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Três Lagoas
quinta-feira, 25 de abril de 2024

Com previsão de que 2015 será “ano difícil”, Marcia espera tocar administração mais enxuta ano que vem

29/12/2014 08h00 – Atualizado em 29/12/2014 08h00

A prefeita da Três Lagoas, em entrevista ao Perfil News, faz balanço da administração em 2014, preconizando dificuldades para o ano que vem, mas afirma que tem novas perspectivas

Léo Lima e Ricardo Ojeda

Um 2015 que vislumbra um cenário difícil em termos de desenvolvimento de projetos e recursos para financiar obras é o que preconiza a prefeita de Três Lagoas Marcia Moura, destacando, no entanto, que para superar as dificuldades vai trabalhar ainda mais e reduzir gastos, readequando o quadro de auxiliares diretos.

Marcia, em entrevista ao Perfil News, foi enfática na afirmação de que prevê um cenário “bem difícil” para o próximo ano, especialmente pelo advento de novos governos, tanto no Mato Grosso do Sul quanto na nova administração de Dilma Roussef na presidência do país. Neste caso, a visão do comportamento que o novo governador tomará em sua administração só poderá ser conferida, na opinião da prefeita, após os quatro primeiros meses de governo. “Vamos aguardar”, concluiu.

Segurança pública, saúde e altas taxas de impostos cobradas pelo governo foram os piores itens avaliados em recente pesquisa Ibope/CNI. Investimentos em programas sociais e na área de educação foram os mais lembrados pelos entrevistados. “No caso da nossa presidenta, esperamos que ela volte as vistas ainda mais para os municípios, proporcionando obras capazes de alavancar o crescimento. O governo federal precisa estar mais presente. Os repasses federais não foram suficientes. Três Lagoas precisa de maior atenção”, cobrou Marcia.

DISPARIDADE DE REPASSES

As necessidades da municipalidade com relação à captação de recursos para suportar os investimentos em obras à população, não obteve o apoio devido. Nem do governo estadual, tampouco da União.

Segundo a prefeita, exemplificando o recuo dos repasses, este ano era para aportar o Município recursos de R$ 80 milhões do PAC-2 (Plano de Aceleração do Crescimento), mais veio somente R$ 5 milhões – um descompasso que prejudicou a administração municipal, conforme Marcia.

Ainda em termos de arrecadação, a municipalidade sofreu com a redução do volume de importantes fontes, como o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias) e FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Marcia Moura explicou que “2014 foi um ano muito difícil, especialmente com os cortes [recursos]. Esperávamos R$ 30 milhões do governo estadual e veio somente R$ 23 milhões”.

Marcia colocou que, para o fechamento da folha de pagamento dos servidores, houve dificuldade, mas no final ela conseguiu. “Com alguns fornecedores nós vamos fechar até janeiro”, comentou.

URBANISMO

A prefeita de Três Lagoas, embora as dificuldades financeiras, pretende dar maior atenção ainda ao cartão postal da cidade, a Lagoa Maior, não esquecendo também das outras duas lagoas. “Já realizamos várias melhorias na Lagoa Maior, cuidando da orla com iluminação pública, coleta de lixo, pavimentação.

A revitalização da área faz parte dos planos que Marcia tem para o ano do centenário da cidade. Além de promover melhorias nas outras duas lagoas, a prefeita pretende a transformação da Lagoa Maior em “monumento natural” (unidades criadas com a finalidade de preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica). “Para tanto, vamos realizar em janeiro agora uma audiência pública para dar inicio ao processo”, adiantou Marcia.

No aspecto urbanístico, a prefeita não poderia deixar de enfocar uma das questões mais emblemáticas, a retirada dos trilhos da ferrovia, que também corroborou para o progresso da região, mas que nos últimos tempos vinha sendo palco de acidentes – até graves – e preocupação das autoridades. Com o advento do contorno ferroviário, recém inaugurado, resta agora para a Prefeitura promover a retirada do “caminho dos trens”, aliviando a comunidade do transtorno. Segundo Marcia, a revitalização da área de servidão dos trilhos terá início com a construção do Instituto de Biomassa do Sesi. “Vamos também revitalizar o estádio da Aden, com espaço adequado para nossos atletas treinarem. Queremos ainda revitalizar a área onde está o prédio antigo da administração da ferrovia, assim como abrir novas ruas e ampliar o acesso da avenida Antônio Trajano”, destacou a prefeita.

MOMENTO HISTÓRICO

Ela referenciou ainda, durante a entrevista, alguns fatores que contribuíram para o desenvolvimento do Município. “A ferrovia [Norte-Sul, que vai passar por Três Lagoas], contorno ferroviário, a melhoria do abastecimento de água, com a desativação do Palmito, e a construção do hospital regional, são imprescindíveis para que o crescimento prossiga”, avaliou Marcia, concluindo que “é um momento histórico” que Três Lagoas atravessa.

Outro aspecto no setor é a área de habitação, onde ocorreu a entrega de 1.224 unidades e Marcia Moura anuncia que até junho do ano que vem mais 1.432 casas deverão ser entregues.

Mas, o asfalto e drenagem são as principais reivindicações da população e fazem parte dos planos da prefeita para 2015. As obras, inicialmente, beneficiarão os bairros Carandá, Novo Oeste, Vila Haro, Vila Nova, Vila Alegre e outros.

CALOTE DA UFN3

Um episódio que marcou a administração Marcia Moura não poderia ficar de fora do questionamento dos jornalistas do Perfil News: a construção da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) da Petrobrás gerou expectativa, edificou o projeto, fortaleceu a economia e destoou o sossego socioeconômico do Município, no final.

A formação do Consórcio UFN3, comandado pela Galvão Engenharia (principalmente) e Sinopec Petroleum do Brasil (empresa chinesa que pretender seguir o projeto e concluir a obra), trouxe prejuízos a empresários e trabalhadores, ao final.

Recentemente, quase 3.500 (dos mais de seis mil colaboradores da UFN3, quando do início da edificação da Fafen) conseguiram, através da ação do Ministério Público do Trabalho (motivado pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil Pesada – Sintiespav) e Justiça do Trabalho, o bloqueio de verbas, inclusive (a maioria dos recursos) da Petrobrás, para custear os acertos trabalhistas não cumpridos pelo Consórcio.

Marcia esteve no Rio de Janeiro, na sede da Petrobrás, junto com o empresário Atílio D’Agosto – presidente da Associação Comercial e Empresarial de Três Lagoas -, para colocar à direção da estatal a preocupante situação dos trabalhadores [até então sem ter os direitos pagos] e dos fornecedores de serviços e equipamentos ao Consórcio. “Mais de 60 empresários de Três Lagoas estão sem receber pelos serviços prestados e grande parte está para fechar as portas”, reclamou a prefeita.

Agora, no próximo dia 30 deste, antepenúltimo dia de 2014, antevéspera do “Ano Bom”, do “Novo Ano”, provavelmente, os empresários alvos do calote da UFN3 possam ter o presente que tanto esperam: o retorno financeiro aos seus investimentos, que alcançam aproximadamente R$ 12 milhões, segundo Marcia.

A prefeita  Marcia Moura recebeu a reportagem do Perfil News e durante a entrevista fez um balanço da administração durante o ano, prevendo dias difíceis para o próximo ano (Foto: Patrícia Miranda0

Marcia Moura explica ao jornalista Ricardo Ojeda como é feito os repasses de convênios ao município de Três Lagoas (Foto: Patrícia Miranda)

Com previsão de que 2015 será “ano difícil”, Marcia espera tocar administração mais enxuta ano que vem

Durante entrevista, o assessor de Comunicação da prefeitura, Sebastião Neto acompanhou as indagações dos jornalistas (Foto: Patrícia Miranda)

Com previsão de que 2015 será “ano difícil”, Marcia espera tocar administração mais enxuta ano que vem

Com a presença do governador Andre Puccinelli e do ministro dos Transportes, Paulo Sergio Passos, a prefeita acompanhou a inauguração do Contorno Ferroviário, que ela avaliou como momento histórico para o município (Foto: Ricardo Ojeda)

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