25/09/2002 14h02 – Atualizado em 25/09/2002 14h02
Segundo candidato a ser ouvido na série de entrevistas promovida esta semana com os presidenciávies pelo Grupo Estado, em São Paulo, o ex-ministro José Serra disse nesta quarta-feira que, no caso de ser eleito, manteria no cargo o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, acrescentando que gostaria de contar com a atual primeira-dama, Ruth Cardoso, à frente da área social.
E, apesar da estagnação de sua campanha, segundo as pesquisas de intenção de voto, Serra expressou confiança em disputar o segundo turno.
“Tenho certeza, com base na intuição, na análise das pesquisas e o que tenho percebido nas ruas, conversando com as pessoas”, explicou.
Em outra parte da entrevista, o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) fez ataques diretos ao Partido dos Trabalhadores, insinuando que os correligionários de seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva, têm duas caras.
“Tem o PT da TV e o PT da realidade”, disse o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). “Eu, às vezes, tenho cara mal humorada, mas tenho só essa, não tem o Serra da realidade e o Serra da TV”.
A acusação aconteceu um dia após Serra ter aparecido com um ponto percentual a menos em nova pesquisa do instituto Ibope – e agora na condição de empate técnico com Anthony Garotinho -, ao passo que Lula subiu dois pontos e aproximou-se de uma possível vitória no primeiro turno, em 6 de outubro.
Serra insistiu que não costuma atacar Lula, mas não deixou, durante a entrevista, de criticar o líder das pesquisas de intenção de voto, especialmente na questão de geração de empregos.
O “tucano” alegou que o PT prometeu, nas últimas eleições, criar 15 milhões de vagas de trabalho e que Lula, agora, reduziu essa meta em cinco milhões.
As propagandas mais recentes na televisão, da coligação da qual o PSDB faz parte, a Grande Aliança, tem procurado mostrar Lula como um candidato despreparado e inexperiente para a Presidência.
Na mais polêmica – o que valeu a Serra uma punição por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – Lula foi discriminado por não possuir diploma universitário.
Na entrevista ao Grupo Estado, Serra procurou colocar panos quentes no episódio.
“Ataque é pegar recorte de colunas de fofoca e usar. Ofender quando se quer debater”, alegou. E sobre o diploma, acrescentou: “Precisa ser preparado. O fundamental é conhecer as questões do país, ter experiência. Conhece as questões, ou sua equipe conhece? Isso é o que importa”.
Na emenda da frase, porém, Serra deu margem para nova polêmica. “Não quer dizer também que não ter diploma é uma boa condição para ser presidente”, comentou.
Serra acusou, ainda, os adversários de escaparem do debate e preferirem explorar os pontos negativos do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, na tentativa de desqualificá-lo como candidato.
Fonte: CNN