05/10/2003 13h03 – Atualizado em 05/10/2003 13h03
Douglas Jericó Reis, de Osasco/SP, estava nos Estados Unidos quando a primeira versão do “Popstars” foi ao ar pelo SBT. Ele passou 1 ano trabalhando como lavador de pratos e cozinheiro fora do país, mas nas horas vagas compunha algumas canções, como a que mandou junto com sua inscrição para a atração. De volta ao Brasil, Douglas foi estimulado por uma ex-namorada e pela irmã a mandar o material para o programa. Douglas foi eliminado quase na reta final, no último dia 20 de setembro, depois de participar de uma etapa de dança. Mesmo fora de “Popstars”, o cantor garantiu que não vai desistir do sonho de ser reconhecido na música. Em conversa com OFuxico ele ainda revelou o que rola nos bastidores do programa e falou da amizade com os outros eliminados.
OFuxico – Por que decidiu participar de “Popstars”?
Douglas – Canto desde os 8 anos de idade e já estava trabalhando como músico. Quando minha irmã era criança, ganhou um violão que eu acabei tomando dela, mesmo não sabendo tocar. Fiz algumas aulas e acabei gostando. Uma ex-namorada pegou a ficha e minha irmã levou as fotos e o CD até a RGB no último dia de inscrição. Como eu tinha acabado de voltar dos Estados Unidos, não sabia do que se tratava o programa.
OF – Imaginava ficar entre os 6 mil selecionados para a primeira etapa?
D – Quando cheguei no Sambódromo estava confiante. Mas na hora em que vi os outros concorrentes, aquele monte de gente, muitos meninos bonitos, pensei “estou perdido”. Mas também achava que não bastava ser bonito se não cantasse bem. Só que eles também cantavam bem! Coloquei meus pés no chão e fiz o que sabia. Nenhum dos garotos que estavam perto de mim passaram para a próxima fase.
OF – Você assistiu a primeira edição do programa?
D – Vi alguma coisa e até pensei em me inscrever quando tivesse uma edição só com meninos. Mas depois esqueci.
OF – O que os jurados alegaram ao te eliminar?
D – Na minha opinião, no dia em que fui eliminado tinha feito uma das minhas melhores apresentações. Eles não comentaram nada nem comigo e nem com os outros 8 que também foram eliminados. Por um lado foi bom, pois não prejudicou a nossa imagem. Mas o ruim é que você fica na dúvida sobre onde errou. Fui bom nos testes de voz, mas não nos de dança. Sou meio desengonçado. Mas aprendi a dançar um pouco, consegui pegar uns passos.
OF – Mas achou justa a sua eliminação?
D – Sou suspeito para falar sobre isso porque eu queria estar no grupo. Tenho 21 anos, não sou diretor da Sony Music ou trabalho num estúdio. Os jurados têm experiência. Não existe nada arranjado no programa e quem está lá é porque é bom mesmo. Eu, por exemplo, sou fã do Felipe, que faz um estilo parecido ao do Alexandre Pires. Tocamos muito pagode nos bastidores.
OF – No fundo, fazer parte de um grupo pop, com outros meninos, era mesmo o que queria? Não gostaria que a banda tivesse um outro perfil, mais rock´n´roll, por exemplo?
D – Estar no grupo era tudo o que eu mais queria. Meu sonho era ter uma banda de rock ou tocar MPB, fazer minhas músicas mais politizadas. Mas sei que não ia dar tão certo quanto a banda do programa, que já vai ter uma gravadora e uma equipe para administrar a carreira.
OF – O que você aprendeu com o “Popstars”?
D – Aprendi que tudo o que se sonha, por mais difícil que seja, tem que acreditar que você vai ter. Sei que não consegui mostrar nem metade do que sou, mas acreditei em mim e isso me deu um brilho a mais. O que vou levar comigo é que nada mais é impossível.
OF – Você fez amigos lá dentro?
D – Converso com quase todos os candidatos que foram eliminados. Tenho o telefone de todos eles, desde o Júnior Alegria até o Eduardo “Supla”. Fiquei muito amigo do Alan, que foi eliminado numa das primeiras etapas, e hoje nós tocamos juntos.
OF – Como era o clima nos bastidores de “Popstars”? Tinha sempre alguém da produção espionando?
D – Tinha gente da produção o tempo todo olhando para você, escutando as suas conversas, mexendo nas suas coisas. Mas não rolou nenhuma briga entre os candidatos ou algum estresse. Durante o programa é difícil saber quem era seu amigo de verdade, mas todos se tratavam com muito respeito. Agora que estou de fora posso analisar melhor as pessoas, mas sei que não tinha falsidade. Todo mundo se ajudava.
OF – Para você, qual foi a etapa mais difícil?
D – Foi a fase da Segunda eliminatória, quando tive que cantar num palco com outros 4 candidatos. O Alexandre Schiavo parou na minha frente e cruzou os braços. As minhas pernas não paravam de tremer e me deu muito medo. Já tinha passado muita gente por ali e, para mim, os jurados já estavam com a cota de aprovados preenchidos. Mas de todos que cantaram junto comigo, fui o único a ser aprovado.
OF – Na edição feminina do “Popstars”, uma das meninas desistiu do programa numa das etapas finais. Você pensou em desistir em algum momento?
D – Não. Sempre acreditei até o final. Foi bom ficar longe da família, pois já estava acostumado a isso depois de passar 1 ano fora do país, sozinho. É claro que deu saudade dos meus pais. Teve um momento em que fiquei com a orelha vermelha e comentei com os meninos sobre quem poderia estar falando de mim naquela hora. Comecei a lembrar das pessoas e a imaginar se elas estariam torcendo por mim. Estávamos isolados e a única informação que tivemos do que estava acontecendo foi quando um jornal publicou uma foto do André dançando com o Ricky Martin.
OF – É verdade que vocês tiveram que assinar um contrato com a RGB? O que ele previa?
D – Ele obrigava um monte de coisas. Tinha um monte de regras que a gente tinha que respeitar, como não fumar. Quem fosse pego com drogas era eliminado do programa. Quem ficasse depois da 10ª eliminação receberia um salário. Também não poderia levar câmera e você poderia contar com a ajuda de um advogado, se quisesse. Era muita coisa, mas li tudo, dei para o meu pai e para uma advogada ler também. Eles não gostaram muito, mas assinei mesmo assim. Ainda tenho que ficar 6 meses a disposição deles, caso precisem de mim.
OF – Você tem acompanhado o programa?
D – Tenho. Gravo todos. O último que foi ao ar, assisti com outros eliminados, num sítio. Foi muito legal.
OF – O que mudou na sua vida depois de “Popstars”?
D – Tudo. Dou até autógrafos e sou reconhecido na rua. Fui ao show do Rouge, no Olympia (SP), com outros candidatos e fiquei até com medo da reação das pessoas. Alguns fãs nos descobriram lá e vieram na nossa direção. Começou um empurra-empurra e não tinha nenhum segurança para nos ajudar. Tiramos fotos, fiz amigos, apertaram a minha bunda, mas adorei a bagunça!
OF – E o que teve de largar por causa do programa?
D – Fiquei 1 semana afastado do meu trabalho, mas a dona da empresa me deu a maior força. A minha faculdade ficou para segundo plano. Na verdade, quero ver se troco o curso que faço, na área de informática, pelo de Música.
OF – O que mais pretende fazer agora, que foi eliminado do programa?
D – Sei que vou chegar lá e estou lutando para isso. Quero gravar um CD com o Alan e estou organizando algumas jam session com outros participantes do “Popstars”.
Fonte: O Fuxico