10/12/2002 13h03 – Atualizado em 10/12/2002 13h03
Começou na manhã de hoje o julgamento dos três policiais militares acusados pela morte de Sandro do Nascimento, que manteve reféns em um ônibus do Rio em 12 de junho de 2000. Eles disseram à Justiça que não tiveram a intenção de assassinar o criminoso. A ação, que ficou conhecida como o caso do Ônibus 174, terminou também com a morte de uma refém, a professora Geísa Firmo Gonçalves.
O julgamento teve início por volta das 9h30 com o interrogatório, pela ordem, do capitão Ricardo de Souza Soares, 42, e os soldados Flávio do Val Dias, 32, e Márcio de Araújo David, 32.
Os três estavam no banco traseiro do carro da polícia que transportava Nascimento e são acusados de matá-lo por asfixia.
Os acusados afirmaram à juíza Maria Angélica Guedes que tentaram imobilizar o criminoso, que gritava muito. Disseram ainda que deram uma “gravata”, passando o braço em torno de seu pescoço, e que empurraram seu queixo para cima, para evitar que fossem mordidos.
Os PMs afirmam que, pouco depois, Nascimento perdeu a consciência e que tentaram reanimá-lo.
Peças do processo, que possui 14 volumes, são lidas nesta tarde.
O advogado dos policiais, Clovis Sahione, abriu mão das testemunhas de defesa e preferiu apresentar somente filmes sobre o crime. A promotoria, no entanto, aceitou a dispensa, segundo o TJ (Tribunal de Justiça).
Após a leitura das peças deverá ocorrer uma parada para almoço. Depois, o julgamento recomeça com a exibição de fitas (matérias geradas por emissoras de TV no dia do sequestro) e do documentário “Ônibus 174”, de José Padilha.
Rua movimentada
O sequestro do ônibus 174 ocorreu em uma das ruas mais movimentadas do bairro Jardim Botânico, zona sul do Rio.
Nascimento, armado com um revólver calibre 38, invadiu o veículo e manteve aproximadamente dez passageiros reféns por aproximadamente cinco horas.
O ônibus foi cercado pela polícia. Diante das câmeras, ele apontava a arma para as cabeças dos passageiros.
Durante as negociações, Nascimento desceu do veículo, usando Geísa como escudo. Foi então que um policial do Bope decidiu atirar, mas o assaltante revidou.
A refém, então com 20 anos, foi atingida por três tiros no tórax -disparados pelo sequestrador-, e um tiro de raspão no queixo -disparado pelo policial- e morreu na hora.
O crime virou filme. O documentário “Ônibus 174” já ganhou prêmios, como a 26ª Mostra BR de Cinema de São Paulo e o Festival do Rio BR 2002.
Fonte: Folha Online





