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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Deputados deram ‘tiro no pé’ com medidas inconsequentes, diz editorial de jornal

20/10/2017 14h30

Apoiados pelos sindicatos e pela sociedade, trabalhadores da JBS fazem manifestações procurando apoio das autoridades, enquanto Assembleia busca uma saída para equacionar a crise provocada pela CPI da JBS

Ricardo Ojeda, com informações

Os representantes ligados à cadeia produtiva da carne do estado de Mato Grosso do Sul, por unanimidade, disseram que o bloqueio de R$ 730 milhões nas contas da JBS, por solicitação da CPI que apura as irregularidades da empresa dos irmãos Batista, foi precipitada.

A suspensão de abate e da comercialização de gado das sete unidades frigorificas da JBS estão paralisadas desde ontem, quinta-feira, 19. Em apenas dois dias, os deputados e o governo do Estado já sentem o reflexo da medida adotada pela direção da companhia.

MACHÕES ENCAGAÇADOS

Já em relação aos deputados integrantes da CPI da JBS, o jornal diz que os parlamentares foram testemunhas desses acordos de incentivos dos governos à empresa. Eles foram “machões” durante abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os benefícios fiscais concedidos aos frigoríficos do grupo, que empregam 15 mil pessoas no Estado e têm outros 60 mil trabalhadores indiretos. Agora, com esses empregos ameaçados e com toda a cadeia da pecuária em risco, os deputados mostram sua face real: estão encagaçados.

O editorialista classificou como consequências desastrosas de parlamentares que enxergam pouco além do nariz. “Se as plantas permanecerem desativadas, onde os pecuaristas abaterão suas reses? Qual será o tamanho do desastre na receita de ICMS? E os pobres funcionários como sustentarão suas famílias?”.
O editorial finaliza dizendo, que os trabalhadores não devem desistir: “lutem por seus empregos e por suas famílias”.

MOÇÃO DE APOIO

Também ontem de manhã, em Nova Andradina, onde o JBS possui uma unidade, cerca de 600 trabalhadores realizaram uma manifestação no centro da cidade, e depois seguiram até a Câmara Municipal para pedir apoio aos vereadores.

Em apoio ao movimento, a Câmara encaminhará aos deputados estaduais o pedido de desbloqueio de bens da empresa, visando à manutenção dos postos de trabalho no município. Além disso, o presidente daquele legislativo comprometeu-se com a categoria em apresentar uma Moção de Apoio ao movimento. O documento integrará a pauta da Sessão Ordinária da próxima segunda-feira (23).

PRESSÃO

Em Campo Grande, pela segunda vez, os trabalhadores das duas plantas frigoríficas também saíram às ruas em carreatas, com carros e ônibus, pelas ruas da Capital, indo parar na Assembleia Legislativa, onde lotaram a galeria e o plenário da Casa. A intenção foi pressionar os deputados para chegarem a um acordo com a direção da JBS.

Segundo informou Sérgio Irineu Bolzam, tesoureiro da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação e Afins do Estado de Mato Grosso do Sul, que está acompanhando as negociações, o presidente da Assembleia Legislativa teria se encontrado em São Paulo com o diretor nacional da JBS. Nesse encontro teria ficado definido uma reunião no Estado na próxima segunda-feira, 23. Nesse encontro vai participar representantes das classes envolvidas, inclusive o judiciário para chegarem a um acordo. Umas das propostas seria o parcelamento da dívida ou a empresa deixar um imóvel como garantia.

Bolzan disse ainda que não é contra a cobrança da dívida. “Se deve, tem que pagar, porém bloquear os ativos financeiros inviabiliza qualquer empresa. Foram muitos precipitados”, finalizou.

PRECIPITADOS

Com pensamento mais positivo está Ivo Scarcelli, presidente do Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios e Carnes e Derivados do Estado de Mato Grosso do Sul). Na opinião do dirigente sindical, até a próxima segunda-feira as atividades da empresa já devem ser retomadas, devido às negociações estarem bem avançadas. Mas Scarcelli disse ainda que os deputados que integram a CPI foram muitos precipitados. “Como você bloqueia o capital de giro da empresa?”, indagou indignado. Ele prosseguiu ainda dizendo que a medida afetou toda a cadeia produtiva da carne. Eles, os deputados deveriam apropriar de um bem imóvel, parcelar a dívida, mas nunca bloquear o dinheiro. Como que eles vão comprar boi, tocar a empresa?”, finalizou.

PREOCUPAÇÃO

Por sua vez, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), Mauricio Saito, falou que suspensão das atividades da empresa, por tempo indeterminado preocupa toda cadeia produtiva, tendo em vista o atual cenário de baixa liquidez e com dificuldades para comercialização dos animais.

“Considerando que a indústria frigorífica responde por 45% dos abates no Estado, a situação é considerada pela Famasul como preocupante. Por isso, já acionamos o governo do Estado solicitando que seja mantida a redução da alíquota para venda de gado em pé, como forma de amenizar os efeitos da paralisação do JBS”, observa o dirigente patronal.

Por conta disso, já foi apresentado ao governo do Estado pedido para a reedição do decreto que reduz de 12% para 7% da alíquota de ICMS para a venda de gado em pé para outros estados.

MÁ GESTÃO

Devido a polemica que pautou os principais veículos de comunicação de MS, o jornal Correio do Estado abordou o assunto em seu editorial, na edição desta sexta-feira, 20. Como título, “Vitimas das inconsequência”, o jornal mais antigo do Estado, reiterou os protestos dos funcionários do Grupo JBS, são justos e expõem a má gestão dos últimos mandatários. O editorial diz ainda, que os incentivos – “todos eles obscuros” – começaram no mandato do ex-governador petista, Zeca do PT. O sucessor de Zeca, André Puccinelli também usou e abusou dos Tares (Termos de Acordo de Regime Especial) e não fiscalizou. O atual governador, Reinaldo Azambuja foi pelo mesmo caminho, logo após sua posse.

MACHÕES ENCAGAÇADOS

Já em relação aos deputados integrantes da CPI da JBS, o jornal diz que os parlamentares foram testemunhas desses acordos de incentivos dos governos à empresa. Eles foram “machões” durante abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar os benefícios fiscais concedidos aos frigoríficos do grupo, que empregam 15 mil pessoas no Estado e têm outros 60 mil trabalhadores indiretos. Agora, com esses empregos ameaçados e com toda a cadeia da pecuária em risco, os deputados mostram sua face real: estão encagaçados.

O editorialista classificou como consequências desastrosas de parlamentares que enxergam pouco além do nariz. “Se as plantas permanecerem desativadas, onde os pecuaristas abaterão suas reses? Qual será o tamanho do desastre na receita de ICMS? E os pobres funcionários como sustentarão suas famílias?”.
O editorial finaliza dizendo, que os trabalhadores não devem desistir: “lutem por seus empregos e por suas famílias”.

Deputados que integram a CPI da JBS em Mato Grosso do Sul foram inconsequentes ao pedir o bloqueio das contas da empresa, diz editorial de jornal  (Foto: Wagner Guimarães/ALMS)

Pela segunda vez, trabalhadores das duas unidades da JBS em Campo Grande foram à Assembleia Legislativa para pressionar os deputados  (Foto: Clayton/Comunicação Sindaves)

Vereadores de Nova Andradina receberam 600 trabalhadores do frigorífico instalado na cidade e prometeram pressionar os deputados para chegar um desfecho que não prejudique a classe (Foto: Assessoria)

Em Ponta Porã, os trabalhadores na manhã de ontem, (quinta-feira) foram até a prefeitura pedir apoio  ao prefeito Hélio Peluffo, que recebeu a categoria em frente do Paço Municipal (Foto: Assessoria)

Na quinta-feira, trabalhadores da JBS de Nova Andradina realizaram uma manifestação no centro da cidade, e depois seguiram até a Câmara Municipal para pedir apoio aos vereadores (Foto: Marcos Donzeli)

Em Campo Grande os colaboradores das duas plantas do JBS saíram às ruas para protestar contra o pedido da que bloqueou R$ 730 milhões da empresa (Foto: Clayton/Comunicação Sindaves)

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