17/09/2014 10h36 – Atualizado em 17/09/2014 10h36

Além das capivaras, a população de gansos que habitam o local está desaparecendo

Um dos principais cartões de visita de Três Lagoas, a Lagoa Maior, não recebe manutenção adequada e a poluição causada por esgotos e sujeiras deixadas por frequentadores, põem em risco os animais que lá vivem

Larissa Lima e Ricardo Ojeda

Mais do que o principal cartão postal, a Lagoa Maior deveria ser a menina dos olhos da cidade das águas, que recebe diariamente, dezenas de pessoas que vem dos mais diferentes locais do país e visitam a orla para conhecer e levar a paisagem de recordação.

Porém, situações de degradação ambiental têm sido frequentes no local que sofre com a falta de educação de parte dos frequentadores que depositam lixo e desrespeitam as regras do local, que é ponto de encontro para famílias, praticantes de atividades físicas e amantes da natureza.

Estas situações já foram por inúmeras vezes denunciadas pela reportagem do Perfil News, que nesta manhã (17), por volta das 6h, flagrou mais uma capivara morta boiando nas águas da lagoa, próximo ao Ginásio Municipal de Esportes. O animal, que já estava em idade adulta e, na parte do corpo que era visível, não apresentava sinais de agressão de outro animal nem de abatimento por tiro.

POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL

Em contato com o comandante interino da Polícia Militar Ambiental, Subtenente André Luiz Quijadas, a reportagem foi informada que cabe à Secretaria Municipal de Meio Ambiente investigar a morte do animal e fazer a remoção.

Em caso de crime ambiental, como por exemplo, o abatimento do animal por arma de fogo, caberia a PMA autuar o responsável, caso o mesmo fosse identificado, e patrulhar a área. Porém, se a morte foi por causas naturais, não há nada a fazer, pois “quando chega à hora da capivara ir, ela vai, uma hora ela tem que morrer”, disse Quijadas.

PROMOTORIA DO MEIO AMBIENTE

Em contato com o promotor do meio ambiente, Antônio Carlos Garcia de Oliveira, foi informado que a morte do animal não é normal e precisa ser investigada. Para isso, o promotor disse que enviaria para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, um ofício solicitando a remoção do animal e a investigação da causa mortis.

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE

O caso foi comunicado para a Diretora do Departamento de Preservação, Licenciamento e Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Ana Paula Mendes Lima, que explicou que em casos como este, o procedimento adotado pela Secretaria é a remoção do corpo para que seja encaminhado para o aterro sanitário.

Antes disso, a equipe fotografa o animal e direciona para a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), com o objetivo de detectar a causa da morte.

Ainda segundo a Diretora, é comum a morte de animais na Lagoa Maior e muitos dos casos são por abate por arma de fogo ou em decorrência da quantidade de lixo presente no local, que muitas vezes é ingerido pelo animal, causando a morte.

Ambos os motivos configuram crime ambiental, porém, segundo Ana Paula, depois que o animal é encontrado morto não tem como investigar o caso e punir e autuar os responsáveis. Para combater situações assim, a Diretora informou que a Secretaria conta com um guarda da Municipal que fiscaliza o local diariamente, além de receber apoio da Polícia Militar, em casos mais graves.

FAUNA DA LAGOA

Além ase capivaras, outros animais que habitam a Lagoa Maior estão aos poucos, tendo sua população reduzida. Em 20 de junho deste ano, a reportagem do Perfil News denunciou a mortandade de peixes por falta de oxigênio, em decorrência do represamento da água.

No mês seguinte, no dia quatro, a reportagem veiculou uma notícia em que os frequentadores da Lagoa encontraram uma capivara, também adulta, morta e boiando na água.

Além dos peixes e capivaras, os gansos também estão sumindo do lugar. Segundo os dados parciais da Secretaria, existem atualmente, 150 capivaras e 50 gansos, porém, percebe-se a olho nu, que o número das aves é bem menor.

Segundo Ana Paula, a diminuição é um controle natural e como as aves não são animais nativos do local, deixam a área caso a oferta de alimento diminua. Porém, além de funcionários da prefeitura, frequentadores do espaço também alimentam as aves diariamente, contrariando o argumento da Diretora.

Por vários meses o Perfil News vem registrando e acompanhado as situações em que a natureza presenteia os frequentadores com em belo nascer do sol, bem como os animais em pose inusitada. Também tem sido registrado, o descaso da prefeitura, que não dá uma atenção melhor ao seu cartão postal e as atitudes da maioria dos frequentadores, que promovem pique-nique mas não recolhem o lixo, deixando no local, restos de alimentos e embalagens de refrigerantes e plásticos, que põem em risco a fauna e flora da Lagoa Maior.

Veja algumas dessas imagens captadas pelo jornalista Ricardo Ojeda: