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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Jornalista é preso com mandado prescrito e denuncia intimidação política

22/01/2016 09h13 – Atualizado em 22/01/2016 09h13

Nilson Pereira foi abordado em bar por cinco policiais, que decretaram voz de prisão, sem justificar a ação

Da redação

A prisão de um jornalista no início da noite de ontem (21) causou grande confusão em um bar na Vila Glória, em Campo Grande. Segundo testemunhas, cinco policiais civis chegaram em um veículo descaracterizado procurando por Nilson Pereira e deram voz de prisão sem apresentar o mandado para comprovar a decisão judicial.

Após discussão iniciada por amigos da vítima, que consideraram a abordagem ultrajante, Nilson deixou o local acompanhado das autoridades policiais. Ele foi encaminhado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro, onde ficou detido até a chegada de seu advogado, o presidente da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil), Mansour Elias Karmouche.

A defesa da vítima foi atendida pelo delegado João Eduardo Santana Davanço, que consultou o sistema do Tribunal de Justiça e verificou que o mandado de prisão estava prescrito desde 2005. “Tinha um mandado de prisão em aberto que o advogado dele não tinha dado baixa. É de uma ação penal de uma empresa chamada Poupaganha, mas a ação foi extinta em 2011. Nesse caso é difícil apurar a responsabilidade porque o Fórum vai dizer que mandou ofício e a polícia que não recebeu”, explica Mansour.

O jornalista Nilson Pereira relata que foi humilhado na frente de seus amigos e acredita que a prisão foi arquitetada por seus inimigos políticos, que teriam encontrado a falha no sistema judicial e realizado uma denúncia anônima. As suspeitas foram motivadas pelo local em que ele foi exposto já que, em casos como este, a polícia procura o investigado primeiramente em sua residência.

“Foi a maior vergonha. Os policias chegaram em uma viatura descaracterizada, sem mandado de prisão. Só perguntaram quem é Nilson Pereira. Como sou muito conhecido logo me apresentei. Eles já disseram ‘você está preso’. Um absurdo. Foi o maior rebu. Meus amigos não queriam que eu fosse, mas meu advogado falou ‘vai pra lá que a gente resolve’, então eu fui”, conta.

Segundo ele, a condenação data de um processo iniciado em 1982, quando ele denunciou suposto esquema de estelionato, em que uma empresa de um dono poderoso oferecia consórcios de um produto e entregava outro para os sorteados. Nilson explica que recebeu a condenação de sete meses de prisão, no entanto, o processo foi extinto pelo juiz Albino Coimbra Neto.

“Foi uma prisão motivada por problemas políticos, que eu sou contra a atual administração. Tinham me avisado anteriormente que o Paulo Pedra, hoje secretario de governo do [prefeito Alcides] Bernal, iria mandar me prender. Ficou mal pra mim, fui preso diante de umas 50 pessoas. Ainda bem que não me algemaram. Me colocaram em uma viatura que nem pertence à Polícia Civil PC, como se eu fosse o maior criminoso”, continua.

Apesar do mal entendido e de acreditar que a denúncia foi de cunho político, Nilson destaca que os agentes policiais que fizeram a abordagem foram educados. De acordo com ele, alguns até são velhos conhecidos, mas estavam apenas cumprindo ordem, possivelmente advindas de Paulo Pedra e de Alcides Bernal.

O delegado Enilton Zala justificou que a Polícia Civil apenas recebeu o mandado de prisão e foi executá-lo. Também afirmou que não é possível consultar o sistema judicial antes de fazer a diligência. “É por praxe consultar o sistema do Tribunal e foi verificado que tinha um mandado de prisão em aberto. Encaminhamos até a delegacia e, logo após, verificamos que não tinha mais validade. Não teve uso de arma de fogo, não teve uso de algema. É de praxe. Temos que trazer a pessoa até a delegacia para verificar os processos”.

A reportagem tentou entrar em contato com o secretário Paulo Pedra por telefone, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria e aguarda o horário comercial para entrar em contato com a assessoria do prefeito Alcides Bernal para comentar as denúncias. Nilson ressalta que não entrará com ação contra a Polícia Civil, pois não considera que o mal entendido seja de responsabilidade dos agentes.

Abaixo cópia da decisão que extingue o processo:

(*) Top Mídia News

Nilson acompanhou os policiais sem saber o motivo da prisão. (Foto: Repórter Top)

Jornalista mostra a decisão que extinguiu o processo - Foto: Repórter Top

Jornalista é preso com mandado prescrito e denuncia intimidação política

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