04/12/2002 09h40 – Atualizado em 04/12/2002 09h40
Moradores de Campos Sales, a 578 quilômetros de Fortaleza, com cerca de 26 mil habitantes, foram surpreendidos com um final de tarde de muita apreensão e medo na última segunda-feira. Ventos fortes, que chegaram a uma velocidade média de 100 quilômetros por hora, atingiram todo o território municipal durante cerca de 30 minutos, por volta das 17 horas, causando grande destruição.
Árvores e postes foram arrancados, assim como forros e tetos de imóveis, placas de propagandas, prédios em construção desabaram, e houve interrupção no fornecimento de energia elétrica e telefonia por conta da ventania, que ao final resultou numa chuva de pouca intensidade. Na praça do Ó, centro da cidade, grandes buracos foram deixados com a queda de árvores centenárias que ornamentavam a área. O cenário era de guerra, com os bancos do local jogados ao chão.
De acordo com Geraldo Ferreira, chefe do Departamento de Meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos – Funceme – imagens de satélites registravam na tarde da última segunda-feira um aglomerado de nuvens do tipo cumulunimbus, que normalmente estão associadas a ocorrência de rajadas de ventos que podem variar entre 80 e 100 quilômetros por hora.
Cumulunimbus é uma nuvem resultante do desenvolvimento vertical de nuvem cumulus (uma das três formas básicas de nuvem), que é freqüentemente coberta por elemento em forma de bigorna. Também chamada de nuvem temporal, é freqüentemente acompanhada por pesadas pancadas de chuva, raios, trovões e, às vezes, granizo, rajadas fortes de ventos e tornados. Ele explica que não é necessariamente sempre que a presença dessas nuvens sobre uma região ocasiona os ventos, uma vez que o fenômeno se dá em função da combinação de fatores de temperatura, vento e umidade. Desse modo, fica difícil prever quando irão ocorrer. Ferreira informa que várias rajadas de ventos já ocorreram no Ceará, mas que ainda não há registro histórico delas.
Em todos os pontos de Campos Sales, fios telefônicos e da rede elétrica caíram, uma vez que vários postes foram ao chão. Os prejuízos nesse setor se estenderam até a tarde de ontem. O professor Tarcio Rodrigues, 39, disse ter sido impressionante a forma como árvores do tipo algaroba, bem antigas, foram arrancadas pela raiz.
O médico Paulo Ney Martins, proprietário do Hospital Mário Pinotti, informou haver atendido uma senhora cujo muro da residência caiu sobre ela, além de muitas pessoas com lesões causadas por quedas, mas sem gravidade.
De acordo com a gerente Marilene Santiago e o locutor M. Filho, da rádio Cidade, sediada no município, no mínimo seis casas em construção caíram e várias outros imóveis perderam parte do forro e do teto, entre os quais o da emissora.
Fonte: O Povo
