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sexta-feira, 29 de março de 2024

Conheça a história de microempreendedores que fizeram uma escolha em comum: se formalizaram

31/12/2014 20h01 – Atualizado em 31/12/2014 20h01

Conheça a história de microempreendedores três-lagoenses que fizeram uma escolha em comum: se formalizaram

Os entrevistados revelaram à reportagem do Perfil News, as vantagens em ser um MEI (Microempreendedor Individual) legalizado

Guta Rufino

O Perfil News preparou uma matéria especial sobre a história de três pessoas que tem algo em comum: são MEI (Microempreendedores Individuais) – aqueles que trabalham por conta própria e se legalizaram como pequenos empresários.

Yamana, Duarte e Silvia são exemplos de três-lagoeses que saíram da informalidade e se tornaram MEI legalizados, e assim, passaram a ter CNPJ (Cadastro nacional de Pessoa Jurídica).

Os entrevistados revelaram à reportagem as vantagens em ser um MEI. O leitor vai conhecer a histórias desses três empresários que aproveitaram as ferramentas e cursos do Sebrae (Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas), que ajudam o MEI a lucrar e ter sucesso com sua empresa.

Yamana: A mulher superprotetora e muito prática

Uma empresária que começou “fazendo unha” e hoje é dona de um “multinegócio”

A cabeleireira Yamana Aparecida de Moraes Melo tem 37 anos, é três-lagoense e mãe de duas meninas: Yasmin, 18 e Maria Helena, 12. Foi sua filha mais nova quem a motivou a investir em um ofício antes abandonado por ela: manicure e pedicure. Assim, Yamana poderia trabalhar em casa e estar próxima de sua filhas, principalmente porque Maria Helena tinha apenas dois anos e precisava dos cuidados e atenção que um bebê precisa.

Em meados dos anos 90 que Yamana começou a “fazer unha”. Com a retomada da atividade em 2004 – depois de ter trabalhado em outros segmentos -, ela percebeu que seu ofício era tão lucrativo quanto um trabalho no comércio, então, ela decidiu ir além e fez um curso de cabeleireira dois anos depois, em 2006.

Desde então, Yamana não apenas trabalha, mas está sempre participando de cursos da área de beleza que envolvam suas atividades em unha, cabelo, sobrancelha, maquiagem, depilação.

Segura de sua capacidade e orgulhosa de sua profissão, Yamana reconhece que está em uma das melhores áreas para se trabalhar. Na opinião dela, as mulheres não ficam mais sem fazer a unha, cabelo. Elas poupam em outras coisas para investir em serviços de beleza.

O salão na entrada de sua casa é garantia de conforto, segurança e flexibilidade. A cabeleireira não só trabalhou em casa quando Maria Helena era pequena, mas ainda mantém seu salão no mesmo lugar, tudo para que possa conciliar os cuidados com a casa, esposo e filhas a seu ofício de cabeleireira. A escolha do local de trabalha condiz com o significado de seu nome de origem indígena: super protetora e muito prática.

Apesar de ter iniciado a profissão em Três Lagoas, Yamana mudou-se para Tupi Paulista (SP) com marido e filhas em 2008, e por lá fico cinco anos. Montou um salão e foi aí que conheceu o programa MEI, por meio de matérias em jornais e amigos.

Há quase dois anos a cabeleireira voltou para Três Lagoas, já como uma profissional formalizada e retomou a clientela. No salão, Yamana também possui um bazar, no qual vende produto de cabelo, roupa, sapato, semi joia, acessórios. E isso lhe rende um dinheiro extra, que só é possível graças a sua formalização como MEI, que possibilitou a aquisição de uma maquina de cartão para flexibilizar a forma de pagamento para suas clientes.

Yamana se sente realizada com seu trabalho e segura, já que desde sua formalização ela não é apenas uma cabeleireira qualquer, e sim uma empresária, o que segundo ela, faz bem para o ego, é um estímulo para ela trabalhar e investir cada vez mais em seu ofício. E prosperar é seu lema, o que também não foge de outro significado de seu nome, que é: deixar sua marca no mundo.

Duarte: O homem que quebrou o tabu em uma cidade do interior de MS

Um cabeleireiro que instalou um salão em Três Lagoas no final da década de 80

O cabeleireiro José Duarte tem 48 anos de idade e 32 de profissão. Nascido em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, começou seu ofício por lá, aos 15 ano, trabalhando no salão de um conhecido. Dois anos depois Duarte chegou em Três Lagoas para desbravar terras onde ser cabeleireiro era um enorme tabu.

Foi em 1986, que Duarte, como é conhecido pelas clientes e amigos, instalou seu salão na rua Monir Thomé, esquina com a rua Elvírio Mário Mancini – a municipal -, e desde então já fazia escovas, mechas. Ele trouxe tudo do que havia de mais moderno para realçar a beleza das clientes. Ele foi pioneiro em ter salão de cabeleireiro na cidade.

Hoje, Duarte está com seu salão na mesma rua, a Monir Thomé, mas no centro da cidade, algumas quadras distantes de seu primeiro ponto comercial e também com estrutura e decoração clássica, de muito bom gosto. A satisfação em ver um trabalho concluído, seja ele um penteado, uma maquiagem, uma coloração ou mesmo um corte, é a mesma do início de sua carreira, quando ficava orgulhoso em ver o resultado de seu trabalho nas clientes.

Duarte ficou longe de Três Lagoas por quase sete anos. Neste período ele morou em Florianópolis (SC), onde tirou um tempo para cuidar de sua saúde. Quando voltou, o cabeleireiro retomou 90% de sua clientela antiga e continuou prezando por atendimento de qualidade. Ele revelou que faz três a quatro cursos por ano em sua área, trazendo para Três Lagoas tudo que há de mais sofisticado e moderno.
Seu salão é tão tradicional que ele atende até a terceira geração de suas clientes. Apesar da maioria das clientes serem mulheres, ele conta que atende filhos, netos e maridos delas.

Há quatro anos atrás Duarte se formalizou como MEI. Isso abriu muitas portas a ele e também garantiu 80% de sua freguesia, que segundo ele, são os que pagam em cartão (crédito e débito).

A formalização também contribuiu para que Duarte, como MEI, tivesse acesso a produtos para cabelo que compra fora da cidade, com encargos mais baixos, além disso, com uma conta jurídica ele conseguiu mais facilidades no banco.

Silvia: A “tia da pipoca”

Uma mulher que tem orgulho do ofício que herdou dos pais e que não trocaria de profissão

A “tia da pipoca”, como é conhecida a Microempreendedora Silvia Maria Alves Firmino, tem 41 anos e trabalha com seu carrinho de pipoca há 28. Herdou a profissão dos pais, que desde Paranaíba, sua cidade natal, já trabalhavam no ramo. Já em Três Lagoas, a mãe de Silvia, Calumiria Alves de Queiroz, “tia da pipoca”, comercializava na antiga Praça da Bandeira, hoje Praça Ramez Tebet e na Escola Estadual “Afonso Pena”. O pai, Dormantino Alves Pereira, o “tio do cachorro-quente”, que na década de 80 comercializava seus produtos na Escola Estadual “Fernando Corrêa” e nas proximidades da rodoviária.

Em seu cartão de apresentação Silvia já anuncia o nome de seu companheiro de trabalho e vida: José, seu esposo, a quem conheceu enquanto vendia pipoca na praça e ainda não era a “tia da pipoca”, mas sim a “moça da pipoca”, aos 14 anos. Outros companheiros de Silvia são Adner e Anderson seus filhos, que desde criança acompanham Silvia. Mas foi Anderson, seu filho mais novo, que fixou no trabalho com a mãe e a acompanha por toda a parte.

O início da história de Silvia como pipoqueira não foi nada fácil. Ela empurrava o carrinho de pipoca do bairro Santo André (próximo a rodoviária), até a praça central da cidade. Na época os pais de Silvia competiam com mais 12 pipoqueiros, que assim como eles, buscavam a clientela na praça. Mas tinha espaço e clientes para todos.

A profissão é e sempre foi marcante na vida Silvia. Ela lembra do primeiro casamento realizado no Ginásio Municipal de Esportes “Cacilda Acre Rocha”, no qual trabalhou junto com seus pais. Ela tinha entre 12 e 13 anos e ficou junto a eles no evento, saíram às 2h. Isso para ela foi uma aventura e tanto. Era pré-adolescente e estava indo para casa de madrugada.

Silvia revelou que seu maior prazer é quando perguntam: “Porque sua pipoca fica tão gostosa?” e também quando a chamam de “tia da pipoca”. Além do mais, Silvia não enjoou de pipoca não, ela disse que faz em casa para a família, e que também adora, inclusive havia comido um pacotinho pouco antes da entrevista.

Hoje Silvia tem uma pick up, diferente de antigamente, quando empurrava seu carrinho de pipoca de sua casa, no Jardim Alvorada, até o centro da cidade, onde mantém uma clientela no comércio, ou mesmo na praça, agora ela carrega o carinho em seu veículo, apontado por ela e anunciado: “comprado com o dinheiro que ganhei vendendo pipoca”. E olha que Silvia disse nunca ter imaginado que teria um carro.
Ela não trocaria a empresa dela por nenhuma outra profissão. Além da pipoca, Silvia também tem uma máquina de algodão doce e atende grandes empresas instaladas no município. Fibria, Eldorado, Metalfrio Solutions. E tudo isso só foi possível, depois que Silvia se formalizou como MEI.

A empresária ainda contou que foi durante uma conversa com o seu marido que surgiu o interesse em se formalizar como MEI. Ele apoiou, eles tentaram e deu certo.

Para atender as grandes empresas, Silvia teria que emitir nota fiscal, e o programa do Sebrae possibilitou isso à empresária. Além disso, garante segurança ao futuro de Silvia. Uma garantia que antes ela não tinha, pois, nunca havia recolhido o valor do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

O “bom dia” dos clientes de Sílvia vem de outra forma. Ela disse que não se incomoda quando ao invés de a cumprimentarem, as pessoas disserem: “Hum… Tô com uma vontade de comer pipoca”. Para Silvia é uma alegria.

Silvia tem muito orgulho do que faz. Ela trabalha de touca e avental personalizado com seu nome, telefone e imagem ilustrativa a seus produtos (pipoca e algodão doce). A empresária ainda revelou que para o próximo ano, no centenário de Três Lagoas, ela pretende comprar um novo carrinho de pipoca. Desta vez, um mais sofisticado, e nele pretende fazer uma homenagem a sua mãe, que morreu em fevereiro deste ano, deixando saudade à Silvia e seus clientes, que hora ou outra perguntam por ela.

Silvia é sorridente, mas ela contou que ouve um dia que não conseguiu soltar um sorriso sequer. Ela havia enterrado a mãe na véspera de um evento que acontecia no residencial Novo Oeste, onde atendeu 2 mil crianças. Ela tentou, afinal adora festas e crianças, mas a perca se sua mãe não permitiu que ela esbanjasse alegria.

A microempreendedora Yamana atendendo uma cliente em seu salão (Foto: Guta Rufino)

Yamana, em seu salão (Foto: Guta Rufino/Perfil News)

O microempreendedor Duarte, atendendo uma cliente em seu salão (Foto: Guta Rufino/Perfil News)

Silvia, a

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