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sábado, 18 de maio de 2024

Presidente Lula participa de ritual vudu no Benin

11/02/2006 08h55 – Atualizado em 11/02/2006 08h55

O Globo Online

Os tambores da África bateram forte ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se estava preocupado com a urucubaca lançada pelos adversários no Brasil, como disse recentemente, ele pode ter saído do Benin, berço do vudu, com o corpo fechado para enfrentar a ferrenha disputa eleitoral. O presidente passou a tarde toda sendo reverenciado com orações e danças feitas por feiticeiros vudus, líderes tribais e pelos descendentes de escravos brasileiros que formam uma espécie de colônia em Ouidá, nos arredores de Cotonou, capital do paupérrimo Benin. Todos os preparativos para recepcionar o presidente brasileiro foram feitos pelo “chachá” Feliciano Julian de Souza, descendente e herdeiro do milionário baiano Francisco Félix de Souza, o maior traficante de escravos do país para o Brasil no século XVIII. Ritual deixou Lula “mais leve” O ritual começou com Lula passando por cima de uma água limpa oferecida por uma menina. De um lado, três feiticeiros, chamados de fantasmas vudus, dançavam e oravam por ele. Seriam espíritos de mortos que voltam para abençoar e fechar o corpo do homenageado. Do outro, um grupo dançava. Enquanto participava de uma solenidade na “Maison Chachá”, uma enorme construção inacabada onde Feliciano mora com oito mulheres e 23 filhos, Lula respondeu com um sorriso à pergunta sobre se as rezas haviam surtido efeito. Seguiu dançando no embalo de um grupo típico local e de mulheres africanas que batiam palmas e entoavam um canto em que diziam: “Obrigado, presidente Lulá”. “Vocês estavam acompanhando o tempo todo. Acho que até vocês estão mais leves”, disse o presidente. Em Ouidá existem dois portais que se abrem para o mar. O primeiro, o “Portão do não-retorno”. Dali partiram milhares de escravos para o Brasil e o mundo; o outro é o “Portão do bom retorno” , uma referência aos escravos que conseguiram voltar, em corpo ou espírito. Lula depositou flores no primeiro. O presidente também foi recebido na casa do vice-rei do Dahomé, Julien de Souza. O oitavo Chachá é reverenciado como rei pela comunidade local. É um poderoso senhor de terras e dono de uma fortuna de U$ 51 milhões. Mas para não pagar impostos, nunca pintou seu palácio. O primeiro ato de Lula foi descerrar uma placa de inauguração da obra inacabada. Desta vez Lula não pediu perdão pelos escravos embarcados para o Brasil. Mas anunciou que seu governo ofereceria assistência em diversas áreas e receberia jovens beninenses nas universidades brasileiras: “Nunca mais o Brasil voltará as costas ao povo africano”. Lula venceu a resistência e respondeu às críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que afirmara que ele teria sido omisso com a corrupção e que a “ética do PT é roubar”. “Não sou obrigado a ler tudo o que determinadas pessoas falam. Este é um problema que o PT saberá cuidar. Eu só queria pedir o seguinte: que as pessoas deixassem a gente governar”, disse.

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