10/12/2003 14h50 – Atualizado em 10/12/2003 14h50
O EPSM (Estabelecimento Penal de Segurança Máxima) tem hoje com cerca de 900 presos, quase o triplo de sua capacidade. Mas não são apenas os detentos – que afirmam estar em greve de fome desde segunda-feira – que enfrentam as conseqüências da superlotação, entre elas os casos de tuberculose: os agentes penitenciários responsáveis pela segurança amargam esta realidade.
O presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários, Anunciação Edílson Soares dos Santos, em entrevista ao Campo Grande News que cerca de 200 homens trabalham no presídio e usam máscaras para ter acesso ao pavilhão da saúde onde há 134 doentes, 12 deles tuberculosos. Segundo Santos, chega a ser “impossível” fazer com que todos os detentos prestem serviços por conta da falta de agentes para a vigília durante as atividades. “O que adianta colocar todos no serviço se nós não somos suficientes para acompanhá-los”, desabafou Santos que conseguiu permissão para que a imprensa entrasse na Máxima na terça-feira.
Mesmo em campos opostos – enquanto os presos dizem através da Associação de Familiares e Amigos dos Encarecerados que estão em greve de fome da truculência da Tropa de Choque da Polícia Militar durante o último pente-fino, os agentes negam o problema – internos e agentes têm reclamações parecidas quando o assunto é estrutura mínima para a convivência e recuperação.
Na cozinha, baratas dão os sinais de que há algo de errado no saneamento e manutenção do complexo. Os insetos passeiam sobre as panelas industriais. Por todo o presídio, há uma população de gatos. “É porque aqui há muitos ratos”, disse Santos.
Aos 39 anos, um agente que preferiu não ser identificado, fez um desabafo: “são 18 anos aqui. Tem dias que a gente não consegue sequer folgar. O nível de tensão é muito grande”, disse o agente que mesmo jovem apresenta, assim como vários outros um cansaço marcado no semblante com olheiras e cabelos brancos. O salário de um agente penal que, pela lei, trabalha 24 horas e folga 72 horas, é próximo de R$ 700,00. “Aqui tem gente com tuberculose e até com a hérnia estourada. É essa sujeira e o pior quando a Polícia entra aqui quebra todo mundo no pau”, elencou mais estes problemas um dos detentos do pavilhão 2.
Fonte:Campo Grande News