05/11/2002 19h29 – Atualizado em 05/11/2002 19h29
Falta de conscientização dos moradores pode acabar em acidente grave até mesmo com crianças
A estrada de ferro da Novoeste que cruza o centro de Três Lagoas pode acabar sendo palco de um acidente grave, envolvendo tanto crianças de menos de quatro anos quanto adolescentes e adultos. O mesmo ocorre com a ponte ferroviária que atravessa o rio Paraná, que serve como atalho para moradores da região.
Durante o dia diversas pessoas transitam por entre os trilhos que ficam expostos e sem nenhuma proteção. O perigo aumenta quando um trem passa pelo local.
A linha da Novoeste cruza a área central dividindo a cidade. Quando um trem atravessa Três Lagoas formam-se filas enormes nos dois sentidos das avenidas.
Os pedestres são ousados e se arriscam ultrapassá-lo, mesmo em movimento, sem esperar que ele desbloqueie determinada rua. Problema pior são com crianças, que até de bicicleta passam por entre os ferros e o maquinário. Inocência de uns e brincadeira de outros. É o que acontece com a ponte ferroviária Francisco de Sá, que liga os estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo, no distrito de Jupiá. Diariamente são flagradas crianças brincando por entre os trilhos e adultos cortando caminho para a cidade.
Esta semana uma mãe foi fotografada em cima da ponte carregando uma criança de menos de quatro anos no colo. Agarrada aos braços, o filho apresentava sinais de medo e receio. O lugar é estreito e com vãos em que uma pessoa pode se enroscar ou até mesmo cair. Poucos minutos após passar com a criança, a mãe foi surpreendida por um trem, que ia sentido São Paulo.
Em 4 de agosto deste ano, o ciclista Cleison Pires Ferreira de 31 anos, na madrugada de um sábado, 3h30m, ao tentar atravessar sobre a ponte sofreu queda de 8 metros de altura, tendo diversas escoriações pelo corpo e fratura na clavícula.
Este é apenas um dos casos registrados. Há menos de um mês um adolescente avistando a chegada do trem não conseguiu desceu pelos trilhos e pulou no lago da represa de Jupiá.
RESPONSABILIDADE
Nunca uma segurança foi feita no local. A Novoeste, responsável pela linha, diz que não há como fiscalizar o trânsito de pedestres.
“Como cuidar de 1.600 quilômetros de linha?”, diz o gerente da estação da ferrovia, Alceu Joaquim Tosta.
Segundo Tosta a responsabilidade é de cada pessoa: “é questão de consciência, pois cada um sabe onde é e não é permitido circular”.
Novoeste deve R$ 500 mil para segurança
Os vagões carregados de soja e outros alimentos, cuja segurança que era de responsabilidade da empresa Ampla, está apenas com um funcionário da ferrovia.
A Novoeste atrasou por mais de 4 meses o pagamento da empresa e deve cerca de R$ 500 mil. Os vagões ficam na estação localizada no distrito de Jupiá e a maioria é carregado de soja, pela empresa Cargill.
“Hoje nossa empresa só pode continuar o serviço se receber da Novoeste”, diz o administrador da Ampla, Jhewersson Santos Regino, que suspendeu a segurança desde o mês passado.
Regino conta que pequenos saques eram feitos por pessoas da região de Jupiá. “Eles roubaram uma quantia pequena de soja para dar para os animais, mas a simples abertura do lacre fazia com que o vagão voltasse para a empresa para ser pesado e fechado novamente.”
Também foi suspenso o serviço se manutenção da rede, que era feito pela AR Serviços.
O gerente da estação, Alceu Joaquim Tosta, não quis comentar o falta de pagamento e alegou que isso é de “responsabilidade da empresa em Campinas-SP”. Tosta afirma que um funcionário da ferrovia fica no local para fazer a segurança.