10/12/2002 10h04 – Atualizado em 10/12/2002 10h04
A polícia argelina dissolveu violentamente uma manifestação convocada em Argel hoje pelos “comitês de tribos e aldeias” de Cabília, que tentavam entregar uma lista de reivindicações da população berbere à representação das Nações Unidas.
Com o intuito de evitar que se produzissem graves enfrentamentos, os dirigentes destes comitês, herança das antigas ágoras de anciãos que regiam as tribos na época númida, haviam limitado a marcha aos representantes destas instâncias, sem convocar uma manifestação em massa.
Mas, desde junho de 2000, quando aconteceu uma violenta manifestação dos cabilas em Argel, com um saldo de três mortos e graves danos materiais, o governo proíbe a realização na capital do país de manifestações urbanas.
Desde o começo da manhã, elementos das brigadas antidistúrbios estavam presentes ao redor da praça Primeiro de Maio, de onde devia partir a manifestação até a sede da ONU.
Quando várias dezenas de representantes, gritando consignas em favor da cultura e da identidade da população de Cabília, e gritos de “abaixo a ditadura”, quiseram iniciar a marcha, os agentes da ordem agiram para dissolvê-la, embora sem usar, como em outras ocasiões, bombas de gás lacrimogêneo.
Os comitês deram a conhecer publicamente o escrito que pretendiam entregar aos representantes da ONU por ocasião da Jornada Mundial dos Direitos Humanos, no qual denunciam a “violação em massa” desses direitos na região da Cabília e acusam o poder político de manter presos cerca de 20 representantes das ágoras, sem ter anunciado ainda a data dos processos.
Entre as pessoas presas está o jovem Belaid Abrika, considerado o líder da revolta e uma das figuras mais emblemáticas do movimento berbere argelino.
Fonte: Agência EFE





