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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Arquivo Nacional debate patrimônio audiovisual governamental

30/10/2014 16h55 – Atualizado em 30/10/2014 16h55

Para comemorar o Dia Mundial de Preservação do Patrimônio Audiovisual, lembrado no último dia (27), o Arquivo Nacional iniciou hoje (29), no Rio de Janeiro, o seminário Arquivos em Risco: Muito Mais a Fazer, um Estudo de Caso da Agência Nacional. O seminário aborda questões relacionadas ao setor, em debates que prosseguem até a próxima sexta-feira (31).

O objetivo da discussão é fomentar a consciência social sobre a importância dos arquivos audiovisuais na formação da identidade cultural e buscar alternativas que ajudem a preservar o acervo, simultaneamente à sua difusão. O arquivo da Agência Nacional foi escolhido para tema do seminário por ser o maior banco de imagem em movimento do Arquivo Nacional, e também porque alguns documentos correm risco de perder qualidade se não houver mais investimentos de preservação.

O Arquivo Nacional quer chamar a atenção para a preservação de conjuntos documentais importantes para a história do país como um todo, que podem servir de inspiração para outras instituições e outros acervos, de acordo com o supervisor da equipe de Documentos Filmográficos do Arquivo Nacional, Antonio Laurindo.

“São registros únicos da Agência Nacional, que iam muito além da propaganda política. A gente encontra nos cinejornais e documentários a forma das manifestações culturais. Então, mesmo sendo uma época da ditadura militar, eles cobriam muitos eventos relacionados a cinema, artes plásticas, de turismo, e a gente encontra cinejornais sobre várias partes do país. É um passado recente muito importante para que as pessoas possam avaliar e repensar melhor a história do país”, disse ele.

A primeira experiência do Estado com a divulgação das informações se deu na década de 30. Uma época em que não existia a televisão, e as pessoas iam ao cinema para assistir cinejornais. Depois, esses departamentos foram mudando de nome, explicou. Tudo começou em 1939, com a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda, transformado em Agência Nacional, em 1945, responsável pela divulgação dos dados do governo até a década de 70. A partir de então vieram a Empresa Brasileira de Notícias, sucedida pela Radiobras e, há sete anos, pela Empresa Brasil de Comunicação-EBC.

Na avaliação da técnica de pesquisa e difusão do Acervo Nacional e mestra em ciência política, Viviane Gouvêa, a Agência Nacional é um fundo público muito importante e bastante consistente. “É um acervo que, se ninguém conhece, serve muito pouco, mas a questão é que, se o público não tiver conhecimento, na verdade para que serve aquele material, a não ser para o próprio poder público? Então, quanto mais o público conhecer a sua história e o seu passado, melhor”, disse.

De acordo com a historiadora Clarissa Castro, os cinejornais do governo democrático de Getúlio Vargas (1951–1954) mostravam o que é ser governo, e avaliando o material dos cinejornais é possível entender um pouco da lógica do governo, o que ele queria passar e a sua visão. Naquela época, a crise não era retratada nos jornais, em hipótese alguma, era para formar a união nacional, a coerência, a homogeneidade do governo.

“É muito comum a gente sentar, assistir um monte de coisa na televisão e no cinema, aquilo vai sendo incutido na nossa mente, e a gente não para a se perguntar quem está por trás dessa produção?, quem está fazendo?, qual a lógica da edição dessa produção?, se é neutra ou se é ingênua?. Não, não é. Tem um porquê, ainda mais se tratando de um órgão oficial, então era a figura do líder sendo exaltada, de Vargas, independente[mente] da crise do segundo governo dele, do governo democrático”, disse.

(*) AGÊNCIA BRASIL

Arquivo Nacional debate patrimônio audiovisual governamental

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