tratamento de água, tratamento e disposição adequada de efluentes, sistema de tratamento e disposição de resíduos sólidos industriais.

MERCADO MUNDIAL

O consumo de celulose pela China pode chegar a triplicar até 2025, com a maior parte da demanda chinesa pelo insumo sendo abastecida pelo Brasil, segundo dados apresentados pela consultoria finlandesa Pöyry à agência Reuters, em outubro de 2012.

Se considerado o volume total de celulose consumido pela China em 2011, 3,9 milhões de toneladas saíram da América do Sul, sendo a maior parte desse volume proveniente do Brasil, de quem a China é o maior comprador individual. Em 2025, conforme a consultoria, este número pode chegar a até 12 milhões de toneladas por ano.

Em 2011, a Ásia já se mostrou como maior produtora mundial de papel e cartão, com 177 milhões de toneladas anuais, comparado a 20 milhões na América Latina.

Até 2025, segundo a Pöyry, o crescimento da produção mundial de papel e cartão ficará concentrado na Ásia, principalmente na China, acrescentando 86 milhões de toneladas por ano no período, enquanto a América Latina deve responder por aumento de 9 milhões de toneladas.

A Ásia também já é a principal consumidora de fibra para papel (papel reciclado e fibra virgem), com consumo de 186 milhões de toneladas em 2011, volume que deve ser acrescido de 88 milhões de toneladas até 2025.

A cessão do alojamento na saída para Brasilândia para a Fibria,(que tem capacidade para abrigar três mil trabalhadores) foi autorizada para Câmara de Vereadores e é um forte indício que    obra de expansão da indústria pode ser iniciada ainda este ano (Foto: Ricardo Ojeda)

Ferroduto que serve o contorno ferroviário da cidade; obras já começaram e também concorre para aumento no setor laboral e ao escoamento da produção regional (Foto: Edivelton Kologi)

O local onde está instalado o parque industrial da Fibria tem espaço suficiente para expansão da fábrica (Foto: Divulgação)

A ampliação da fábrica da Eldorado Brasil, que possui terminal portuário próprio e área para receber a segunda unidade de produção de celulose implicará em investimentos de R$ 8 bilhões (Foto: Ricardo Ojeda)

A audiência pública para debater e apresentar Relatório de Impacto Ambiental para implantação da terceira fábrica de celulose em MS, a CRPE Holding S.A foi realizado no começo deste mês, enquanto o início das obras física está agendada para início de 2015 (Foto: Ricardo Ojeda)

Em 2011, 3,9 milhões de toneladas saíram da América do Sul, sendo a maior parte desse volume proveniente do Brasil, de quem a China é o maior comprador individual (Foto: Carlos Oliveira)

Gráfico mostra o crescimento de exportação  de celulose nos último anos

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