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terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Nova doutrina nuclear da Índia gera preocupação no Paquistão

23/01/2003 08h56 – Atualizado em 23/01/2003 08h56

A nova estrutura de comando da arma nuclear na Índia e a revisão de sua doutrina a respeito do assunto põem em pauta de julgamento sua política de “não atacar primeiro” e firmam uma posição mais agressiva sobre o Paquistão, afirmam especialistas paquistaneses da defesa e do setor nuclear.

“É uma posição muito mais agressiva”, disse o general da reserva Talat Masood, ex-secretário de Estado da produção militar, em relação à criação por Nova Déli no início deste mês de uma nova estrutura de comando nuclear e de uma revisão de sua política nuclear.

No dia 4 de janeiro, Nova Déli anunciou a criação de uma Autoridade de Comando Nuclear encarregada de administrar o arsenal nuclear e que compreende um conselho político, presidido pelo primeiro-ministro Atal Behari Vajpayee, e um conselho executivo, dirigido pelo conselheiro em Segurança Nacional, Brajesh Mishra.

O governo indiano também confirmou sua doutrina de “não atacar primeiro” com a arma nuclear, mas se reservando o direito de represálias nucleares em caso de ataque atômico, químico ou biológico.

“Isso é muito novo”, afirmou o general Massod, acrescentando que “apresenta potencialmente o perigo de desencadear uma nova corrida armamentista com o Paquistão e a China”.

A doutrina nuclear indiana, anunciada oficialmente em agosto de 1999 e que afirma que a Índia não será a primeira a lançar um ataque nuclear, é agora “mais ambígua”, segundo o general Masood.

Para o professor de física nuclear da universidade Quaid-e-Azam, de Islamabad, Pervez Hoodbhoy, essa mudança de política e os esforços da Índia para adquirir novas armas na Rússia aumentam os riscos de um confronto.

“Há, sem dúvidas, uma escalada”, afirmou o militante pró-desarmamento Adul Hamid Nagya, do Instituto de Política por um Desenvolvimento Duradouro, uma entidade paquistanesa privada.

Desde que oficializou sua capacidade nuclear, em maio de 1998, em resposta a lançamentos de prova de mísseis indianos, o Paquistão não adotou uma doutrina nuclear e não tem política de “não atacar primeiro”.

O Paquistão se reserva o direito de utilizar seu armamento nuclear se “a existência do país estiver em jogo”, segundo o general Khalid Kidwai, chefe da divisão estratégica da Autoridade de Comando Nacional), encarregada do programa nuclear paquistanês.

Fonte: France Presse

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