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quinta-feira, 8 de maio de 2025

Vítimas de naufrágio na África gritaram por horas em busca de socorro

01/10/2002 15h03 – Atualizado em 01/10/2002 15h03

Pouco a pouco, as dimensões da imensa tragédia que foi o naufrágio da embarcação MS Joola, na costa de Gâmbia, no oeste da África, começam a vir à tona, com relatos sobre gritos de desespero das vítimas de um dos piores desastres marítimos na história do continente, que morreram depois de horas de luta infrutífera pela sobrevivência.

Mergulhadores que participaram das operações de busca e resgate descreveram cenas de horror em bolsões de ar que mantiveram o navio flutuando, depois de ter emborcado.

As autoridades senegalesas acreditam que cerca de mil pessoas morreram no naufrágio, incluindo muitas crianças menores de 5 anos, que embarcaram sem passagens.

“Crianças foram encontradas agarradas a suas mães”, disse Haida el Ali, um mergulhador que esteve no barco naufragado e ajudou a retirar corpos.

O presidente de Senegal, Abdoulaye Wade, reconheceu que o Joola – que era operado por uma companhia estatal – estava superlotado quando naufragou no Oceano Atlântico, pouco antes da meia-noite da quinta-feira passada.

O jornal alemão Hamburger Abendblatt informou, na segunda-feira, que a embarcação havia sido construída há 12 anos em um estaleiro da Alemanha para viagens no plácido Rio Reno, sendo projetado para transportar não mais do que 536 passageiros.

Relatos do Senegal indicam que havia pelo menos 1.034 pessoas a bordo, das quais apenas 64 sobreviveram.

A primeira ajuda chegou apenas quatro horas depois do naufrágio, e foi dada por barcos pesqueiros que acudiram ao local.

“Havia pessoas gritando e batendo nos vidros das janelas”, relatou ainda o mergulhador El Ali. “Quando eu entrei na embarcação virada, vi corpos por todos os lados”.

“Nós vimos centenas e centenas de corpos flutuando”, disse ainda o mergulhador, que participou de uma operação de resgate juntamente com 150 militares e pescadores procedentes do Senegal e de Gâmbia.

Até a noite de segunda-feira, as autoridades dos dois países informaram ter recuperado mais de 360 corpos.

“Eu quero aproveitar essa oportunidade para dizer às famílias (das vítimas) que lamento muito não termos podido retirar alguém com vida”, disse El Ali, que teve uma crise de choro diante dos jornalistas que o entrevistavam.

Fonte: Associated Press

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