22/01/2003 09h48 – Atualizado em 22/01/2003 09h48
A sentença da Justiça de Mato Grosso que condenou o traficante Leonardo Dias Mendonça a 23 anos e 4 meses de prisão por tráfico de drogas reconheceu o acusado como líder de uma quadrilha internacional de narcotráfico que tinha como ponto estratégico e base para suas ações uma fazenda no município de Cocalinho, em Mato Grosso.
O promotor de justiça plantonista Wesley Sanchez Lacerda, que assinou a notificação sobre a decisão condenatória, proferida no dia 13, revelou que, de acordo com a denúncia do Ministério Público, a fazenda era o local onde a droga chegava e a partir do qual ela era distribuída, numa rota que envolvia países latino-americanos como Bolívia, Suriname, Colômbia e Peru e vários Estados brasileiros.
Segundo o promotor, o nome de Leonardo surgiu como o do líder da organização criminosa num processo no qual quatro pessoas foram condenadas por transportar e manter entorpecentes em depósitos de Cocalinho.
Nessa ação, os irmãos Ecival e Luiz de Pádua Santomé, Amarildo de Oliveira Berigó e Otair Miranda Mendonça também foram condenados e Iran Tabô Faria foi absolvido. Ecival era o proprietário da Fazenda Couro Forte, local onde foram encontrados 327 quilos de cocaína pela Polícia Federal (PF) do Mato Grosso.
Wesley Lacerda contou que, em depoimento à Justiça, o delegado federal Anderson Rui Fontel de Oliveira explicou que a PF, depois de mais de um ano de investigação, chegou a uma pista clandestina numa pequena fazenda vizinha à de Ecival, de propriedade de uma pessoa chamada Adão. Nela foram encontrados vários litros de combustível. Em nenhuma das duas propriedades foram achados indícios de refinaria.
Para o promotor, no processo havia provas suficientes para a condenação de Leonardo e dos outros denunciados. Ele explicou que as investigações da PF envolveram o cruzamento de ligações telefônicas comprometedoras.
Em outro depoimento, citou ele, o agente da PF João Álvaro de Almeida afirmou que a polícia começou a fazer o levantamento da participação de Leonardo na quadrilha através de telefonemas feitos de um hotel de São Miguel do Araguaia, norte de Goiás, cidade próxima a Cocalinho.
Segundo o agente, ficou comprovado, por meio de recibos, que Leonardo esteve hospedado no local várias vezes, uma delas nove dias antes da apreensão da droga. “Ele (Leonardo) acompanhava tudo de perto”, disse o agente. Além disso, foi comprovado que outros membros da quadrilha também se hospedaram no hotel.
O agente afirmou ainda que os funcionários do estabelecimento ficaram indignados com o alto valor das ligações telefônicas feitas por Leonardo a partir do hotel. Eles teriam dito à PF que o traficante havia pedido o telefone emprestado para fazer ligações para Minas Gerais, quando, na verdade, fazia ligações internacionais.
A polícia cruzou os números e descobriu uma ligação de Leonardo para o Peru e, depois, mais quatro ligações para o mesmo número internacional feitas da casa de Otair Miranda Mendonça. Foram constatadas ainda sete ligações do traficante para um número na Colômbia, telefone para o qual, segundo a PF, Ecival também fez seis chamadas.
Segundo o agente, um outro número na Colômbia para onde Leonardo fez ligações seria o telefone do principal fornecedor de drogas daquele país.
Fonte: O Popular




