29/08/2003 08h10 – Atualizado em 29/08/2003 08h10
Dramáticos relatos de corpos caindo, pedidos de ajuda e alertas para que todos deixassem o World Trade Center preenchem milhares de páginas, divulgadas na quinta-feira, com a transcrição dos chamados de emergência feitos em Nova York no dia 11 de setembro de 2001.
Muitos dos chamados foram feitos por pessoas desesperadas, retidas nos andares superiores das torres gêmeas. “Estamos no 88o. andar. Estamos presos”, disse uma mulher. “Todo o prédio vai cair em cima de mim. O prédio está começando a cair”, continuou ela, até se tornar inaudível.
Uma pessoa que se identificou como Rocko disse que estava no 105o. andar no momento do ataque contra a torre norte. “Não deixe ninguém subir aqui”, disse ele à polícia. “Há muita fumaça!”
O ataque contra o World Trade Center matou 2.792 pessoas. O primeiro avião sequestrado se chocou contra a torre norte no 94o. dos 110 andares. O segundo bateu, minutos depois, na altura do 78o. andar da torre sul.
Várias chamadas descrevem como as pessoas, aterrorizadas, saltavam das janelas. “Há partes de corpos por todo lado. Deve haver centenas de mortos aqui. Há partes de corpos a até cinco quarteirões de distância”, disse uma ligação.
Outra falava em “dezenas de corpos, pessoas simplesmente saltando do alto do prédio, corpos caindo do céu”.
Em seu relatório, um policial escreveu que uma pessoa foi apanhada por uma corrente de ar quando se jogou e caiu a um ou dois quarteirões de distância. Outro policial disse ter visto vítimas saltando em duplas, de mãos dadas.
“Precisamos coordenar nossa corrida para a torre de modo a evitar que sejamos acertados por corpos que estão caindo e explodem no impacto com o chão. Em poucos segundos, me aproximei de 13 suicidas”, escreveu o policial.
Ao cair no chão, os corpos faziam tamanho ruído que um policial pensou que se tratasse de bombas.
As transcrições foram reveladas pela Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey, dona do local do WTC, por ordem judicial, a pedido do jornal The New York Times.
As gravações mostram que vários policiais da região de Nova York, mesmo de folga, ligaram para suas delegacias oferecendo-se para ir ao trabalho. Também aparece a frustração das equipes de resgate dentro dos prédios.
“Percebemos que as pessoas começaram a saltar das torres. Várias estavam se queimando. Uma onda de vergonha se abateu sobre nós porque não pudemos ajudá-las”, escreveu o agente R.P. Mendenhall em um memorando.
Outro funcionário da Autoridade Portuária, Timothy Norris, relatou que estava do lado de fora das torres quando sentiu “uma vibração extrema e um barulho incrível, como mil trens de carga”. “Soube instantaneamente que a torre estava caindo. Rezei para ser poupado.”
Um sargento da polícia disse que a cena “parecia a descrição bíblica do inferno”.
As transcrições incluem ligações feitas para a polícia da Autoridade Portuária e apelos de funcionários do local às autoridades. A Autoridade Portuária perdeu sua sede e 37 funcionários no ataque.
Fonte: Reuters