30/07/2014 17h38 – Atualizado em 30/07/2014 17h38
O presidente da Fiems, Sérgio Longen, destacou a importância da iniciativa da CNI para estabelecer o diálogo da indústria com os candidatos
Da Redação
Com a presença de cerca de 500 empresários industriais de todo o Brasil, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) promoveu, nesta quarta-feira (30/07), em Brasília (DF), o “Diálogo da Indústria com Candidatos à Presidência da República”, que reuniu a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, e os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Durante o evento, foram apresentadas as propostas da indústria para as eleições 2014, que incluem sugestões de curto, médio e longo prazos para o Brasil e a indústria ganharem competitividade.
As propostas, que foram reunidas em 42 estudos já tinham sido entregues previamente aos presidenciáveis, pautaram o evento. Na avaliação do presidente da Fiems, Sérgio Longen, a importância de reunir os três principais candidatos a presidente do Brasil e a presença do Estado nesse evento foi, primeiramente, possibilitar a abertura do diálogo com a indústria. “Precisamos avaliar hoje a necessidade de implantarmos medidas necessárias para aumentar a competitividade da indústria nacional. Mato Grosso do Sul tem sido impactado, diretamente, pelas leis, taxas e tarifas definidas nacionalmente e isso tem atrapalhado o desenvolvimento estadual”, analisou.
Ele acrescenta que é normal nas eleições que os candidatos se apresentem e tragam suas propostas para o setor industrial. “No entanto, por meio da articulação da CNI, estamos levando até os candidatos as nossas propostas e, precisamos, que elas sejam implementadas. Os candidatos à presidência da República precisam reconhecer as dificuldades pelas quais o setor passa atualmente para que possam adotar as mudanças necessárias para a melhoria das indústrias”, reforçou.
“É uma excelente oportunidade para dialogar sobre as grandes questões nacionais. Precisamos urgentemente melhorar as condições para que as empresas concorram no mercado interno e externo. Nosso objetivo é contribuir para a consolidação de um país economicamente desenvolvido”, disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
EDUARDO CAMPOS
O candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB) foi o primeiro a falar sobre suas propostas para os empresários participantes do “Diálogo da Indústria com Candidatos à Presidência da República”. Ele disse que as reformas política e tributária terão prioridade em seu eventual governo, garantindo que não aumentará a carga de impostos e prometendo que, caso seja eleito, enviará ao Congresso Nacional na primeira semana de governo uma proposta de reforma tributária, focada na simplificação, na desoneração dos investimentos e das exportações e na eliminação da cumulatividade dos tributos.
Ao lado da candidata a vice-presidente Marina Silva (PSB), Eduardo Campos elogiou a iniciativa da CNI e contou que sua equipe se dedicou a estudar as Propostas da Indústria para as Eleições 2014. O empresário José Rubens de La Rosa, presidente da Marcopolo, responsável por apresentar parte das propostas da indústria a Eduardo Campos, destacou o próximo governante deve investir em uma governança voltada para a competitividade.
“Precisamos de uma governança de como podemos praticar importantes mudanças. É preciso, para o sucesso dessa agenda de governança, uma enorme liderança empresarial, a liderança do Executivo na definição de prioridades e no foco de resultados. Isso impacta transversalmente todos os ministérios”, afirmou La Rosa.
AÉCIO NEVES
Já o candidato do PSDB à presidência da República, Aécio Neves, prometeu, caso seja eleito, propor logo na “largada” do governo um projeto de simplificação do sistema tributário. À plateia de empresários, Aécio afirmou que a simplificação é necessária para garantir maior competitividade da indústria brasileira, com a redução dos encargos tributários. Segundo Aécio, é preciso avançar em políticas que incentivem o investimento privado em obras, principalmente de infraestrutura.
“Assumo de público aqui que, nos primeiros dias de governo, farei a simplificação do sistema tributário. Temos que caminhar na construção de um IVA (imposto sobre valor agregado) em substituição a esse conjunto de impostos que inferniza o setor produtivo do Brasil hoje”, afirmou. Segundo ele, a simplificação do sistema tributário “na largada do governo […] vai permitir uma redução horizontal na carga tributária”.
Ele prometeu enviar ao Congresso o projeto de simplificação dos tributos “nos primeiros dias” de governo “focando, fundamentalmente, na incidência dos impostos indiretos”. Aécio criticou a condução da gestão do PT na economia e afirmou que os resultados “pífios” do Brasil são consequência de escolhas erradas. Segundo o candidato, o “aprendizado” do PT na Presidência “vem custando caro” ao Brasil em razão do “atraso” na relação da administração pública federal com o setor privado. “A grande verdade é que ao longo dos últimos 12 anos o atual governo demonizou as privatizações, as concessões e as parcerias com o setor privado. Mas eu aprendi muito cedo que o ativo mais valioso da política é o tempo. E o aprendizado do PT no governo vem custando muito caro ao Brasil”, disse.
DILMA ROUSSEF
A presidente Dilma Rousseff, que foi a terceira e última a falar aos empresário, afirmou que há uma conspiração contra a concessão de financiamentos públicos pelo governo federal. Segundo ela, há propostas pelas quais o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal deixariam de financiar a atividade industrial. Dilma não nomeou os supostos conspiradores. “Vocês sabem que há propostas nas quais BNDES, Banco do Brasil e Caixa deixariam de financiar nessas condições a indústria. É fato que muitos conspiram aberta e envergonhadamente contra o financiamento público. As críticas se originam dos mesmos que criticam desonerações, compras governamentais e a existência da política industrial”, declarou.
Segundo a presidente, o governo atuou para resgatar a política industrial e deu como exemplo ações voltadas para a indústria naval. “Uma das marcas dessa mudança é termos resgatado a política industrial numa perspectiva estruturante, superando fortes preconceitos. Durante muito tempo disseram que o Brasil precisava de política industrial. Nossa experiência com a indústria naval, que renasceu com a decisão tomada em 2003 e permanentemente reiterada ao longo do tempo, mostrou toda a potencialidade política das compras governamentais, e nós podemos e devemos fazer uma política em favor da indústria brasileira.”
A presidente lembrou que a política industrial de seu governo permitiu “forte desoneração” de tributos e o aumento das compras governamentais. Ela disse ainda que a gestão influenciou a formação técnica com foco na inovação. Segundo Dilma, o governo retomou o estabelecimento de marcos regulatórios e os investimentos em infraestrutura. Para Dilma, a indústria não pode ser “deixada ao sabor das situações do mercado”. “Eu meu governo mantivemos diálogo constante com a CNI. Não obviamente concordamos com tudo, mas traçamos os principais eixos da política industrial com base nesse diálogo. E vamos continuar fazendo o embate técnico e o embate político para a competitividade da economia.”
(*) Com informações de Assecom Fiems