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terça-feira, 23 de abril de 2024

Após 6 meses paralisada, animais infestam instalações da UFN3

12/06/2015 16h28 – Atualizado em 12/06/2015 16h28

Após paralisação das obras e calote nos empresários local, apenas 100 trabalhadores atuam na conservação das instalações da maior fábrica de fertilizantes da Petrobras (Fafen), que está sendo invadida por matos, cobras e outros animais

Ricardo Ojeda e Fábio Jorge

O que era para ser o orgulho e a menina dos olhos para Três Lagoas e Mato Grosso do Sul, atualmente se corrói em vergonha e símbolo de má gestão de recursos financeiros. No próximo dia 19, completam seis meses que a Petrobras rescindiu o contrato com o Consórcio UFN3, responsável pela construção e conclusão da maior fábrica de fertilizantes nitrogenados da América Latina, obra orçada em torno de R$ 3,7 bilhões.

Quando foi anunciada a instalação da Unidade, o município recebeu com entusiasmo a novidade que, ao dar o pontapé inicial da construção, gerou muito emprego, inclusive, trazendo mão de obra e recursos de outros estados, o que aqueceu o comércio local e contribuiu para a abertura de novos empreendimentos.

A alegria que aumentava a cada dia que antecedia a inauguração da fábrica (prevista para setembro do ano passado), abriu espaço para o desconsolo e frustração diante da situação que o Consórcio deixou. Obra abandonada, tomada pelo matagal, cobras e até onças.

TRABALHADORES E EMPRESAS SEM PAGAMENTOS

O pesadelo tornou-se real no 3º trimestre de 2014, quando as empreiteiras Galvão Engenharia e Sinopec Petroleum deixaram de honrar os compromissos com os empresários locais. Fornecedores e prestadoras de serviço ficaram meses sem receber e paralisaram o fornecimento de produtos e maquinários até suas dívidas serem saldadas.

Esse processo de calote estendeu-se aos trabalhadores das obras. Demissões em massa, não pagamento de salários e direitos trabalhistas e a incerteza de ter o que comer e onde morar. A cidade presenciou um dos piores (senão o pior) caos vivenciados em larga escala. Empresários do ramo alimentício pararam de fornecer refeições aos funcionários por falta de pagamento por parte do Consórcio. Proprietários de imóveis tiveram que partir para a justiça para conseguirem ação de despejo contra a UFN3 pelo mesmo motivo. Os imóveis eram alugados para alojamento dos trabalhadores.

Protestos por parte de empresários, assim como pelos trabalhadores. Empresas falindo diante do prejuízo causado pelo Consórcio, empreendedores com nome sujo, tendo que vender bens pessoais para quitar débitos e sair do vermelho, além, do desespero das famílias dos trabalhadores que ficaram meses sem pagamentos.

Em menos de um ano, Três Lagoas e Mato Grosso do Sul foram atingidas pela retração econômica causada pela UNF3, consecutivamente, e a crise pela qual o Brasil atravessa.

Confira na galeria abaixo em fotos do Perfil News as instalações da Fafen, onde equipamentos importados ao custo de milhões de reais podem estar sendo avariados com as ações do tempo

PRESENTE AO CENTENÁRIO

Mesmo com a intercessão do Governador Reinaldo Azambuja, que solicitou providências por parte da estatal Petrobras diante do problema, a situação ainda é a mesma. Há três dias do Centenário, o presente que a fábrica de fertilizantes deu ao município foi a vergonha.

A obra está com aproximadamente 80% da construção concluída e, onde era para estar mais de 5 mil trabalhadores terminando a obra, estão apenas 100 pessoas realizando manutenção e cuidados através de empresa terceirizada. Após a conclusão, cerca de 500 a 600 pessoas estariam alavancando a produção de fertilizantes.

Um desses trabalhadores, que preferiu não se identificar, disse ao Perfil News que o empreendimento está em completo abandono. O mato toma conta das dependências da fábrica e está servindo de abrigo para animais peçonhentos e silvestres. Segundo ele, várias cobras já foram encontradas no local, além de pegadas de onça ou felino do porte. Com a interdição da obra por parte da Justiça e as dívidas não acertadas pelos responsáveis, o futuro da UFN3 é um ponto de interrogação, senão, um ponto final.

Foto registrada em janeiro deste ano mostra naquela época já não havia mais nenhuma movimentação dentro do complexo industrial da UFN3 (Foto: Perfil News)

Sem receber pelos serviços prestados e a beira do desespero para saldar compromissos, empresários que forneciam ao Consórcio UFN3 realizaram protesto bloqueando a barragem da usina de Jupiá (Foto: Ricardo Ojeda)

Durante protesto dos empresários, filas intermináveis de carretas e veículos se formaram na BR 262 e na barragem da usina de Jupiá (Foto: Ricardo Ojeda)

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