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terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Morre aos 90 anos o jurista Evandro Lins e Silva

17/12/2002 08h16 – Atualizado em 17/12/2002 08h16

RIO – Morreu às 5h45m de hoje o jurista e acadêmico Evandro Lins e Silva, de 90 anos, que estava internado desde quinta-feira passada, após ter sido operado de traumatismo craniano no Hospital Souza Aguiar. Na madrugada de sexta-feira o advogado foi transferido para a Clínica São Vicente, onde entrou em coma.

O jurista sofreu uma queda quando tentava entrar em um carro, após desembarcar no Aeroporto Santos Dumont. Evandro voltava de Brasília, onde havia sido nomeado Conselheiro da República pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

O corpo do jurista será velado na Academia Brasileira de Letras, onde ocupava a cadeira de número um. Ele deixa quatro filhos, 11 netos e dez bisnetos.

Célebre pela atuação política e a participação em casos rumorosos, o piauiense Evandro Lins e Silva defendeu inúmeros ativistas de todas as tendências ideológicas e era considerado um dos maiores criminalistas brasileiros. Nos anos 70, assumiu a defesa de Doca Street, que havia assassinado a tiros sua mulher, Angela Diniz, num dos casos mais comentados da alta sociedade brasileira. Em 1992, destacou-se na chefia da banca de advogados de acusação do ex-presidente Fernando Collor de

Mello.

Em 1947, defendeu no Supremo Tribunal Federal o desembargador Edgard de Souza Carneiro, presidente em exercício do Tribunal de Justiça da Bahia, acusado de homicídio do advogado Otávio Barreto. Em 1969, redigiu a defesa do senador Nelson Carneiro, acusado de tentativa de homicídio contra o

deputado Estácio Sotto Maior.

Foi correspondente da ONU no Brasil para matéria penal e penitenciária, procurador geral da República e chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, no governo João Goulart, entre 1961 e 1963. Foi também ministro das Relações Exteriores e ministro do Supremo Tribunal Federal – de setembro de 1963 a janeiro de 1969, quando foi aposentado, com base no Ato Institucional n 5, de 13 de dezembro de 1968.

Evandro Lins e Silva também foi fundador do Partido Socialista Brasileiro, em 1947, juntamente com João Mangabeira, Hermes Lima, Domingos Velasco, Alceu Marinho Rego, Rubem Braga e Joel Silveira.

Escreveu os livros “A Defesa tem a Palavra”, “Arca de Guardados” e “O Salão dos Passos Perdidos”, em que fez um apanhado dos principais momentos de sua jornada profissional.

Eleito para a ABL em 16 de abril de 1998, aos 86 anos, Lins e Silva tomou posse em 11 de agosto, data em que escolheu por ser a da fundação dos cursos jurídicos no Brasil.

  • Esta entrada para a Academia Brasileira de Letras é um coroamento não só de minha carreira profissional, mas de toda a minha vida – disse Evandro, emocionado, em meio à euforia de amigos e acadêmicos, no dia da eleição.

  • A eleição, como tudo na minha vida, é uma sucessão de acasos felizes – comentou. – Estes acasos começaram na Ilha de Santa Isabel, onde nasci, e chegam até hoje, é como se eu estivesse chegando ao Olimpo. Como dizia o Miguel Torga, uma vida longa dá para isso.

Ao tomar posse, fez um discurso em que procurou estabelecer a aproximação entre os advogados e a casa fundada por Machado de Assis, lembrou os vários juristas que fizeram e fazem parte da academia, citando de Rui Barbosa a Oscar Dias Corrêa.

Fonte: O Globo/Bom Dia Rio

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