22.8 C
Três Lagoas
sábado, 13 de dezembro de 2025

Protesto na Nigéria deixa ao menos 105 mortos, diz Cruz Vermelha

22/11/2002 08h32 – Atualizado em 22/11/2002 08h32

Confrontos entre muçulmanos e cristãos na cidade de Kaduna, no norte da Nigéria, deixaram ao menos 105 mortos e 521 feridos, disse hoje a Cruz Vermelha.

Jovens cristãos e muçulmanos voltaram a se enfrentar hoje, no terceiro dia do conflito provocado por um artigo de jornal que sugeria que o profeta Muhammad (Maomé), fundador do islamismo, aprovaria o concurso de Miss Mundo, que será realizado na Nigéria. A publicação foi considerada pelos muçulmanos uma blasfêmia.

Representantes do governo federal se encontravam hoje em Kaduna para negociar com representantes das autoridades religiosas e tentar acalmar os ânimos, disse Muktar Sirajo, porta-voz do Estado de Kaduna.

As autoridades enviaram militares para ajudar a polícia. O toque de recolher, decretado anteontem, foi prolongado por 24 horas, depois de uma nova noite de confrontos, em que jovens muçulmanos e cristãos queimaram igrejas e mesquitas, saquearam lojas e destruíram veículos.

O presidente da Cruz Vermelha na Nigéria, Emmanuel Ijewere, declarou que o número de mortos foi confirmado por funcionários de Kaduna.

Segundo Ijewere, o número de mortos poderia aumentar. “Há algumas casas que não foram revistadas. É possível que haja vítimas nessas casas.”

Pouco antes, um porta-voz da Cruz Vermelha nigeriana disse que pelo menos 521 feridos tinham sido retirados por equipes de médicos voluntários para os hospitais da cidade.

A realização do concurso de beleza na Nigéria provocou polêmica entre os muçulmanos. Os protestos começaram anteontem por causa de um artigo do jornal nigeriano “This Day”, que no sábado (16) publicou o artigo considerado profano pelos muçulmanos.

Rapidamente, a situação evoluiu para um enfrentamento entre cristãos e muçulmanos da cidade e uma manifestação genérica contra o concurso de beleza, marcado para 7 de dezembro na capital da Nigéria, Abuja.

A entidade Umma Muçulmana Nigeriana declarou “séria emergência religiosa” e pediu formalmente ao governo que cancele o concurso, apontado pelos muçulmanos como “um desfile de nudez”.

Ontem o jornal publicou na primeira página um pedido de desculpas, dizendo que o artigo foi publicado por engano. Mas isso não acalmou os muçulmanos, que são maioria no norte do país.

O concurso de beleza é o maior evento de entretenimento já feito no país. As autoridades esperavam que ele ajudasse a melhorar a imagem da Nigéria, abalada pela condenação à morte por apedrejamento de Amina Lawal, 31, que tem um filho de uma relação extra-conjugal.

Várias candidatas ameaçaram boicotar o evento em protesto contra a condenação à morte de mulheres por tribunais islâmicos do norte do país. Mas o governo garantiu que nenhuma mulher será apedrejada, e depois disso cerca de 90 candidatas desembarcaram na Nigéria, na semana passada, muitas delas expressando apoio a Lawal e a outras mulheres condenadas por adultério pela lei islâmica.

A situação é tensa também em outras cidades do norte da Nigéria. Moradores disseram que a polícia está de prontidão em Kano, onde conflitos religiosos são frequentes.

Fonte: Folha Online

Leia também

Últimas

error: Este Conteúdo é protegido! O Perfil News reserva-se ao direito de proteger o seu conteúdo contra cópia e plágio.