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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Paralisação dos caminhoneiros chega ao 4º dia com desabastecimento e alta de preços no estado

24/05/2018 08h04

Já falta estoque de combustível e alimentos em postos e supermercados; pesquisa informal do Perfil News mostra que o Três-Lagoense apoia o movimento dos caminhoneiros

Gisele Berto

O protesto dos caminhoneiros – maior paralisação da categoria em duas décadas – segue hoje pelo quarto dia em Mato Grosso do Sul e começa a afetar o abastecimento em distribuidoras de alimentos, postos de combustíveis, supermercados, frigoríficos e também nos serviços dos Correios.

Desde segunda-feira, cerca de 500.000 caminhoneiros bloquearam trechos de 270 rodovias federais e estaduais para protestar contra alta de 50% no preço do diesel desde julho passado.

De acordo com o gerente executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de MS (Sinpetro), Edson Lazaroto, “a paralisação dos caminhoneiros já está afetando todo o segmento de combustíveis, principalmente nas cidades do interior, e as bases localizadas em Campo Grande estão operando com capacidade reduzida”. Segundo ele, caso a greve persista por mais dias, o abastecimento de todos os municípios do Estado ficará comprometido.

A Associação de Supermercados do Estado (Amas) também alerta sobre as carretas com mercadorias que estão retidas nas rodovias do Estado desde segunda-feira (21). Produtos como hortifrúti, perecíveis e não perecíveis já estão em falta nas gôndolas de estabelecimentos na Capital e no interior. O estoque disponível varia de acordo com cada loja, mas como, em geral, os supermercados costumam trabalhar com compras semanais, a estimativa é de que só haja mercadorias suficientes até sábado (26).

SUPERMERCADOS

Os supermercados do Estado já temem o desabastecimento a partir do próximo sábado (26) diante da paralisação nacional dos caminhoneiros, em protesto contra o preço do litro do diesel.

O presidente da Amas (Associação Sul-mato-grossense de Supermercados), Edmilson Jonas Veratti, afirma que praticamente não chegaram caminhões carregados com arroz, açúcar e óleo, entre outros produtos.

Ele explica que os estabelecimentos estão dependendo dos produtos que têm em estoque. As compras são feitas com uma semana de antecedência, ou seja, os empresários que solicitaram a entrega para segunda-feira ainda não receberam seus produtos. Segundo ele, os supermercados que ainda estão em situação “confortável” são aqueles que têm estoque para mais uma semana.

Edmilson afirma que a categoria està à deriva, sem possibilidade de traçar uma estratégia para compensar a falta dos produtos. “Dependemos da logística, todo mundo está parando. Chapadão do Sul e Costa Rica estão desde segunda-feira sem hortifruti”, relatou.

A paralisação dos caminhoneiros já afetou quem precisa dos produtos da Ceasa (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande. Alguns produtos custam três vezes mais caros.

A saca de 50 kg das batatas custava R$ 70 e nesta quarta-feira era comercializado a R$ 200, uma variação de 185,71%. A comerciante Ana Paula Lopes afirma que a caixa de 20 kg do abacate hoje custa R$ 35, mas poderá chegar a R$ 45. Mamão e melancia são outros produtos que devem ter o preço elevado, principalmente por se tratarem de produtos perecíveis.

“O mamão tem que sair da fazenda começando a amadurecer e chega aqui maduro para o consumidor final, mas se fica dois dias na estrada, começa a passar”, avisa.

PARALISAÇÃO NA JBS

A JBS anunciou ontem, quarta-feira, 23, a paralisação em menor escala das unidades que funcionam em Mato Grosso do Sul diante dos protestos dos caminhoneiros.

A empresa afirma que está adotando medidas em suas operações e logística, o que inclui a paralisação de unidades de carne bovina, aves e suínos. Conforme a nota publicada pela JBS, a medida atinge Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e em menor escala Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

Na terça-feira a Aurora Alimentos também informou a suspensão das atividades de processamento de aves e suínos em Mato Grosso do Sul. De acordo com a empresa, a capacidade de estocagem de produtos frigorificados é de 50 mil toneladas, mas já se encontra em situação delicada.

INDÚSTRIAS PARAM

A Federação das Indústrias do MS, Fiems, anunciou que a greve dos caminhoneiros em todo o Brasil já provocou a paralisação das atividades em 60% dos 6.201 estabelecimentos industriais de Mato Grosso do Sul, ou seja, já estão sem produzir 3.720 indústrias no Estado, conforme levantamento parcial realizado pela Fiems junto aos empresários do setor.

PESQUISA PERFIL NEWS

Em pesquisa informal, o jornal Perfil News constatou que mais de 90% dos cidadãos de Três Lagoas apoiam o movimento dos caminhoneiros pedindo a redução no preço dos combustíveis. Movimentos de apoio à paralisação são vistos por todo o país,

A GREVE CONTINUA

Representantes dos caminhoneiros estiveram no Palácio do Planalto nesta quarta em tratativas com ministros, que, no entanto, terminaram sem um acordo para colocar fim à paralisação e a categoria decidiu manter o movimento. Os caminhoneiros voltarão a se reunir com o governo do presidente Michel Temer (MDB) nesta quinta-feira, às 14h.

Na nova reunião no Planalto, contudo, o governo terá uma maior margem de negociação. Na noite desta quarta-feira, horas depois do encontro frustrado em Brasília, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, anunciou que a estatal vai diminuir em 10% o preço do óleo diesel nas refinarias pelos próximos 15 dias. Parente classificou a medida como um “gesto de boa vontade” no momento em que é necessária uma “trégua” – e não por pressão do governo e dos grevistas.

Com isso, o preço médio de venda da Petrobras nas refinarias e terminais sem tributos será de R$ 2,1016 por litro a partir de hoje. Este preço será mantido inalterado por período de 15 dias. Após este prazo, a companhia retomará gradualmente sua política de preços aprovada e divulgada em 30 de junho de 2017.

Esta decisão será aplicada apenas ao diesel e tem como objetivo permitir que o governo e representantes dos caminhoneiros tenham tempo para negociar um acordo definitivo para o contexto atual de greve e, ao mesmo tempo, evitar impactos negativos para a população e para as operações da empresa.

A Petrobrás afirmou que a medida é de caráter excepcional e não representa mudança na política de preços da empresa. Na visão da Petrobras, esta negociação passa necessariamente pela discussão de reduções da carga tributária federal e estadual incidente sobre este produto, uma vez que representam a maior parcela na formação dos preços do combustível.

ABUSO NO PREÇO

Aproveitando o movimento dos caminhoneiros alguns postos de combustíveis reajustaram de forma abusiva o preço dos combustíveis. No Distrito Federal um posto foi flagrado vendendo gasolina a 9,99.

Rio Brilhante agora pela manhã. Foto: Pablo Centenaro Thomaz.

Edmilson Verati, presidente da Associação dos Supermercados, alerta sobre risco de desabastecimento depois de sábado. Foto: Divulgação AMAS

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