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segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Carter prega união pela paz ao receber Nobel

10/12/2002 10h37 – Atualizado em 10/12/2002 10h37

OSLO, Noruega – O ex-presidente norte-americano Jimmy Carter recebeu nesta terça-feira o Prêmio Nobel da Paz de 2002, exortando as pessoas a trabalhar pela promoção da paz em um mundo que se tornou “um lugar mais perigoso”.

Carter, de 78 anos, foi laureado por seus esforços em prol da paz, da saúde e dos direitos humanos, que começaram com os acordos de Camp David de 1978, entre o Egito e Israel.

“É com um profundo senso de gratidão que eu aceito esse prêmio”, declarou o ex-presidente. “Estou grato à minha mulher, Rosalynn, a meus colegas no Centro Carter e aos muitos outros que continuam a buscar um fim da violência e do sofrimento no mundo”.

Carter recebeu seu prêmio enquanto o mundo vive sob a ameaça do terrorismo e temores de uma nova guerra no Iraque caso o regime de Saddam Hussein não cumpra a resolução das Nações Unidas que exige provas de que o país não possui armas de destruição em massa.

“Em vez de começar um milênio de paz, o mundo é agora, de muitas formas, um lugar mais perigoso”, disse o ex-presidente norte-americano. “A maior facilidade de viagens e de comunicação não tem correspondentes em igual entendimento e respeito mútuo”.

Membro do Partido Democrata, Carter exortou repetidamente o presidente George W. Bush, um republicano, a evitar uma guerra com o Iraque através da cooperação com a Organização das Nações Unidas e do apoio a inspeções de armas.

Antes de chegar à sede da Prefeitura de Oslo, a capital da Noruega, onde recebeu o prêmio, Carter foi ovacionado por cerca de 2.000 mil crianças norueguesas.

“A Noruega é um país que mais aprecia suas crianças, e eu quero congratular-me com esse país e com todos vocês”, disse o homenageado.

Pensamento político

Em seu discurso de agradecimento, proferido diante do rei Harald V da Noruega e de centenas de convidados, incluindo os próprios filhos e netos de Carter, o ex-presidente expôs amplamente seu pensamento político.

“Às vezes a guerra pode ser um mal necessário”, disse. “Mas não importa o quão necessária seja, a guerra é sempre um mal, nunca um bem. Nós não vamos aprender a viver juntos, em paz, matando os nossos filhos e os filhos dos outros”.

Carter pediu que a ONU fosse respeitada como o fórum internacional para resolver disputas.

Na solenidade, que teve música e flores, o laureado recebeu uma medalha de ouro do Nobel e um diploma. O prêmio inclui também um cheque no valor de um milhão de dólares.

Gunnar Berge, o presidente da comissão norueguesa do Nobel, de cinco membros, causou alvoroço ao anunciar o prêmio em outubro, quando afirmou que a escolha de Carter representa um alerta para Bush.

Em seu pronunciamento desta terça-feira, Berge disse que a não premiação de Carter em 1978 foi “um dos reais pecados de omissão” por parte do Nobel, que naquele ano homenageou o então primeiro-ministro israelense Menachem Begin e o então presidente egípcio Anuar Sadat por terem firmado acordos de paz sob mediação norte-americana.

“Jimmy Carter deveria, é claro, ter sido premiado com o Nobel da Paz há muito tempo”, acrescentou.

Carter, que não foi indicado a tempo, foi derrotado por Ronald Reagan em 1980, quando tentou a reeleição.

“Jimmy Carter provavelmente não entrará para a história dos Estados Unidos como o presidente mais efetivo, mas ele é, certamente, o melhor ex-presidente que o país já teve”, disse ainda Berge.

Carter prestou homenagem especial a Begin e Sadat, bem como a outros laureados, incluindo o ativista norte-americano dos direitos civis Martin Luther King Jr., que era de seu estado natal, a Geórgia, e recebeu o prêmio em 1964.

Fonte: Associated Press

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