17/04/2004 16h05 – Atualizado em 17/04/2004 16h05
Durante a realização do Governo Itinerante na cidade de Três Lagoas, o Governador Zeca do PT mandou um recado ao PMDB para deixá-lo em paz e trabalhar sossegado. No final da tarde de sexta-feira, logo após saber da declaração do Governador, o PMDB divulgou nota de repúdio.
O governador Zeca do PT atacou as principais lideranças do PMDB, mandando recado direto ao senador Ramez Tebet e à sua filha, a deputada estadual Simone Tebet, ambos três-lagoenses, mais ao prefeito da Capital, André Puccinelli. “Se eles não têm nada para fazer, em nome do Estado e da população de Mato Grosso do Sul, que me deixem trabalhar em paz”, avançou no ataque o governador petista. Zeca advertiu que o PMDB “deixe de tentar passar rasteira no PT e apresente propostas concretas”.
COLETIVA
Durante entrevista coletiva após formalizar a implantação do Governo Itinerante, Zeca falou sobre as eleições municipais deste ano. O petista declarou que “gostaria de ver uma disputa saudável”, que não fosse “truculenta, cheia de acusações infundadas”, condenando que a campanha nem começou e é desta forma que o PMDB trabalha.
Zeca atacou governo anterior (PMDB), o federal e o estadual que ficou cinco anos no passado, dizendo que “privatizou e sucateou” a linha férrea que entra no Estado, justamente por Três Lagoas, terra de Simone e de Ramez, e estendeu esta mesma crítica aos setores da educação e da saúde.
NOTA
Em nota distribuída ainda na sexta-feira, o Diretório Estadual do PMDB acusou o governador Zeca do PT de primeiro ter lançado uma campanha com o objetivo de “destruir o PMDB e “embretar” André”, e diz que vai continuar denunciando “todas as manobras que contrariam o interesse público”.
A nota frisa que fazer “oposição responsável, legítima e construtiva não é baixaria” e registra vários fatos negativos contra o Governo do PT que, certamente, “fizeram o governador mudar de idéia e propor uma trégua ao PMDB”.
Veja na íntegra da nota do PMDB:
“O PMDB, ZECA E A TRÉGUA As declarações do governador Zeca do PT pedindo “trégua ao PMDB”, no mínimo, surpreendem a direção estadual e os demais líderes do partido. Primeiro, porque foi o governador que lançou uma campanha pública, através de declarações por diversas vezes reiteradas, de que sua meta nas próximas eleições era “destruir o PMDB de Mato Grosso do Sul”. Foram atribuídas afirmações ao governador – até hoje não desmentidas – do tipo : “vamos ganhar e embretar o André Puccinelli”.
A verdade é que, logo depois do arroubo, aconteceram diversos fatos que, possivelmente, fizeram o governador do Estado mudar de idéia. Dentre eles, está o surgimento de documentos provando, de forma concreta e inegável, que seus irmãos, Ozório e Heitor Miranda dos Santos, além de outros parentes, são os verdadeiros controladores do Terminal Portuário de Porto Murtinho. O PMDB considerou a transação fraudulenta e pediu que o MPF investigue o que realmente aconteceu; Na Assembléia Legislativa, os deputados de oposição investigam o não cumprimento da Constituição Federal – o Governo Estadual deixou de aplicar em saúde o percentual mínimo da receita própria previsto em lei.
Em Brasília, estourou o escândalo Waldomiro Diniz, assessor da Casa Civil da Presidência da República, cidadão que chegou a representar, informalmente, o Governo de MS junto a órgãos federais. O Ministério Pública Federal considerou ilegal o escândalo Petrobrás (repasse de R$ 80 milhões de ICMS direto da empresa para algumas empreiteiras, por ordem do Governo do Estado). O MPF pediu que as operações fossem desfeitas e que os secretários Paulo Duarte, de Coordenação Geral, e José Ricardo Cabral, da Receita e Controle, sejam afastados dos cargos. A crise política, o desemprego recorde, a paralisação da administração pública e a incerteza geral provocaram uma vertiginosa queda na aprovação do Governo Federal.
O PMDB-MS reafirma que vai continuar defendendo o interesse público e vai denunciar, sempre, todas as manobras que considerar prejudiciais à população. Isso não é baixaria: é exercer com responsabilidade o papel de oposição, legítima e construtiva. O Partido tem 36 anos de história e de lutas democráticas e não precisa que nenhum governante passageiro dite normas de conduta. A população está cada vez mais informada e preparada para julgar os que têm obrigações públicas. O povo sabe bem a diferença entre propaganda e realizações; entre governabilidade e incompetência; entre o administrador que trabalha para todos e aquele que gosta de beneficiar apenas alguns. DIRETÓRIO ESTADUAL DO PMDB-MS”.
PAZ
Contrariando o que afirmava a nota, Zeca elogiou os trabalhos dos prefeitos peemedebistas Issam Fares de Três Lagoas e Diogo Titã de Paranaíba. Os elogios aconteceram no sábado, durante a realização da Ação Popular. “O trabalho desses dois prefeitos só nos enchem de orgulho”, finalizou.
