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sexta-feira, 19 de abril de 2024

UFN3 vai demitir mais de 1.400 e acumula dívida de R$ 9 milhões em Três Lagoas

21/11/2014 17h41 – Atualizado em 21/11/2014 17h41

Com obras paradas, Consórcio promove mais demissões e reluta em pagar fornecedores

Empresários estão desesperados, à beira da falência e possibilidade de insolvência perante gastos contraídos para sustentar o fornecimento ao Consórcio; milhares de trabalhadores sendo demitidos, muitos sem ainda receber pelo serviço prestado e podem ficar perambulando pela cidade. É o caos que se vislumbra em Três Lagoas

Léo Lima e Ricardo Ojeda

Fonte do canteiro de obras (paralisadas) da Unidade de Fertilizantes da Petrobras em Três Lagoas garante que até a próxima terça-feira (25) mais 1.400 trabalhadores contratados para edificar a Fábrica de Fertilizantes (Fafen) deverão ser dispensados, numa nova leva de demissões patrocinadas pelas empresas responsáveis Galvão e Sinopec que integram o Consórcio UFN3.

A notícia mais alarmante que vem do canteiro de obras é a de que o Consórcio não tem recursos para cumprir os compromissos com colaboradores e parceiros, estes últimos, especificamente, prestadores de serviços nas áreas de alimentação, alojamento, entre outros setores. Dos quase R$ 100 milhões que o Consórcio devia para as prestadoras de serviços em Três Lagoas e região, grande parte já foi honrada.

Mas, segundo reportagem do G1MS, no programa Bom Dia MS,clique no link somente em Três Lagoas persiste uma dívida de aproximadamente R$ 9 milhões.

De acordo com informações, a intenção do Consórcio é deixar no site de 500 a 700 colaboradores para fazerem a manutenção do complexo. De mais de seis mil trabalhadores que aportaram em Três Lagoas, em meados de 2011 quando do início das obras (que deveriam estar concluídas na metade deste ano, conforme contrato expresso inicialmente com o Ministério do Planejamento, via Petrobrás),clique no link,agora, com cerca de 90% delas conclusas, o volume de trabalhadores reduziu consideravelmente.

FÉRIAS SUSPENSAS E DEMISSÕES

Conforme uma fonte, o Consórcio acenou com férias coletivas, em dezembro, mas, ao contrário, vieram as demissões. “Teve muita gente que se preparou para viajar, rever a família; marcou passagem, inclusive. Mas, o que recebeu foi a dispensa”, coloca a fonte.

Este ano, vários momentos de dispensas de trabalhadores ocorreram na UFN3, sem que, no entanto, os prestadores de serviços (alojamentos, restaurantes) recebessem o integral da dívida. Até os próprios operários, em várias ocasiões, ficaram preocupados por que não recebiam os salários, esperando o cumprimento de promessas de pagamento. Aos picados, o Consórcio foi pagando os trabalhadores.

A conivência da Petrobras nesse caso é evidente, já que é a contratadora do Consórcio. É devedora solidária das dívidas, reclamam os prestadores de serviços/fornecedores da UFN3. A cidade está parada, os empresários estão quebrando, por conta da indiferença do Consórcio e descaso da Petrobras que diz não querer se manifestar a respeito da situação.

Uma situação preocupante, que pode se tornar ainda mais problemática, na medida em que os trabalhadores da UFN3, principalmente os considerados “peões de trecho”, que gastaram os salários e não conseguem ir para suas regiões de origem podem gerar confusões na cidade, criando problema social.

CONSEQUÊNCIAS

A situação de insolvência dos fornecedores da UFN3 atraiu a atenção de autoridades locais, como a prefeita Marcia Moura que, preocupada com as consequências de atrasos de pagamento do Consórcio às empresas e fornecedores de Três Lagoas, promoveu reunião, no final de junho, sobre essa questão, que tem gerado uma série de problemas econômicos e sociais à população.

Naquela ocasião estiveram reunidos com a prefeita, o presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI), Atílio D’Agosto; e representantes da Petrobras e do Consórcio UFN3. Na oportunidade da dita reunião, Marcia Moura recebeu de imediato o compromisso de pagamento de R$ 9 milhões do Consórcio UFN-3 aos credores.
Esse compromisso realmente foi realizado e cumprido fielmente. No dia 3 de agosto foi efetivado outro pagamento, no valor de R$ 7 milhões, às empresas e fornecedores, somando R$ 16 milhões do total da dívida, estimada na época em R$ 24 milhões.

INCENTIVOS

Para conquistar a vinda da Unidade de Fertilizantes da Petrobras para Três Lagoas, o governo do Estado garantiu incentivos fiscais em torno de R$ 2,2 bilhões. Na época (2013), a previsão era de que a Fábrica de Fertilizantes entrasse em operação no segundo semestre de 2014, receberá incentivos fiscais que giram em torno de R$ 2,2 bilhões.

O valor foi revelado pelo governador André Puccinelli. Segundo ele, o termo foi assinado na sede da Petrobras no Rio de Janeiro (RJ), com o presidente em exercício da empresa, José Alcides Santoro Martins. Os incentivos fiscais por parte do Governo do Estado foram ampliados de 75% para 90%.

Outro incentivo foi a compra do terreno em Três Lagoas, que toma quase a totalidade de uma área de 556 hectares, às margens da MS-395, na saída para Brasilândia, entre os córregos Moeda e Rio Verde. A aquisição da área foi feita com R$ 5 milhões de recursos estaduais e R$ 980 mil da prefeitura.

No início, as obras estavam orçadas em cerca de R$ 3,1 bilhões, conforme divulgado pelo site do Ministério do Planejamento, no link do PAC.

De acordo com informações, as demissões começaram na quinta-feira, com 600 trabalhadores desligados da empresa e até a próxima terça-feira mais uma leva de cerca de 800 colaboradores serão demitidos. Deverão permanecer na obra aproximadamente 700 pessoas para conservar a estrutura do complexo (Foto: Perfil News)

Na época do auge da obra, o Consórcio possuía um quadro de mais de sete mil trabalhadores (Foto: Ricardo Ojeda/Arquivo)

Placa afixada na entrada do canteiro de obras mostra que a Petrobras tem responsabilidade solidária com o empreendimento (Foto: Ricardo Ojeda/Arquivo)

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