05/12/2002 13h08 – Atualizado em 05/12/2002 13h08
Autoridades de Los Angeles, na Califórnia (Costa Oeste dos EUA), vão aplicar a política de “tolerância zero”, que deu resultado em Nova York, para “limpar” a cidade da violência provocada pelas gangues.
O prefeito Jim Hahn e seu novo chefe de polícia, William Bratton, que chegou há um mês de Nova York, declararam “guerra” aos 100 mil integrantes estimados de 200 gangues, que espalham o terror em vários bairros, principalmente no sul e leste de Los Angeles.
Das cerca de 600 mortes registradas desde o início do ano em Los Angeles de 3,6 milhões de habitantes, 44% foram atribuídas à guerra entre gangues rivais. Vinte mortes nas últimas três semanas geraram indignação entre a população, principalmente o assassinato a tiros de um jovem de 14 anos que não pertencia a nenhuma gangue.
Bratton anunciou anteontem que 300 policiais especializados na luta contra gangues foram redistribuídos pelos bairros onde acontece a nova onda de violência. Em toda a cidade, mais policiais serão mobilizados para esta tarefa, afirmou. O chefe policial também anunciou a criação de um novo cargo de adjunto, que terá a incumbência de coordenar os esforços contra “essa gangrena que ameaça se espalhar pelo resto do país”.
Apelidado de “czar antigangues” pela imprensa local, Michael Hillmann, policial há 35 anos, disse ontem que serão realizadas ações preventivas, como a prisão de suspeitos de integrar gangues. Ele admitiu que esse tipo de ação aumenta os riscos de discriminação racial, mas estimou que a nova estratégia é necessária. “Não é bonito, mas tampouco é bonito o que acontece atualmente nas ruas”, disse. Hillmann insistiu na importância da colaboração dos cidadãos.
Bratton anunciou anteontem que irá a Washington em janeiro, junto com o prefeito, para obter uma ajuda suplementar das autoridades federais. Ele considera o efetivo policial em Los Angeles muito reduzido. “É necessário que [Washington] também se preocupe com o terrorismo interno”, declarou.
Ao comparar as gangues de Los Angeles à máfia nova-iorquina de alguns anos atrás, Bratton disse que “não há nada mais nocivo que essas gangues. São piores que a máfia. Mostre-me um ano em Nova York em que a máfia tenha matado indiscriminadamente 300 pessoas. Não podem”.
O número de assassinatos caiu muito no fim da década de 90, mas no início de 2000 a unidade de elite antigangues da polícia de Los Angeles teve que ser desfeita, após a revelação de casos de corrupção envolvendo vários dos seus integrantes. Hahn criticou ontem este desmantelamento, alegando que se perdeu uma ferramenta preciosa da luta contra as gangues.
O prefeito mostrou-se confiante na estratégia anunciada por Bratton, lembrou que a lei californiana permite acusar um integrante de uma gangue por um crime cometido por outro membro e que investigações policiais recentes tiveram sucesso.
Fonte: France Presse




