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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Três Lagoas deve atrair mais projetos de celulose

15/08/2018 09h26

Consumo mundial de celulose tem crescido ao ritmo de 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas por ano, ou o equivalente a uma nova fábrica

Redação

O Brasil se consolidou como o principal destino global dos novos investimentos em produção de celulose e vai atrair mais projetos nos próximos anos, na avaliação de executivos da indústria. Porém, ao mesmo tempo em que oferece vantagens competitivas como menor tempo para colheita da árvore, recursos hídricos e área de plantio disponível, há desafios crescentes entre os quais gargalos de infraestrutura e crescimento das florestas plantadas em ritmo menor do que o de avanço do consumo de madeira.

“A floresta não está crescendo como a demanda e hoje não vemos florestas disponíveis onde está a demanda de madeira”, disse o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, durante conferência latino-americana da consultoria Risi. Para o executivo, nos próximos anos, a relação entre oferta e demanda de madeira ficará mais justa também no país. “A escassez de madeira tem sido um desafio no mundo todo”, afirmou.

RODADA DE CRESCIMENTO

Preparando-se para uma rodada de crescimento que ainda não tem data definida, a Suzano Papel e Celulose comprou recentemente uma área de plantio de eucalipto da Duratex, no interior de São Paulo. Logo após o anúncio de consolidação com a Fibria, contou o presidente Walter Schalka, não havia expectativa de ficar também com essa área – com a operação com a Fibria, o foco é integrar os ativos e reduzir a dívida da empresa combinada. Contudo, o dólar mais forte, que ajuda a geração de caixa, e os preços da celulose em patamares elevados levaram a companhia a exercer o direito de compra e abrir uma nova opção de crescimento no futuro.

Conforme Schalka, entre os países com potencial para atrair novos investimentos, o Brasil passou à condição de estrela após o anúncio da expansão da Arauco no Chile, o que deve limitar a oferta de madeira naquele país. Na Ásia, acrescentou o executivo, existe limitação grande de madeira e dificilmente haverá novos projetos. O Uruguai, que tem área bem menor que a do Brasil, pode ser uma fronteira para novos projetos, mas já existe um curso, o da UPM. “Então, o Brasil passa a ser a estrela com potencial de investimento futuro. Acho que haverá novos investimentos”, disse.

Já o principal executivo da produtora chilena de celulose e papel CMPC, Francisco Ruiz-Tagle, afirmou que a companhia não vê margem para expansão importante da capacidade de produção de celulose em seu país de origem e o próximo passo, nesse sentido, deve ser dado no Brasil. A CMPC opera uma fábrica em Guaíba (RS), que foi ampliada nos últimos anos. “Os próximos passos para crescimento relevante em celulose devem ser dados no Brasil, porque no Chile temos hoje pouca área e há ainda limitação para florestas”, afirmou o executivo. Contudo, antes de partir para um projeto de expansão, a empresa terá de formar florestas para atender a nova linha.

PAPER EXCELLENCE

Duas produtoras asiáticas, Royal Golden Eagle (RGE) e Paper Excellence (PE), dos mesmos donos da Asia Pulp & Paper (APP), já desembarcaram no país via aquisição. A RGE comprou a Lwarcel e há expectativa de que siga adiante com o projeto de expansão da fábrica de Lençóis Paulista (SP) e a PE está finalizando a compra do controle da Eldorado Brasil. Também nesse caso a aposta é a de que tão logo assumam 100% da empresa os novos acionistas vão partir para a construção da segunda linha na fábrica de Três Lagoas (MS).

Nos próximos dois anos, lembrou o diretor de Relações com Investidores da Eldorado, Rodrigo Libaber, não haverá entrada de capacidade adicional de celulose no mercado, o que deve dar suporte às cotações. E o cenário de preços elevados tende a impulsionar novos projetos. “A demanda cresceu em todas as regiões em 2017 e isso deve se repetir em 2018. Sem novos projetos, a tendência para os preços é positiva”, acrescentou. O consumo mundial de celulose tem crescido ao ritmo de 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas por ano, ou o equivalente a uma nova fábrica.

(*) Valor Econômico

Produção de celulose na indústria da Fibria, em Três Lagoas. (Foto: Ygor Andrade/Arquivo/Perfil News).

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