24/09/2002 15h49 – Atualizado em 24/09/2002 15h49
Uma ousada cena de sexo explícito entre septuagenários levou a censura a proibir a exibição de um filme na Coréia do Sul.
O drama romântico “Too Young to Die”, do diretor Park Jin-Pyo, recebeu críticas positivas na seção não-competitiva do Festival de Cinema de Cannes deste ano e foi convidado a ser exibido em festivais de cinema de Jerusalém e Toronto.
Numa mostra na própria Coréia do Sul, os espectadores mais jovens disseram que o filme abriu seus olhos para o lado humano dos idosos, enquanto os mais velhos disseram que os fez repensar seus tabus em relação ao sexo
Mas o retrato que o filme faz da vida amorosa de um casal, que o diretor de 36 anos conheceu quando fazia um documentário sobre a terceira idade, já foi duas vezes declarado “impróprio para ser visto publicamente” pelo organismo de censura da Coréia do Sul.
O que coloca o filme “fora dos limites aceitáveis do gosto público”, segundo a censura, é uma sequência de sete minutos que mostra o casal de idosos fazendo sexo. A cena inclui momentos explícitos de sexo oral que mostram o pênis.
Park descreveu a cena, filmada num quarto vazio, com apenas a câmera e o casal, como “o amor mais lindo do mundo”.
Ele e sua produtora se recusam a cortar a cena ou usar meios digitais para torná-la pouco nítida. Estão apelando contra a decisão do conselho de censura, afirmando que a sequência é crucial para relatar a história de amor dos dois idosos.
“Para o casal, fazer amor é prova de que ainda estão vivos”, disse Park.
O diretor contou que se sentiu inspirado pelo viúvo Park Chi-gyu, 72, e a viúva Lee Sun-ye, um ano mais jovem. Depois de anos de solidão, eles se conheceram num centro para pessoas de terceira idade e se apaixonaram à primeira vista.
O romance os leva a viver juntos e realizar uma pequena cerimônia de casamento. O homem ensina sua mulher a escrever, ela o ensina a cantar, e juntos eles redescobrem as alegrias da vida sexual ativa.
A disputa entre o diretor e o conselho de censura vem provocando reações contrárias à proibição que, segundo críticos de cinema, não condiz com uma sociedade que já avançou muito, distanciando-se de sua herança puritana.
Fonte:Folha Online
