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sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Futuro da Embratel preocupa próximo governo

02/12/2002 16h49 – Atualizado em 02/12/2002 16h49

O Brasil todo conhece bem a Embratel que faz ligações internacionais. Poucos se lembram, no entanto, da antiga estatal que sempre aparecia na tela da TV em “mais uma transmissão via Embratel”.

Menos gente ainda sabe que a empresa controla satélites por onde passam comunicações das Forças Armadas.

É essa empresa, que movimenta bilhões de reais por ano, que está no centro de conversas recentes entre as cúpulas do atual e do futuro governo. Controlada pela falida gigante das telecomunicações norte-americana WorldCom, a Embratel tem dívidas de 800 milhões de dólares vencendo em 2003.

Isso preocupa o poder público, que teme pela descontinuidade de serviços estratégicos se o quadro se agravar. A Embratel admite que tenta renegociar com credores de uma lista que, segundo fontes do mercado, inclui os bancos JP Morgan, o Bank of America e o Chase.

“Sem o sinal da televisão, o país pára”, comentou um alto executivo de uma concorrente da Embratel, numa alusão à importância da empresa. Ele é cético quanto à disposição dos credores em aceitar novas condições de pagamento, e a própria Embratel não informa se houve avanços na negociação.

O sinal de alerta pode acender já no primeiro trimestre do próximo ano, quando a Embratel terá que pagar 300 milhões de dólares. A empresa afirma que tem 756 milhões de reais em caixa para honrar parte desse vencimento e que será mais fácil negociar os 340 milhões de reais restantes.

Embora tenham contabilidades separadas e, segundo a Embratel, não haja repasses de recursos entre subsidiária e controladora, a saúde financeira da empresa brasileira parece frágil a todos os olhos –do mercado de capitais ao poder público.

O cenário é tão delicado que o atual governo considerou intervir na antiga estatal. A lei que rege o setor admite a intervenção num caso de desequilíbrio econômico-financeiro que coloque em risco a prestação de serviços. Mas depois de um período de intervenção, qual seria a saída?

Para esta pergunta, o governo atual encontrou duas possíveis respostas, sobre as quais estão informados tanto o presidente Fernando Henrique Cardoso quanto o seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

Uma fonte de alto escalão relatou que uma das alternativas seria o Estado reassumir a concessão. Mas as implicações são graves. Uma interpretação das regras da privatização é que os acionistas teriam que ser ressarcidos pela sua participação de controle segundo o valor patrimonial da empresa (4,5 bilhões de reais), muito superior ao que ela vale hoje no mercado de capitais (1 bilhão de reais).

Para a União, é péssimodocument.write Chr(39)document.write Chr(39), afirmou a fonte.Não é negócio intervirdocument.write Chr(39)document.write Chr(39), disse. Seria pior ainda para o próximo governo. Uma ação dessas ganharia uma coloração política da interferência do Estado nos negócios privados.

A alternativa que se vem desenhando mais promissora é a de venda da Embratel para um novo controlador que revele solidez econômica. O tema é tão sensível ao governo, que se traçou até o perfil do comprador ideal: sem impedimentos legais e que tivesse interesse estratégico no Brasil.

A Telecom Italia foi o alvo de contatos recentes do primeiro escalão brasileiro, mas sem sucesso. O grupo italiano reafirmou interesse no Brasil, mas prefere consolidar primeiro a sua presença no mercado de telefonia móvel, onde atua por intermédio da TIM. A Telecom Italia ainda é sócia da Brasil Telecom, operadora de telefonia fixa no centro-sul.

Com essa inclinação do governo por uma solução satisfatória para o caso Embratel, teve início uma articulação das empresas de telefonia local para assumir a empresa. A proposta é conceber um fundo estrangeiro, capitalizado em 300 milhões de dólares, que assumiria o controle da holding Embratel e se tornaria o gestor da operadora.

O próximo governo terá que definir até que ponto as restrições regulatórias do setor de telecomunicações serão um impeditivo para esse negócio. As regras pré-privatização, ocorrida em 1998, concebiam o mercado brasileiro com pelo menos quatro grandes operadoras independentes – a Embratel e três na telefonia local, que são a Brasil Telecom, a Telemar e a Telefônica.

“O novo governo entendeu a situaçãodocument.write Chr(39)document.write Chr(39), afirmou uma fonte que acompanha a articulação das três operadoras locais. Entre os aliados do presidente eleito, o deputado Jorge Bittar (PT-RJ) tem sido o que mais se envolveu até agora com o assunto.

Cotado como ministeriável para a pasta das Comunicações, Bittar visitou a Embratel na semana passada, depois de ter se reunido com representantes da indústria de telecomunicações no Rio de Janeiro. A eles, o deputado disse que é preciso achar uma solução para a Embratel.

Fonte: Info Exame

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