20/11/2002 10h03 – Atualizado em 20/11/2002 10h03
LA CORUÑA, Espanha (CNN) – Ecologistas do mundo inteiro expressaram pessimismo, nesta terça-feira, após a ruptura e o afundamento do petroleiro Prestige, que estava à deriva na costa da Espanha há uma semana, com 70 mil toneladas de óleo em seus tanques.
O navio submergiu por completo cerca de oito horas após ter se partido em dois pedaços. O grupo WWF (Fundo Mundial para a Natureza) avaliou que as conseqüências do desastre poderão ser bem maiores do que as provocadas pelo Exxon Valdez na costa do Alasca, em 1989.
O Prestige afundou a cerca de 200 quilômetros da costa da Galícia e a 3.600 metros de profundidade.
As autoridades espanholas, que vinham há seis dias tentando remover o óleo incrustado em rochas e praias, estimaram que serão necessários quatro anos para concluir os trabalhos de limpeza.
O correspondente da CNN Al Goodman informou que os danos causados pelo petroleiro com bandeira de Bahamas à fauna e à flora marinhas e às praias, além das indústrias de pesca e turismo, poderão chegar a 100 milhões de dólares.
Antes da ruptura, o óleo liberado pelo Prestige ao longo de uma área de 900 quilômetros quadrados já havia causado a morte de milhares de peixes e pássaros.
Vários outros vazamentos menores foram detectados ao longo da costa da Galícia, de acordo com o governo local.
Ambientalistas disseram que as barreiras de contenção espalhadas pelo mar, no Oceano Atlântico, seriam insuficientes para conter o óleo que começou a vazar após a ruptura do petroleiro. No início da noite desta terça-feira, o navio já havia lançado 10.000 toneladas do produto na água.
“É um desastre, é um desastre”, repetia um pescador, inconsolável.
Especialistas descreveram o derramamento como um dos mais difíceis de se controlar, por ser espesso, pesado e persistente, o que impossibilitava sua dispersão pelo mar.
O governo da Galícia alertou que o óleo estava se espalhando para tão distante que até mesmo enseadas mais encravadas na costa seriam maculadas.
A região é conhecida como “costa da morte”, devido ao grande número de naufrágios.
Uma grossa camada de óleo cobriu as praias da Galícia
“Já vimos acidentes antes, mas nenhum como este”, comentou um pescador na cidade de Camelle, ouvido pela Associated Press. “Se peixes demais morrerem, será que a vida marinha voltará?”
Na segunda-feira, dois cabos-de-guerra espanhóis tentaram empurrar o petroleiro para uma área o mais distante possível da costa.
A Espanha e a União Européia criticaram as autoridades da Letônia, onde a embarcação recebeu a maior parte de sua carga, e da Grã-Bretanha, que tem jurisdição sobre Gibraltar, para onde se supõe que o Prestige estava seguindo.
Os britânicos negam que Gibraltar fosse o destino do navio. Ainda assim, foram acusados, juntamente com os letões, de não seguir as normas de segurança à risca.
O comissário de Transportes da União Européia, Loyola de Palácio, enviou uma carta aos 15 países-membros do bloco continental exortando-os a agir mais rapidamente para pôr em prática novas regras de inspeção, capazes de impedir catástrofes como a do Prestige.
O capitão do navio, um grego que está detido em La Coruña, foi acusado de se negar a colaborar com as equipes de salvamento após emitir um pedido de socorro, avisando que o petroleiro enfrentava problemas em meio a uma tempestade.
A costa noroeste da Espanha sofreu com vários acidentes com petroleiros nos últimos anos, o pior em dezembro de 1992, quando o navio grego Mar Egeu derramou 60 milhões de litros de óleo cru perto de La Coruña.
Fonte: CNN





