16/07/2018 16h05
Segundo a defesa, Wilson Santos Silva é surdo e não estava embriagado, pois tinha bebido apenas um ‘gole de cerveja’. Ele atingiu Mariah Silva, de 1 ano, quando manobrava o carro, após confraternização familiar.
Redação
O gesseiro Wilson Santos Silva, de 33 anos, está transtornado após matar a prima Mariah Pereira Silva, de 1 ano, atropelada, em Itumbiara, no sul goiano, quando saía de uma confraternização familiar. O advogado do motorista, Maércio Venâncio Machado, disse que o cliente é surdo e afirma que não viu a criança.
“Ele está muito abalado, quando falaram que a criança tinha morrido, ele ficou transtornado, disse que não tinha feito nada, ele não estava acreditando. Ele não viu a menina”, disse.
O acidente aconteceu por volta das 21h de sábado (14), em frente à casa em que a avó da criança mora. O motorista atingiu a menina com a parte traseira do carro, quando manobrava o veículo.
Segundo a funcionária pública Jovenita Lourenço Silva, de 46 anos, que é a tia-avó da vítima e também mora no local, os pais da menina e outros parentes estavam sentados na porta da residência e não viram quando a criança foi para a rua.
“Eles estavam lá e também não viram, não sabem nem explicar. Um amigo do meu sobrinho ouviu um barulho e, quando o Wilson saiu com o carro, viram ela lá no chão”, contou Jovenita.
Os familiares acionaram o Corpo de Bombeiros. A equipe socorreu Mariah e a encaminhou para um hospital, onde já chegou sem vida.
Após o acidente, Wilson voltou ao local do atropelamento e foi detido. De acordo com o delegado Vinícius Penna, responsável pelo caso, o homem foi autuado em flagrante por homicídio culposo na direção de veículo, quando não há a intenção de matar, com agravante pela ingestão de bebida alcoólica.
“Ele confessou ter tomado uma lata de cerveja. Quando foi sair com o carro, acabou atropelando a criança, que tinha corrido para a rua sem ninguém ver”, disse o delegado.
Segundo o advogado, Wilson apenas “deu um gole numa cerveja” e não estava embriagado. O parente da vítima não passou pelo teste do bafômetro.
Alvará de soltura
Ao analisar o flagrante, o juiz Sílvio Jacinto Pereira concedeu a liberdade provisória a Wilson, no domingo (15). No alvará de soltura, o magistrado considera que o homem é réu primário e que não há “indícios mínimos de que a liberdade do conduzido trará risco à ordem pública, ao cumprimento da lei penal, à instrução criminal”.
O juiz também levou em consideração a superlotação do presídio da cidade e o fato de o acidente não ter sido intencional. “Pelas circunstâncias apresentadas até o momento, é possível até mesmo o perdão judicial, já que a vítima, criança, é parente” de Wilson.
Investigação
O delegado explicou que, apesar da deficiência, Wilson tinha uma Carteira Nacional de Habilitação válida. Segundo a legislação, quem é surdo pode obter a licença para dirigir normalmente, mas deve utilizar um adesivo no veículo com o símbolo internacional de surdez.
Vinícius aguarda receber o procedimento da prisão em flagrante para dar continuidade às investigações. Ele ainda vai identificar e intimar testemunhas para que prestem depoimento.
Mãe desesperada
A funcionária pública afirma que Mariah tinha feito 1 ano no último dia 18 de junho.
“Com a Mariah não tinha tristeza, não dava trabalho. Ela já andava, falava”, conta a tia-avó.
De acordo com Jovenita, a família está extremamente abalada. “Minha sobrinha não está em condições de conversar, ela só chora. Ficamos vigiando o tempo todo, foi muito rápido”, lamenta.
O corpo de Mariah foi velado enterrado no domingo, por volta das 17h30.
(*) G1