09/12/2002 16h05 – Atualizado em 09/12/2002 16h05
O estudo, de Achyles Barcelos, da Unisinos, mostra que tem sido insuficiente a política do governo para estimular a maior exportação de couros ao exterior. O Brasil, devido ao seu enorme rebanho e terras mais baratas para a pecuária, pode tornar-se um dos maiores fornecedores mundiais de couro acabado e pode explorar a demanda do produto para móveis, estofamento de automóveis e sapatos de luxo. Mas, até agora, com a taxação do couro semi-elaborado, o wet-blue, só conseguiu deter as vendas externas desse produto, sem conseguir aumento nas exportações do couro mais elaborado, de maior preço internacional.
Segundo o estudo, os produtores de calçados teriam muito a ganhar com a Alca, principalmente nos EUA, que absorvem hoje 38% das exportações do setor e impõem tarifas de importação de até 12% para calçados de couro e até 37,5% para os de plástico. A maior parte dos exportados, porém, tem tarifa de 10%. A queda desse percentual, com o comércio livre, daria instrumentos aos produtores nacionais para competir com os asiáticos, aposta o estudo. No México, onde a tarifa para o sapato brasileiro chega a 35%, a Alca ou a ampliação do acordo bilateral abriria ainda mais um mercado que já tem se tornado ” atraente para solas, solados, palmilhas e matrizes feitas no Brasil ” . A competitividade do setor permitiria abrir mão da tarifa externa comum de 21,5%, que protege o setor no Mercosul. Um eventual acordo com a União Européia permitiria aos curtumes brasileiros beneficiar-se das vantagens competitivas como o tamanho do rebanho bovino, a capacidade de processamento de couros e a mão-de-obra barata. Esse acordo, porém, poderia criar problemas no setor de calçados, já que a redução de tarifas facilitaria a entrada dos concorrentes europeus, os ” mais tradicionais e sofisticados ” competidores.
Embora os acordos comerciais possam aumentar as vantagens competitivas do produto brasileiro, o estudo alerta para a dificuldade do setor calçadista em acompanhar o ritmo dos concorrentes asiáticos na conquista do mercado dos EUA, beneficiados por custos menores. ” A dependência excessiva do mercado americano ameaça a expansão do setor calçadista ” , adverte o consultor do Ministério do Desenvolvimento, que sugere: o setor deve diversificar mercados, buscando compradores na América Latina, União Européia, Oriente Médio e Oceania. O estudo sugere a formação de consórcios de empresas e a redução de custos de produção e transação para couro e calçados brasileiros.
Fonte: Valor Econômico




