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sexta-feira, 23 de maio de 2025

HUMOR: Código de ética para pacientes, doentes, enfermos e assemelhados

28/01/2003 14h08 – Atualizado em 28/01/2003 14h08

Todos estão cansados de ouvir falar em código de ética para os profissionais da medicina mas, até o momento, inexistia algo semelhante para os pacientes. Esse estado de coisas vinha produzindo uma situação que era, na melhor das hipóteses, injusta, pois apenas obrigações se aplicavam aos médicos, enquanto dos pacientes nada lhes era exigido. Esta proposta de Código de Ética para Pacientes, Doentes, Enfermos e Assemelhados é o resultado de um esforço conjunto de vários pacientes, quase todos eles já desencarnados. Este Código destina-se a resolver de uma vez por todas essa situação possibilitando um melhor relacionamento entre o esculápio e você: paciente, enfermo ou doente terminal, inicial ou mesmo intermedial.

Paciente amigo:

  1. SOFRIMENTO. JAMAIS ESPERE QUE O MÉDICO VENHA A COMPARTILHAR DO SEU SOFRIMENTO.

Qualquer preocupação maior do médico com a dor e o sofrimento de um paciente pode prejudicar a objetividade científica no acompanhamento da sua enfermidade.

  1. ALEGRIA, ALEGRIA! DEMONSTRE SEMPRE ALEGRIA, FELICIDADE E AUTOCONFIANÇA.

A direção e o gerenciamento de uma clínica ou de um consultório são atividades muito estressantes e o médico sempre está preocupado com a receita (nem sempre a sua, mas sempre a dele). Ao consultar o médico, procure não perturbá-lo com seus problemas pessoais e mal-estares. Sempre transmita a ele uma sensação de confiança, de paz e de tranqüilidade.

  1. DIAGNÓSTICO. PROCURE MANTER-SE NA DOENÇA DA QUAL VOCÊ ESTÁ SENDO TRATADO(A).

Lembre-se de que seu médico tem uma reputação a manter. Uma vez diagnosticada uma doença, fique com ela até o fim, qualquer que seja esse fim. Não fique mudando de uma enfermidade para outra, pois essa inconstância revela indecisão e instabilidade emocional.

  1. RESULTADOS. JAMAIS SE QUEIXE NEM NUNCA SE DESESPERE SE O TRATAMENTO NÃO LHE ESTIVER TRAZENDO O ALÍVIO ESPERADO.

O médico já lhe examinou, pediu ECG, EEG, RM, RX, Credit Card, tomografias, ressonâncias, dissonâncias, cintilografias, exame de fezes, exame de urina, da goma e tudo mais que a ciência de Hipócrates criou para o seu (dele, o médico) conforto. Ele já tem o diagnóstico definitivo baseado numa profunda investigação da natureza sócio-patológica de sua moléstia. Tudo isso transcende a qualquer melhoria em suas condições de saúde. Lembre-se disso.

  1. CONFIANÇA. JAMAIS PEÇA AO MÉDICO PARA EXPLICAR-LHE O QUE ELE ESTÁ FAZENDO OU POR QUE ESTÁ FAZENDO.

Além de revelar uma desagradável falta de confiança, mesmo que ele quisesse explicar-lhe tudo, você jamais iria entender as expressões e os termos científicos. Pense quantos preciosos minutos ele iria perder para explicar-lhe coisas que não têm qualquer interesse para você.

  1. NOVAS TECNOLOGIAS. SUBMETA-SE DE BOA VONTADE A NOVOS TRATAMENTOS E EXPERIÊNCIAS.

Se uma cirurgia ou um tratamento não lhe trouxer qualquer benefício ou melhoria, imediatos ou não, em suas condições de saúde considere que você deve dar sua desinteressada contribuição para um artigo de revista ou para uma palestra num congresso, mesmo que isto não signifique qualquer progresso significativo para a medicina. O importante é contribuir, mesmo que você se transforme numa ínfima nota de pé de página.

  1. CONTAS MÉDICAS. PAGUE SUAS CONTAS MÉDICAS IMEDIATAMENTE E SEM RECLAMAR.

Sinta-se feliz por estar contribuindo, ainda que modestamente, para o bem estar dessa laboriosa categoria profissional.

  1. CUSTOS DO TRATAMENTO. JAMAIS SOFRA DE UMA DOENÇA CUJO TRATAMENTO LHE SEJA POR DEMAIS ONEROSO.

Além de ser indelicado para com o médico é uma atitude arrogante contrair doenças cujo custo de tratamento esteja além de sua capacidade de pagamento. Escolha uma doença mais em conta.

  1. ERRO MÉDICO. JAMAIS REVELE OS ERROS E MANCADAS QUE SEU MÉDICO COMETEU AO LONGO DO TRATAMENTO.

A relação médico-paciente é sagrada e baseada na confiança mútua. Você não deve correr o risco de expor o seu médico a situações vexatórias.

  1. MORTE. JAMAIS ENTRE EM ÓBITO DURANTE O TRATAMENTO.

Morrer durante o tratamento é uma atitude inconveniente e descortês para com o médico, pois além do risco de deixá-lo numa situação embaraçosa, sua (a sua, paciente ingrato) morte pode ser comprometedora para ele.

  1. TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS. ESTEJA SEMPRE DISPONÍVEL PARA DOAR OS SEUS PRÓPRIOS ÓRGÃOS.

Se o seu médico necessitar de algum de seus órgãos para transplantá-lo, nele mesmo ou em outro paciente, prontifique-se imediatamente a doá-los. Afinal de contas, considere o quanto você já usou seu coração, fígado, pulmões e rins, por exemplo. Veja que são peças usadas de sua anatomia, eventualmente até com defeito de fabricação, cujo valor comercial é extremamente baixo.

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