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sábado, 20 de dezembro de 2025

Morte inexplicada de soja assusta produtores

28/11/2002 14h14 – Atualizado em 28/11/2002 14h14

A região de Maringá, no norte do Paraná, é uma das mais atingidas pelo problema com 15% dos 150 mil hectares. “A situação é bastante preocupante, porque poderá reduzir a produtividade da soja. Em alguns casos isolados, na região de Maringá, os produtores fizeram três replantios e sem sucesso”, descreve o agrônomo Moacir Ferro, um dos técnicos presentes na reunião realizada na Embrapa.

A preocupação da assistência técnica e dos pesquisadores da Embrapa é grande, porque a morte de plântulas (soja em estágio inicial) tem sido relatada em várias situações com causas diferentes. Entre os diversos fatores apresentados, destacam-se as condições climáticas (chuvas em excesso e temperatura elevada), aspectos relacionados ao manejo do solo e da cultura, uso de diferentes cultivares e até a ocorrência de fungos e pragas.

“O surgimento desses fatores debilitam a planta jovem, propiciando a ação de fungos oportunistas presentes no solo, aumentando o estresse da planta e, consequentemente, agravando os danos”, explica o chefe de pesquisa da Embrapa Soja, José Renato B. Farias.

As chuvas em excesso afetam a raiz, porque diminuem a disponibilidade de oxigênio e favorecem a infecção pelos fungos do solo. Esse microorganismos também são favorecidos pela alta temperatura que induz ao estrangulamento da haste da planta ao nível do solo e servem de porta de entrada para doenças.

Como o inverno e o início da primavera foram secos, houve redução na ação dos fungos de soja na decomposição da palhada proveniente da safrinha, e agora esses microorganismos estão com atividade mais intensa.

Associados aos problemas climáticos, a morte de plântulas pode ter sido agravada por má condução no manejo da cultura. Em solos com drenagem deficiente de água pode ter ocorrido acúmulo de umidade e conseqüente morte de plantas. “Como qualquer ser vivo, a planta é mais sensível no seu estágio inicial, por isso, sente mais rapidamente, todo e qualquer fator adverso ao seu desenvolvimento. Muitas dessas condições, que podem ser toleradas por uma planta adulta, são fatais nos estágios iniciais”, diagnostica Farias.

O pesquisador da Embrapa Soja Lineu Domit explica que o replantio das áreas atingidas é uma decisão técnica e deve ser tomada pelos agrônomos. “Se houver de 8 a 10 plantas por metro linear, bem distribuídas, não há a necessidade de replantio, mas se houver plantas mal formadas é melhor replantar”, aconselha o pesquisador.

Domit diz ainda que o produtor deve estar atento à presença de fungos presentes no solo, porque o replantio não deve ser realizado, enquanto estiver chovendo, porque a atividade desses microorganismos continua alta. “Se continuar úmido, não adianta replantar. Além disso, o produtor deve evitar o replantio na mesma linha já utilizada, porque nesse espaço pode haver maior presença de fungos”.

Os pesquisadores da Embrapa Soja pretendem instalar unidades de observação a campo, em parceria com a assistência técnica das várias regiões atingidas, para validar as informações e buscar soluções para evitar que o problema se repita nas próximas safras.

“Esperamos contar com a colaboração da assistência técnica no levantameto dos dados de sua região para que a pesquisa possa planejar ações futuras, buscando diagnosticar e solucionar os problemas”, diz Domit.

Inclusive, em dezembro, será lançado na página da Embrapa Soja na internet o Sistema de Alerta, onde serão disponibilizadas as informações técnicas sobre problemas emergenciais da cultura. “O objetivo é agilizar o repasse de informações que orientem a tomada de decisões da assistência técnica, além de abrir um canal de troca de informação permanente entre a extensão rural e a pesquisa na busca de soluções para os problemas que afetam a soja”, defende o pesquisador.

Fonte: Embrapa Soja

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