29/01/2003 08h44 – Atualizado em 29/01/2003 08h44
Cooperativas agrícolas fornecerão alimentos para escolas, presídios e hospitais públicos das regiões que desenvolvem projetos de agricultura familiar. Esta é uma das formas encontradas pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, para estimular o pequeno produtor.
Rossetto disse à Agência Brasil que a medida também contribuirá para reduzir os gastos das administrações. “Estamos discutindo uma articulação positiva entre a capacidade de compra pública do estado – incluindo os governos estaduais, municipais e federais – com a agricultura familiar”, disse. O objetivo é descentralizar as compras do governo e estabelecer uma relação direta nas regiões com a agricultura familiar. Com isso, o governo estaria estimulando a produção e preservando a renda dos municípios nas regiões. “Estamos construindo várias articulações para que o fome zero seja gerador de emprego e de renda no campo brasileiro”, explicou.
Até fevereiro será definido o volume de recursos destinados para o programa. Rossetto não teme redução de gastos por conta de um eventual aumento da meta de superávit primário. “Esta é uma prioridade do presidente Lula que integra o programa Fome Zero e seguramente vai compor a hierarquia de investimentos sociais”, argumentou.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), ligada à Central Única dos Trabalhadores, garante que o setor tem potencial para produzir o suficiente para abastecer as instituições. “Se houver uma política séria de incentivo à agroindústria familiar e linhas de crédito subsidiado, vamos fornecer produtos da melhor qualidade, pois são orgânicos. Os alunos e pacientes dos hospitais terão certeza de que a saúde está garantida, sem risco de estarem consumindo comida com veneno ou transgênica”, disse o coordenador da Fetraf no Rio Grande do Sul, Eloir Griseli.
Segundo dados do último censo da agricultura familiar, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil 4,170 milhões de famílias vinculadas à agricultura familiar. Desse total, mais de um milhão localiza-se na Região Sul. Eloir não precisou o total de volume produzido anualmente, mas lembrou que o objetivo primeiro é a subsistência. “Somente depois de alimentar a sua própria família, o agricultor comercializa o que planta”, diz.
Griseli destacou ainda a capacidade de geração de emprego e renda como outra razão para que o governo invista no campo. Dados do IBGE mostram que a cada 7 hectares da agricultura familiar é gerado um emprego, enquanto a proporção na agricultura patronal é de um emprego para cada 69 hectares. São consideradas de agricultura familiar as pequenas propriedades, com legislação variando em cada região. No Sul, por exemplo, só podem integrar o programa, projetos de no máximo quatro módulos, com 15 hactares cada um.
Para Rossetto, a Feira da Agricultura Familiar, instalada no Portal da CUT, um dos destaques do III Fórum Social Mundial, realizado do dia 23 até ontem (28), foi uma pequena demonstração do potencial de crescimento do setor. A feira foi a mais procurada, vendendo cerca de R$ 300 mil. O ministro passou por diversas vezes no local. Na sexta-feira, tomou café da manhã com os agricultores e, na quinta à tarde, lanchou na banca da Associação de Agricultures Ecologistas de Antônio Prado. Recebeu do agricultor Miguel Dallalba um copo de néctar de amora, que não conhecia. Rossetto só não conseguiu contribuir para elevar as vendas da feira, pois em cada banca visitada recebia produtos de presente.
Fonte: Agência Brasil




