01/10/2002 15h46 – Atualizado em 01/10/2002 15h46
Cientistas anunciaram a identificação de dois compostos experimentais capazes de bloquear os efeitos adversos do álcool sobre o desenvolvimento do cérebro e de células do sistema nervoso em fetos.
Os resultados oferecem informações sobre a síndrome alcoólica fetal, distúrbio que ocorre quando uma gestante consome bebidas alcoólicas. A síndrome provoca problemas prolongados de comportamento e desenvolvimento nas crianças.
Além disso, para Michael E. Charness, chefe da equipe do VA Boston Healthcare, a pesquisa poderia ajudar no desenvolvimento de uma droga capaz de evitar a síndrome alcoólica fetal. “Mas ainda teríamos um longo caminho pela frente”, disse o especialista.
Pesquisas anteriores demonstraram que um composto natural, denominado molécula de adesão L1, ajuda a manter juntas as células do cérebro e do sistema nervoso, durante o desenvolvimento fetal e são importantes na síndrome alcoólica fetal.
Os pesquisadores haviam levantado a hipótese de que o álcool poderia de alguma forma bloquear a ação, pelo menos parcialmente, da molécula de adesão L1.
Neste estudo, publicado na edição de outubro do Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, a equipe realizou experimentos com células para verificar se duas drogas diferentes poderiam impedir a interferência do etanol na adesão celular.
Charness explicou que a equipe inseriu o gene responsável por codificar a molécula de adesão L1 nas células, que normalmente não produzem esta substância.
A equipe demonstrou que na ausência do etanol, as células permanecem junta, mas quando há presença de álcool isto não ocorre. Os pesquisadores testaram dois compostos, chamados NAP e SAL, para verificar se poderiam interromper os efeitos do álcool.
“Ambas parecem ter um efeito potente na neutralização da ação do álcool sobre a molécula de adesão L1”, disse Charness.
“Os resultados aumentam a possibilidade de a molécula de adesão L1 ser importante no combate ao álcool. Demonstramos estes efeitos com dois tipos de drogas totalmente diferentes”, acrescentou o autor.
“Provavelmente, o álcool produz malformações congênitas através de vários mecanismos e sua interferência com a molécula de adesão L1 deve ser apenas uma das várias capazes de provocar defeitos de nascimentos”, concluiu o especialista.
Fonte: Reuters