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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Justiça e Sindicato afirmam que pagamento de trabalhadores depende da Caixa Econômica Federal

23/12/2014 11h14 – Atualizado em 23/12/2014 11h14

Desde o meio da semana passada, quando da confirmação do bloqueio dos quase R$ 50milhões determinados pela Justiça do Trabalho, a CEF está responsável pelo movimento das contas dos trabalhadores da UFN3 (demitidos e na ativa), e ainda hoje cerca de 100 ex-colaboradores do Consórcio ainda amargam fila à espera de seus direitos trabalhistas

Léo Lima e Ricardo Ojeda

“Dinheiro para honrar os acertos trabalhistas tem; falta depositar nas contas dos trabalhadores. O que sabemos é que alguns – cerca de uns 400 [trabalhadores demitidos] – já receberam; inclusive, temos os comprovantes dos saques”. A afirmação é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil Pesada (Sintiespav), Nivaldo Moreira, que nesta manhã (23), antevéspera do Natal, se mostra preocupado com a não solução, de fato, da questão do não pagamento total dos direitos dos trabalhadores do Consórcio UFN3, demitidos ou ainda na ativa.

A juíza substituta Daniela Peruca, da 1ª Vara do Trabalho de Três Lagoas, a primeira a acatar ação cautelar movida pelo Ministério Público do Trabalho e motivada pelo Sintiespav, que está de plantão na Justiça Trabalhista local, procurada pela reportagem do Perfil News, agora há pouco, disse que não tem informação de que algum instrumento jurídico recursal foi impetrado pelas empresas Galvão Engenharia e Sinopec Petroleum do Brasil (que comandavam o Consórcio UFN3) ou mesmo a Petrobrás, com objetivo de conturbar o processo já em curso de repasse das verbas bloqueadas às contas dos trabalhadores pela Caixa Econômica Federal. “A Caixa está responsável pela transferência desses pagamentos”, concluiu a magistrada.

”RÁDIO PEÃO”

Na porta da agência da CEF da rua Paranaíba, centro de Três Lagoas, se acotovelam nas calçadas (agora) mais de 150 trabalhadores, a maioria demitida da UFN3 e com intenção de deixar a cidade em direção às suas cidades. Grande parte oriunda da região nordeste do país. No entanto, existem aqueles que moram em outras regiões, como o paranaense de Londrina, Régis Marcos da Silva, que chegou nesta madrugada a Três Lagoas e já se postou em frente ao banco. É o primeiro da enorme fila que se estende até nas proximidades da agência dos Correios, na esquina da avenida Antônio Trajano. “Cheguei aqui era uma hora da madrugada; viajei 500 quilômetros, logo que soube de que o dinheiro estava sendo repassado para nós. Mas, não tenho conta na Caixa [Econômica Federal] e me avisaram que era melhor abrir uma [conta corrente] para facilitar o saque. Mas também a ‘rádio peão’ [evento agitado por colegas, “de boca-em-boca”] informou que dava para sacar na “boca do caixa”. Estou aguardando alguma informação oficial sobre isso”, comentou Régis, que trabalhou um ano e dois meses no canteiro de obras da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) da Petrobras em Três Lagoas.

Outro que estava na fila, mas um tanto longe de Régis, era o encarregado de elétrica Sérgio Rocha de Souza, de Três Lagoas. Casado, pai de três filhos, ele conta que trabalhou um ano e nove meses para o Consórcio e esperava, como todos os componentes da fila, receber seus direitos trabalhistas. “Cheguei aqui perto das 7h30. Me disseram que o dinheiro ia ser repassado para a conta de cada trabalhador, mas na minha ainda não caiu nada”, reclamou.

POSIÇÃO DA CEF

Um funcionário da CEF recebeu a equipe do Perfil News na porta da agência, em meio ao grande movimento que já se registrava perto das 8 horas desta terça-feira (23). Sem muitas respostas a propósito do processo de repasse das verbas para as contas dos trabalhadores do Consórcio, ele disse que Clóvis Luciano Martins, gerente geral da Caixa em Três Lagoas, poderia explicar melhor o que estava acontecendo a propósito.

Enquanto isso, a fila aumentava e viaturas do 2º Batalhão de Polícia Militar eram estacionadas próximas à agência. O intuito das guarnições da PM era para evitar tumultos e conflitos.

De volta ao Sintiespav, a equipe do Perfil News novamente esteve como o presidente Nivaldo Moreira que ratificou as palavras da juíza Daniela Peruca no que se refere ao desconhecimento do “por quê” que ainda não foram repassados os acertos trabalhistas nas contas dos colaboradores da UFN3.

A última tentativa de Petrobrás em atrapalhar o processo, segundo Nivaldo Moreira, foi derrocada pela ação decisiva do desembargador Amaury Rodrigues Pinto Júnior, do Tribunal Regional do Trabalho, onde ele acompanhou a decisão da juíza Daniela Peruca na determinação do bloqueio e consequente liberação das verbas bloqueadas para serem repassadas aos trabalhadores. “Tudo está nas mãos da Caixa Econômica Federal agora”, comentou o sindicalista.

Com relação à CEF, via telefone (67-2105-2121) informado pelo funcionário que atendeu os jornalistas, o número mantinha constante o toque de ocupado. Portanto, não foi possível até o momento saber a posição da Caixa com relação ao processo de repasse do dinheiro aos trabalhadores. “Nós também queremos saber quem já recebeu; não temos uma planilha disso”, concluiu Nivaldo Moreira, do Sintiespav.

Na primeira hora de hoje trabalhadores começaram a concentrar em frente da agência da Caixa Econômica Federal da Rua Paranaíba, área central da cidade (Foto: Ricardo Ojeda)

Nivaldo Moreira, presidente do Sintiespav disse ao Perfil news que está tentando obter junto à gerência da CEF uma planilha diária com os nomes dos trabalhadores que conseguiram receber o acerto trabalhista (Foto: Léo Lima)

Por volta das 08hs00 a Polícia Militar foi acionada para acompanhar a movimentação dos trabalhadores (Foto: Ricardo Ojeda)

O movimento  da fila foi aumentando que chegou a impedir a entrada da agência do Banco do Brasil, que fica ao lado da CEF (Foto: Ricardo Ojeda)

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