23/01/2003 08h56 – Atualizado em 23/01/2003 08h56
A nova estrutura de comando da arma nuclear na Índia e a revisão de sua doutrina a respeito do assunto põem em pauta de julgamento sua política de “não atacar primeiro” e firmam uma posição mais agressiva sobre o Paquistão, afirmam especialistas paquistaneses da defesa e do setor nuclear.
“É uma posição muito mais agressiva”, disse o general da reserva Talat Masood, ex-secretário de Estado da produção militar, em relação à criação por Nova Déli no início deste mês de uma nova estrutura de comando nuclear e de uma revisão de sua política nuclear.
No dia 4 de janeiro, Nova Déli anunciou a criação de uma Autoridade de Comando Nuclear encarregada de administrar o arsenal nuclear e que compreende um conselho político, presidido pelo primeiro-ministro Atal Behari Vajpayee, e um conselho executivo, dirigido pelo conselheiro em Segurança Nacional, Brajesh Mishra.
O governo indiano também confirmou sua doutrina de “não atacar primeiro” com a arma nuclear, mas se reservando o direito de represálias nucleares em caso de ataque atômico, químico ou biológico.
“Isso é muito novo”, afirmou o general Massod, acrescentando que “apresenta potencialmente o perigo de desencadear uma nova corrida armamentista com o Paquistão e a China”.
A doutrina nuclear indiana, anunciada oficialmente em agosto de 1999 e que afirma que a Índia não será a primeira a lançar um ataque nuclear, é agora “mais ambígua”, segundo o general Masood.
Para o professor de física nuclear da universidade Quaid-e-Azam, de Islamabad, Pervez Hoodbhoy, essa mudança de política e os esforços da Índia para adquirir novas armas na Rússia aumentam os riscos de um confronto.
“Há, sem dúvidas, uma escalada”, afirmou o militante pró-desarmamento Adul Hamid Nagya, do Instituto de Política por um Desenvolvimento Duradouro, uma entidade paquistanesa privada.
Desde que oficializou sua capacidade nuclear, em maio de 1998, em resposta a lançamentos de prova de mísseis indianos, o Paquistão não adotou uma doutrina nuclear e não tem política de “não atacar primeiro”.
O Paquistão se reserva o direito de utilizar seu armamento nuclear se “a existência do país estiver em jogo”, segundo o general Khalid Kidwai, chefe da divisão estratégica da Autoridade de Comando Nacional), encarregada do programa nuclear paquistanês.
Fonte: France Presse




