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quinta-feira, 16 de maio de 2024

Aventureiro relata escalada na montanha mais alto das Américas

28/01/2011 13h18 – Atualizado em 28/01/2011 13h18

Na virada do ano, enquanto seus amigos comemoravam o réveillon, o alpinista estava sozinho numa altitude de 3.600

Quando conseguiu chegar ao cume, Emerson definiu como uma sensação de alívio e missão cumprida, “foi como um sonho realizado”

Ricardo Ojeda

Enquanto as maiorias dos jovens esperam ansiosamente a chegada das férias para irem à praia, curtir o mar e as baladas das principais capitais litorâneas do país, o jovem paulista, mas que se considera três-lagoense de coração, o funcionário público estadual, Emerson Takami, 36 anos, escolheu outra opção mais radical para curtir as férias.
Praticante de aventuras desde 96, quando tinha 19 anos percorreu pedalando mais de 400 quilômetros pelo litoral baiano. Desde esse dia em diante o sabor de aventura ficou impregnado no sangue dele. Todo ano procura uma expedição diferente para se aventurar.

AVENTURA RADICAL

Esse ano, a escolha de Takami foi escalar o monte Aconcágua, conhecido como Sentinela de Pedra, que tem 6.962 metros de altitude, o mais alto das Américas e de todo Hemisfério Sul, e o mais alto fora da Ásia.
Para essa empreitada, o aventureiro conseguiu guardar R$ 5 mil para custear a viagem, que foi iniciada no dia 26 de dezembro, e depois de 67 horas e 3.845 quilômetros percorridos dentro de vários ônibus chegou ao povoado de Penitentes, na Argentina, onde de carona seguiu até a entrada do Parque Aconcágua.

DESAFIO
Na virada do ano, enquanto seus amigos comemoravam o réveillon, Takami estava sozinho numa altitude de 3.600 metros no primeiro acampamento do parque, com temperatura de 5 graus. Começava ali seu maior desafio. Desse dia em diante, o aventureiro além de contar com a sorte, para não encontrar uma tempestade, teve que ser cuidadoso com alimentação e aclimatação do corpo devido à altitude.
Até o segundo acampamento foi auxiliado por uma mula cargueira, que alugou pela quantia de $$U 130 para levar 22 quilos de equipamentos, enquanto ele carregava nas costas outros 25 quilos, dos quais alimentos, barraca, fogareiro, utensílios, entre outros.

NO LIMITE

Desse ponto em diante, ficou sozinho, como uma câmera como companhia ele registrou sua epopéia andina. Conseguia se alimentar apenas duas vezes ao dia, pois se ingerisse mais que isso, dava ânsia de vômito. Ela conta que bebia de quatro a cinco litros de água/dia, (para isso tinha que derreter a neve).
O aventureiro contou que durante 14 dias não tomou banho, fazia suas necessidades dentro da barraca. Nessa etapa da escalada, a temperatura era de 20 graus negativos.

PERDIDO

A partir do acampamento a 5.560m, ficou ilhado por cinco dias, aguardando a passagem da tempestade de neve. Nessa ocasião, o guarda parque (espécie de salva vida) achou que ele estava perdido. Como a tempestade não cessava, ele continuou o percurso sem avisar o guarda, que o deu como perdido devido à forte tempestade de ventos e neve.
Depois desse dia, a subida foi bastante desgastante, mas acompanhada de fortes ventos.
A água tinha que carregar junto ao agasalho por que ela congelava. A dor de cabeça era insuportável, enquanto a noite só ouvia o barulho dos ventos, acompanhada da mais completa escuridão. Às vezes ele se questionava o que estava fazendo ali? Sozinho e sem ter a certeza se completaria o percurso ou mesmo se conseguiria voltar para sua vida comum.

SONHO REALIZADO

Naquele trecho da escalada, não existe nenhum animal. A única presença de vida são os aventureiros que desafiam os limites da altitude e do corpo para completar a jornada. O frio é intenso e qualquer descuido pode ser fatal. Por isso, a alimentação deve ser especial, balanceada, tomar muita água, estar muito bem agasalho. Eu dormia com cinco meias, disse.
Quando ele conseguiu chegar ao cume, Emerson definiu como uma sensação de alívio e missão cumprida, “foi como um sonho realizado, fiquei imensamente feliz por ter superado meus limites”, exclamou.

MISSÃO CUMPRIDA
Segundo ele, atingir o topo foi um sonho realizado. Depois de planejamento e logística que durou vários meses. Foram muitos dias de treinos intensos que me fizeram valer cada dia na montanha. As paisagens espetaculares foram a minha inspiração para continuar o esforço físico. “Me senti muito realizado e com a missão cumprida”, finalizou.

PATROCÍNIO

Embora nessa aventura ele tenha chegado ao limite do seu corpo, não desistiu de novas jornadas. Takami pensa em novos desafios, escalar o ponto mais alto do continente africano, o Monte do Kilimanjaro, o pico mais alto da África, que inclusive serviu de cenário para a locação do filme Nas Montanhas dos Gorilas.
Para essa empreitada ele pretende conseguir patrocínio de empresas e da prefeitura, através da secretaria de Esportes. “Por onde passo, levo o nome de Três Lagoas e é justo que o município colabore com minha jornada, pois estou levando o nome do município para outros países”.
Quem tiver interesse em patrociná-lo, o telefone para contato: (67) 8143-6552, ou pelo e-mail: [email protected].

O aventureiro no cume da montanha mais alta do Hemisfério Sul, ao lado a cruz em homenagem à Força Aérea Argentina (Foto: Divulgação)

Takami faz pose para registrar sua estadia no primeiro acampamento à 3.600 metros de altitude (Foto: Divulgação)

Pausa para a refeição requentada por um fogareiro especial para a ocasião (Foto: Divulgação)

Como ninguém é de ferro, o aventureiro faz uma pausa para descansar a 6.800 metros de altitude (Foto: Divulgação)

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