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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Funcionária alega que Zona Azul tem meta diária de arrecadação em Três Lagoas

25/02/2017 08h49

Funcionária alega que Zona Azul tem meta diária de arrecadação em Três Lagoas

Supervisor da empresa conversou com Perfil News e disse que a mulher será demitida. Briga na Central Park terminou com feridos e intervenção da polícia; entenda o caso

Lucas Gustavo

Clelia Rodrigues de Arruda, de 33 anos, monitora de trânsito na Central Park, firma que administra a Zona Azul em Três Lagoas -, alega que a empresa obriga todos os funcionários a cumprirem meta diária de arrecadação. O valor, segundo ela, é R$ 400 e individual. O estacionamento rotativo foi implantado no município em agosto de ano passado. Desde a instalação, o serviço gera diversas reclamações por parte dos usuários.

A mulher concedeu entrevista nesta sexta-feira (24) ao Perfil News. A reportagem foi recebida em um escritório jurídico que vai mover a ação trabalhista em prol de Clelia. Ela trabalha há pouco mais de 20 dias na Central Park e diz ser desprezada na empresa. ‘’Sou constantemente humilhada pela responsável do RH e pelo encarregado; me chamam até de incompetente’’, denunciou.

DESCONTOS

Conforme a colaboradora da Zona Azul, seu salário é de acordo com o piso mínimo. A funcionária também contou que a empresa não oferece café da manhã nem almoço. Clélia ainda afirmou que é intimidada pela empresa a assinar ‘vales’ referente aos valores que, por vezes, faltam em seu caixa. Toda a soma é descontada de sua folha de pagamento.

‘’Abatem tudo no final do mês. O pior é que isso não acontecesse apenas comigo, mas com o restante dos meus companheiros de trabalho. Além disso, fazemos nosso serviço sem troco, porque nem isso dão para a gente’’, revelou a mulher à reportagem.

BRIGA

Na manhã desta sexta-feira (24), a Polícia Militar precisou ser chamada para intervir em um desentendimento entre Clelia e outras duas funcionárias da empresa. A confusão terminou com luta corporal e as três ficaram feridas.

Segundo Clelia, tudo começou quando ela chegou à Central Park e reproduzia uma canção evangélica em seu celular. Outras duas colaboradoras da Zona Azul, que estavam sentadas ao lado e são irmãs, se incomodaram com o barulho e pediram a ela que abaixasse o volume. A situação gerou ‘bate boca’ entre as três e terminou em agressões. O tumulto foi presenciado por vários outros contratados da empresa.

Com a chegada da PM, segundo Clelia, ela foi colocada dentro da viatura e encaminhada à 1ª Delegacia de Polícia Civil. As duas irmãs também seguiram para a unidade, porém no carro da Central Park com o supervisor Cristiano Nunes.

O fato foi registrado como lesão corporal recíproca e todas as envolvidas deverão comparecer no Juizado Especial Criminal, no dia 22 de março, para audiência que tratará sobre o assunto. Clelia também passará por exame de corpo de delito.

‘’No final da briga, ele (Cristiano) falou para mim ir embora porque era ‘justa causa’, mas sobre as meninas não disse nada’’, alegou a mulher.

OUTRO LADO

O Perfil News foi até a Central Park e conversou com o supervisor de rua, Cristiano Nunes. Ele explicou à reportagem sobre o que se trata o valor que cada funcionário deve arrecadar, conforme a acusação de Clelia.

‘’Meta de multa nunca houve. O que existe é meta de venda, e isso ocorre em qualquer empresa. Todos os funcionários têm sim uma meta, mas não há problema algum para àqueles que não a cumprirem. Ela é estimulada para garantir o compromisso e responsabilidade de cada um no emprego’’, comentou.

Em relação descontos citados pela mulher, o supervisor disse que se tratam de ‘fundo de caixa’. ‘’O funcionário sai de manhã para vender, e no final da tarde, puxamos o relatório de tudo que foi arrecadado. Ele tem que apresentar esse dinheiro, pois vendeu para a empresa. Caso o valor não ‘bata’, é sim descontado’’, acrescentou.

De acordo com Cristiano, a mulher ainda não foi demitida da Central Park, mas será. O que gerou seu desligamento da empresa, conforme o supervisor, é que ontem (23) ela discutiu com a responsável do setor de Recursos Humanos. A gerência da Zona Azul foi comunicada sobre o ocorrido e ordenou que a Clelia fosse dispensada.

‘’Ela seria demitida de uma forma ou de outra. Em relação à briga de hoje de manhã, isso é problema delas. A Clelia vai ser dispensada sim, mas não por justa causa’’, esclareceu Cristiano.

Sobre o fato de ter levado as duas irmãs envolvidas na briga para a delegacia de carro, o supervisor afirmou que foi uma determinação da polícia. A medida foi tomada para que as três não tornassem a se agrediram dentro da viatura.

A funcionária da empresa Central Park esteve em um escritório de advogacia e relatou com exclusividade ao Perfil News os procedimentos adotados pela empresa na cobrança de estacionamento no centro da cidade (Foto: Lucas Gustavo)

O representante da Via Park disse que a meta estabelecida aos monitores de estacionamento é de R$ 400/dia, como mostra a folha na prancheta (Foto: Divulgação)

A funcionária disse que foi agredida por duas colegas de trabalho, mostrando alguns arranhões no braço direito (Foto: Ricardo Ojeda)

Extrato emitido pela máquina mostra o registro diário de cobrança de estacionamento da monitora Clelia Rodrigues (Foto: Reprodução)

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