20/11/2002 09h58 – Atualizado em 20/11/2002 09h58
(CNN) – Os tecidos e as vestimentas são vitais para a proteção dos bombeiros, policiais e equipes de emergência médica que atendem a chamadas domésticas sobre terrorismo.
Eis por que o College of Textiles, da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, trabalha duro desenvolvendo trajes para manter esses trabalhadores a salvo de ocorrências biológicas – do antraz à varíola e a outros agentes patogênicos.
O College of Textiles está tentando criar um “traje inteligente” capaz de se adaptar a seu ambiente. O uniforme vai incorporar elementos eletrônicos às fibras do tecido, com funções de comunicação e localização e também para detectar mudanças sensíveis do corpo aos acasos ambientais.
“O que estamos vendo agora é uma ampla gama de ameaças, não apenas fogo, mas de origem biológica, química, poeira, tudo o que pode advir de um evento de destruição de massa”, disse Roger Barker, diretor do Centro de Pesquisa sobre Proteção Têxtil e Conforto.
O pesquisador Tushar Ghosh está aperfeiçoando um projeto que é mais bem descrito como “roupas em spray”. Em uma demonstração, pequenas cápsulas de polímero são derretidas e as fibras assopradas na direção de um manequim – têm a aparência de algodão-doce. O traje, levíssimo, não leva costuras que possam ser vulneráveis a líquidos ou toxinas.
Ghosh diz que um soldado poderia carregar no bolso esta barreira de proteção, que vai dos pés à cabeça, e colocá-la sobre um uniforme padrão na eventualidade de uma ameaça química ou biológica.
Através do fogo
Como armas químicas e biológicas podem ser testadas, a imitação do “Piro-Homem” é fundamental para testar se roupas suportam proteger trabalhadores de equipes de emergência contra o fogo e o calor.
Este complexo manequim é montado em um pequeno aposento fechado por vidros. Na demonstração, um técnico faz a contagem e, subitamente, chamas azuis aparecem de vários tubos. Logo o “Piro-Homem” é envolvido pelas chamas de vários ângulos. Os espectadores podem mesmo sentir o calor do lado de fora. Cento e vinte e dois sensores estão distribuídos sobre a superfície do manequim.
“Nós coletamos dados por 30 segundos, mesmo depois que a chama já se apagou. Medimos a quantidade de calor que foi absorvida, de modo que podemos prever em que parte do corpo uma pessoa sofreria diferentes graus de queimaduras”, diz o pesquisador Shawn Deaton.
Um computador logo exibe um quadro de cores em desenhos da frente e das costas do manequim. O amarelo quer dizer que não há queimaduras. O vermelho significa uma de segundo grau. E o roxo aponta para lesões de terceiro grau.
Resgate
O “Homem-Suado” é outro manequim usado no trabalho. Ele serve para simular o quanto uma determinada peça do equipamento de proteção fará um ser humano transpirar.
“Este manequim tem uma pele muito sofisticada”, explica Barker. “Á água é liberada para 187 glândulas sudoríparas simuladas, a um nível muito controlado. Então, o que medimos é muito acurado, sabemos exatamente quanto suor está entrando e quanto está saindo do manequim”,.
Diferentes tipos de tecido para teste
Os cientistas da Carolina do Norte trabalham com diferentes tipos de tecidos em seus testes. Os materiais às vezes têm suas qualidades de proteção testadas com sangue sintético. Eles também verificam se minúsculas partículas de aerossol podem penetrar nos tecidos.
“Sabemos que vírus podem penetrar; às vezes líquidos podem entrar no tecido numa quantidade de minutos que podemos detectá-los visualmente”, afirma Marian McCord, professora de engenharia têxtil. “Se eles passarem pelo teste do sangue sintético, daremos um passo além e veremos se temos penetração dos vírus ou não”.
Segundo McCord, o nível de conforto desses trajes de proteção é tão importante quanto suas características de segurança.
Testes reais
As pessoas em campo fornecem “testes de realidade” para avaliar se uma peça particular do equipamento será ou não um trunfo no calor da batalha.
A qualidade do traje pode fazer a diferença entre a vida e a morte para os bombeiros. E poucas pessoas sabem o quão complexo e incômodo pode ser um traje para um bombeiro que vai enfrentar um perigo tóxico desconhecido.
Na demonstração feita em um quartel do corpo de bombeiros, em Atlanta, foram necessários dois colegas para ajudar a vestir o traje de proteção “classe A” no bombeiro Earl Powell.
Um tanque de oxigênio e uma máscara facial têm que ser presos, pulsos e tornozelos, amarrados e pesadas botas, fechadas.
Além de vestir o traje, o bombeiro teve que desempenhar tarefas difíceis, na tentativa de neutralizar materiais tóxicos.
Ainda pode levar anos antes que os bombeiros disponham de um traje milagroso, leve e forte, que os proteja do calor e das ameaças químicas e biológicas. Os engenheiros têxteis estão ansiosos para que isso aconteça o mais cedo possível, talvez com o uso de fibras que ainda nem sequer existem.
Fonte: CNN



