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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Ausência de sinalização e rotatórias em rodovia de Três Lagoas provoca morte de inocentes

22/08/2015 07h25 – Atualizado em 22/08/2015 07h25

Último acidente de trânsito fatal foi registrado na última quinta-feira (20). na BR 158. Trecho dá acesso ao aeroporto municipal Plínio Alarcon, mas não possui nenhum dispositivo de segurança ou redutor de velocidade. Fluxo de veículos no local é intenso

Ricardo Ojeda e Lucas Gustavo

O crescimento acelerado de uma cidade traz resultados que impactam de forma positiva e negativa o município. As consequências desses avanços, são das mais variadas ordens, principalmente no tocante social e na área da segurança pública.

Nos últimos anos, o desenvolvimento de Três Lagoas, impulsionado pela construção das fábricas de celulose e o complexo da Unidade de fertilizantes da Petrobras, foi acima da média se comparado aos demais municípios do País. A densidade demográfica foi ampliada consideravelmente em decorrência do desenvolvimento industrial.

Para atender a demanda, a cidade passa por transformações e adaptações que afetam o dia a dia da comunidade.

Nas imagens da galeria abaixo pode-se observar os trechos de rotatórias de um loteamento às margens de BR 158, bem como a rotatória de acesso à cidade pela avenida Filinto Muller e o acesso sem nenhuma sinalização ao aeroporto municipal.

Fotos: Ricardo Ojeda

(IN)SEGURANÇA NAS RODOVIAS

O ponto central abordado nesse texto refere-se à questão de segurança nas vias públicas, que foi impactada sobremaneira nos últimos anos. Três Lagoas é cercada por duas vias federais, a BR 262 e 158, e o crescimento populacional faz com que a cidade se aproxime dela. É aí que o problema começa.

O lançamento de empreendimentos imobiliários, edificações de prédios às margens das rodovias e a inauguração do aeroporto municipal, que teve seu acesso construído sem obediências às normas instituídas pelos órgãos fiscalizadores estão contribuindo para o aumento ocorrências preocupantes, vitimando pessoas que perdem a vida em decorrências da falta de fiscalização e da aplicação de dispositivos de segurança nas rodovias.

Abaixo, na sequência de fotos registradas em dezembro pela jornalista Patrícia Miranda, Nelson Burguel conversou com o diretor do Perfil News mostrando muito preocupado com a falta de sinalização e os perigos que a travessia oferece aos usuários. Decorridos oito meses, ele foi a vítima fatal.

VÍTIMA FATAL

O empresário Nelson Otto Burgel, de 88 anos, morreu na tarde de quinta-feira (20) quando atravessava a BR 158. O acidente foi registrado no trecho que cruza o acesso ao aeroporto municipal Plínio Alarcon, com a avenida Antonio Trajano. O local, embora seja uma das mais importantes artérias de cruzamento da cidade, é desprovido de sinalização e iluminação. Uma autêntica roleta russa.

Devido à violência da batida, a vítima teve crânio afundado depois que seu veículo, um Santana, foi arrastado por um caminhão que transportava carne. A vítima, que ficou presa às ferragens, foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros, mas chegou ao hospital sem vida.

ROLETA RUSSA

Na manhã de ontem (21), a equipe do Perfil News esteve no exato local da colisão e constatou que, apesar de a via ser de intenso movimento de veículos, não há nenhum dispositivo de segurança ou redutor de velocidade. Somente nos minutos em que permaneceu no trecho, a reportagem avistou diversos flagrantes de motoristas confusos pela falta de sinalização. Os condutores usam a sorte para entrar na pista e, muito deles, por pouco, não provocam acidentes durante as conversões.

Ainda na mesma rodovia, cerca de dois quilômetros e meio antes, na entrada e saída do loteamento Montanini, existe uma moderna rotatória na via. O dispositivo de segurança foi construído pelo próprio empreendimento e proporciona confiança aos condutores que trafegam pelo local. Mas, infelizmente, essa paz termina 1 minuto depois, quando o acesso ao aeroporto se aproxima.

DNIT

Ainda na quinta-feira, repórteres do Perfil News estiveram na unidade do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte) de Três Lagoas. O setor é quem administra e fiscaliza as rodovias do município. Milton Rocha Marinho, engenheiro e supervisor do órgão local prevê que, dentro de 60 dias, a construção de uma rotatória no trecho do acidente seja iniciada. De acordo com ele, após a assinatura da ordem de serviço o prazo de conclusão do dispositivo de segurança é de 40 dias.

Marinho, que lamenta a morte do mecânico, informou que a rotatória já deveria estar pronta, mas por conta da crise econômica brasileira as empreiteiras responsáveis pela obra decidiram abandonar o serviço. ‘’O governo federal infringiu uma cláusula do contrato atrasando o pagamento por mais de 90 dias. Foi quando as duas construtoras, que fizeram um consórcio para assumir os trabalhos, pediram rescisão do acordo. As terceirizadas estavam prontas para atuar, até mesmo as estacas já haviam sido colocadas no solo’’, lembrou.

Segundo o engenheiro, com a revogação contratual o projeto da rotatória teve de ser inserido do plano de trabalho de manutenção às rodovias. A medida, de acordo com ele, foi tomada para que o início da obra seja mais rápido.

‘’Estudamos a possibilidade de instalar uma lombada ou um semáforo no local, mas a burocracia é grande por parte dos órgãos federais e o método seria ainda mais lento, já que precisaria ser aberto um processo licitatório. A opção mais plausível foi acrescentar o projeto no contrato das atividades de manutenção’’, disse.

OBRIGAÇÃO DA PREFEITURA

Ainda durante entrevista ao Perfil News, Marinho revelou que o dever de construir a rotatória pertence à prefeitura. ‘’A legislação prega que quem chega até a via é quem deve fazer a intercessão, ou seja, providenciar o dispositivo de segurança. Sendo assim, é obrigação da administração de Três Lagoas assumir a responsabilidade da obra. O DNIT precisou intervir, pois o município se calou e não tomou nenhuma iniciativa’’, afirmou.

A prefeitura recebeu notificação do Ministério Público Federal para adotar meios com o objetivo de evitar acidentes de trânsito e, posteriormente, mortes no local. ‘’O aeroporto chegou em boa hora, pois a cidade cresceu e precisava desse avanço, mas percebemos que houve falha no planejamento do município, pois essa rotatória deveria ser prioridade’’, acrescentou o engenheiro.

Na BR 262, a reportagem registrou vários flagrantes que, por pouco, não ocasionaram acidentes. Nas proximidades de um posto de combustível, o perigo de colisões em largas proporções é iminente. O local é desprovido de rotatória e o único acesso é de forma irregular. O Dnit já notificou os proprietários e promete implantar mais protetores para impedir novos acesso à rodovia.

TRECHO 2

Outro trecho bastante movimentado, em Três Lagoas, e que também não dispõe de rotatória fica na BR 262, no bairro Vila Maria. Às margens da rodovia, foram construídos um posto de combustível, um hotel, uma lanchonete e um residencial e está sendo loteado. Ao registrar fotos do local, a reportagem do Perfil News se deparou com situações de ameaças de acidentes de trânsito por conta da falta de uma rotatória.

Para realizarem o contorno de seus veículos, na maioria das vezes caminhões, os motoristas precisam invadir a contramão da pista e a chance de colidirem em outros carros aumenta.
Neste caso, seguindo as normas de que aquele que constrói na beira da estrada é quem deve providenciar o dispositivo de segurança, o DNIT informou que a responsabilidade de implantação da rotatória é dos proprietários dos empreendimentos.

Informações levantadas pelo Perfil News, dão conta que apenas o dono do loteamento se prontificou a construir a rotatória. Os demais empresários não manifestaram interesse em colaborar com as despesas da obra e já foram notificados.

‘’O DNIT notificou o posto de combustível, o hotel e a lanchonete para que tomem atitudes a respeito do impasse, mas, até o momento, ninguém nos procurou. O próximo passo é encaminharmos o caso à Promotoria sob pena de a Justiça interditar os estabelecimentos’’, alertou Marinho.

O trecho que cruza a BR 158 e dá acesso ao aeroporto municipal Plínio Alarcon é muito movimentado e não possui nenhuma sinalização ou redutor de velocidade. Esse ér o local onda foi registrado o último acidente, que teve como vítima fatal Nelson Otto Burguel. (Foto: Ricardo Ojeda)  .

O Santana conduzido por Nelson Otto Burgel foi arrastado por mais de 40 metros na tarde de quinta-feira (20), enquanto ele atravessava a BR 158. (Foto: Perfil News).

Ausência de sinalização e rotatórias em rodovia de Três Lagoas provoca morte de inocentes

Ausência de sinalização e rotatórias em rodovia de Três Lagoas provoca morte de inocentes

No local onde aconteceu o acidente, no dia seguinte, pela manhã, não havia nenhuma fiscalização, e o fluxo de veículos fluía normalmente como se nada tivesse acontecido. (Foto: Ricardo Ojeda).

Milton Rocha Marinho, chefe do escritório regional do Dnit, recebeu a reportagem do Perfil News. O projeto da rotatória está concluído e aprovado, porém a burocracia impede o processe se acelere. (Foto: Lucas Gustavo) .

Ausência de sinalização e rotatórias em rodovia de Três Lagoas provoca morte de inocentes

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