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sexta-feira, 29 de março de 2024

Viajar pela BR 262 é como participar de roleta russa, diz motorista

27/05/2014 12h06 – Atualizado em 27/05/2014 12h06

Trafegar pela BR-262 entre Três Lagoas e Água Clara é praticar “roleta russa”

Rodovia sem acostamento, esburacada, com ondulações e o mato tomando conta das margens; presença de animais na pista; sinalização falha, entre outros problemas, são conferidos todos os dias pelos usuários da rodovia federal, que está em estado de abandono no trecho de aproximadamente 140 km

Léo Lima e Ricardo Ojeda

A BR 262 é das mais importantes e movimentadas rodovias da região, mas mesmo diante da sua importância a via carece de investimentos e obras estruturais. A estrada que interliga vários estados e começa em Vitória (ES) e termina em Corumbá na fronteira do Brasil com a Bolívia, recebe no trecho que liga Três Lagoas a Água Clara um fluxo de 3 mil veículos/diários.

Construída em 1982, o trecho que liga Três Lagoas a Água Clara, a via tornou-se uma importante rota de escoamento da produção do Estado. Com a chegada das indústrias de celulose, o fluxo de veículos pesados aumentou consideravelmente, porém elevou as estatísticas de acidente no trecho, fato registrado pela Polícia Rodoviária Federal.

De acordo com o chefe da delegacia da PRF de Três Lagoas, inspetor Luis Carlos Gratão, quando a rodovia foi inaugurada os veículos que trafegavam eram VW Brasília, Ford Belina e caminhões de pequeno porte. “Naquela época nem existia os treminhões, que hoje trafegam em grande quantidade pela rodovia”, lembrou Gratão.

FLUXO

Atualmente o fluxo de veículos é intenso – uma média diária de 9 mil veículos, entre carros, ônibus, caminhões e os treminhões que transportam madeiras para as industrias de celulose. Essa movimentação impactou a malha, situação que diariamente coloca em risco os usuários da rodovia.

O próprio Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) avisa (no mapa sobre Condições das Rodovias): “Cuidado”, no quesito Alerta, e “Atenção – acostamento com defeito e desnível”, nas observações. Tais informações são para orientar os usuários da BR-262 que, antes de pegar a rodovia federal, acessam o site do Departamento para saber as condições que vão enfrentar ao viajar pela via, especialmente no trecho de aproximadamente 140 quilômetros entre Três Lagoas e Água Clara, em Mato Grosso do Sul. Veja mapa completo das condições da rodovia, no território de MS

Mas, não é somente na questão de condições da pista – que está com trechos em obras (construção de acostamento) – que o perigo se revela. Embora o Dnit informe que a sinalização é boa, o estado da rodovia, no geral, é bastante preocupante, especialmente quando o usuário não consegue visualizar placas e outras sinalizações (verticais e inclusive as horizontais), além de ter que ziguezaguear o veículo para fugir dos buracos incontáveis ou “lombadas” provocadas por “tapa-buracos” já realizados.

SEM ACOSTAMENTO

No caso de acostamento, existem quilômetros onde inexiste chance de o condutor de veículo parar por conta de algum problema. E onde existe área, mesmo sem o acostamento estar pavimentado, o desnível é o problema, visto que pode desencadear acidente.

O mato toma conta das margens da rodovia, no trecho referido. Com isso, a visualização dos equipamentos sinalizadores de trânsito fica prejudicada, o que pode levar também (aliado a outros fatores) a ocorrência de acidentes. Aliás, o trecho é onde mais se têm registrado acidentes fatais.

OBRAS PARADAS

Para completar o estado de caos que se registra nesse trecho da BR (do km 4,1 ao 142,8), existem informações de que a empreiteira que ganhou a licitação e estava promovendo a reforma da pista e construção do acostamento teria abandonado o canteiro de obras, preferindo executar o trecho que vai de Água Clara a Campo Grande.

Passados quase dois anos do início das obras (começadas em outubro de 2012), segundo fonte do Denit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte), apenas 10% estão concretizadas.

A empresa, a cuiabana Enpa – Engenharia e Parceria Ltda venceu a concorrência com outras sete participantes e foi contratada para executar as obras em cinco anos (três para construção/restauração e dois de manutenção) ao custo inicial de R$ 141.308.872,93. Já teria recebido parte desse dinheiro. Aliás, o pagamento é mensal, segundo fontes.

Ao todo são 325,6 km sob responsabilidade da Enpa, de Três Lagoas a Campo Grande. São cerca de 140 km de Três Lagoas a Água Clara. Somente 29 km foram restaurados no trecho (cerca de dez quilômetros após o “21”, onde fica o posto da PRF).

MELHORIAS

O projeto prevê também a construção de terceiras faixas em alguns trechos, melhorias no trecho urbano – avenida Ranulpho Marques Leal, inclusive com a construção de retornos e acessos em alguns cruzamentos da rodovia com algumas vias, assim como a construção de quebra-molas.

Conforme fonte do Dnit, uma “readequação” no projeto original foi feita pela empresa para garantir a sequência das obras, já que a rodovia sofreu deterioração em alguns pontos. No entanto, sem justificar o abandono do trecho até Água Clara e aceleração no que demanda esta cidade à Capital.

OPINIÕES

Até a placa denuncia rodovia em má conservação onde informa defeito em acostamento nos próximos 123 quilômetros no trecho entre Três Lagoas a Água Clara (Foto: Ricardo Ojeda)

Mesmo com a intensidade do trânsito de veículos pesados em vários trechos da BR 262 o mato avança sobre o acostamento (Foto: Ricardo Ojeda)

Inspetor da PRF Luis Carlos Gratão disse que a rodovia precisa ser readequada para receber trânsito pesado (Foto: Ricardo Ojeda)

Trânsito de veículos pesados e ausência de acostamento em vários trechos da rodovia aumentou as estatísticas de acidente com vítimas fatais nos últimos anos, como comprova as imagens abaixo (Fotos: Ricardo Ojeda)

Viajar pela BR 262 é como participar de roleta russa, diz motorista

Viajar pela BR 262 é como participar de roleta russa, diz motorista

De acordo com informações do Dnit, cerca de nove mil veículos passam diariamente pela rodovia (Foto: Ricardo Ojeda)

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