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sábado, 20 de abril de 2024

Descaso com estado da BR-262 continua fazendo vítimas

31/01/2015 12h20 – Atualizado em 31/01/2015 12h20

Três da mesma família, entre eles uma idosa de 86 anos, ficaram feridos em um capotamento de carro no km 41 da BR-262, na noite de ontem; um buraco na pista teria causado o acidente

Léo Lima

Uma idosa de 86 anos é a mais recente vítima do descaso das autoridades e da morosidade da empreiteira contratada em executar o serviço. Ela, junto com o filho e a nora viajava pela BR-262, sentido Capital a Três Lagoas, quando, no quilômetro 41 da rodovia, pouco antes de posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal), sofreu acidente automobilístico, por volta das 21h30 de ontem (30). Tudo por conta de um (entre milhares) de buraco existente na pista.

O próprio filho da vítima revela: perdeu o controle do Fiat Uno que conduzia ao passar em cima do buraco. O carro saiu da pista e capotou várias vezes. Ele e a esposa sofreram apenas ferimentos leves, enquanto sua mãe, segundo os socorristas do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), apresentou quadro de possível fratura de costelas.

Em maio do ano passado, o Perfil News foi conferir in loco o problema, constatando que o trecho (de aproximadamente 140 quilômetros) da referida rodovia, entre Três Lagoas e Água Clara, está praticamente intransitável devido aos incontáveis buracos na pavimentação asfáltica. Além disso, não existe acostamento. “Teve uma vez que o ônibus estragou e tive que parar na pista; além disso, a sinalização praticamente não existe”, afirmou na ocasião a motorista Cristiani Neves da Silva. “Um trecho totalmente impossível de se dirigir com segurança; esburacado em muitos pontos, sinalização falha, sem acostamento e não tem serviço de socorro”, emendou David Nitcipurenco, outro motorista entrevistado.

DADOS PREOCUPANTES

Da barragem de Jupiá até o quilômetro 10 da BR-262, até meados de dezembro de 2014, segundo a PRF, aconteceram 182 acidentes, 99 deles graves, deixando 27 pessoas feridas e quatro mortas. Tal quadro trágico posicionou Três Lagoas em primeiro lugar dentre os dez pontos críticos onde mais acontecem acidentes em Mato Grosso do Sul. Supera, inclusive, registros de ocorrências do gênero em outras rodovias onde, anteriormente, costumava-se denominar como “estrada da morte”.

A BR 262 é das mais importantes e movimentadas rodovias da região, mas mesmo diante da sua importância a via carece de investimentos e obras estruturais. A estrada que interliga vários estados e começa em Vitória (ES) e termina em Corumbá na fronteira do Brasil com a Bolívia, recebe no trecho que liga Três Lagoas a Água Clara um fluxo de 3 mil veículos/diários.

OBRAS PARADAS

Para completar o estado de caos que se registra nesse trecho da BR (do km 4,1 ao 142,8), existem informações de que a empreiteira que ganhou a licitação e que estava promovendo a reforma da pista e construção do acostamento teria abandonado o canteiro de obras, preferindo executar o trecho que vai de Água Clara a Campo Grande.

Passados quase dois anos do início das obras (começadas em outubro de 2012), segundo fonte do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte), apenas 10% estão concretizadas.

A empresa, a cuiabana Enpa – Engenharia e Parceria Ltda venceu a concorrência com outras sete participantes e foi contratada para executar as obras em cinco anos (três para construção/restauração e dois de manutenção) ao custo inicial de R$ 141.308.872,93. Já teria recebido parte desse dinheiro. Aliás, o pagamento é mensal, segundo fontes.

Ao todo são 325,6 km sob responsabilidade da Enpa, de Três Lagoas a Campo Grande. São cerca de 140 km de Três Lagoas a Água Clara. Somente 29 km foram restaurados no trecho (cerca de dez quilômetros após o “21”, onde fica o posto da PRF).

Além dos buracos na pista, a falta de acostamento também é um transtorno para os usuários da rodovia (Foto: Arquivo/Perfil News)

Transportando trabalhadores todos os dias, Cristiani se arrisca trafegando com o ônibus por entre os buracos da rodovia (Foto: Arquivo/Perfil News)

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